Reconsiliação

1K 168 13
                                    

Caída na batente da porta, esperando que aquele barulho horrível da chaleira acordasse a bela mulher, parecia que o tempo se diminuía, passando mais rápido, e nesse tempo a esperança de que ela acordaria naquele dia diminuía cada vez mais.

Eu só precisava que ela abrisse os olhos, e então eu poderia ir, só queria ter a confirmação de que estaria bem, segura, acima de tudo, viva.

Uma mão tocou meu ombro e eu me levantei, cara a cara com Jhon.

- Sabe que não precisa ir não sabe? - Sorri para o homem mais velho e voltei a brincar com a maçã verde em minhas mãos.

- Ela deixou bem claro que não queria me ver, aquela, aquela mulher, ela me prometeu, se eu tivesse ido ver ela antes poderia ter impedido tudo isso, e quando ela souber, não irá me perdoar - Abaixei meus olhos para minha mão, eu poderia ter impedido não poderia?.

- Fique aqui, quero contar a ela, de alguma forma eu sei que vai conseguir o que ninguém conseguiu depois que Cruella apareceu. Confio em você criança, agora vá descansar - Ele deu alguns tapas fracos em minhas costas me encorajando a ir descansar.

Atravessei a sala indo para aquela sacada, a tv desligada, sem jornais, mas a fumaça que subia não muito afastado dali, provava que já haviam descoberto, que tipo de comentários fariam? Bons? Ruins? Homenagens? Não fazia a mínima idéia, ela era boa estilista mas, não sei se para os outros foi uma boa pessoa. Para Joel, para Horácio, cada um deles... Da mesma forma que eu não fui boa para ela.

Me escorei naquele muro enquanto ouvia murmurios perto, achei serem da rua, mas ao ouvir um forte baque minha atenção correu para a sala, o sofá vazio.

Corri para lá novamente vendo Jhon apontar para a saída, agradeci logo abrindo a porta para o corredor, me virei descendo as escadas perto da recepção, rápido o suficiente para ver Cruella roubando uma moto e seguindo seu rumo.

Segurei o riso pela reação do carteiro e logo comecei a correr atrás dela, meus pés ainda descalços, por sorte não pisando em um caco de vidro ou coisa pior.

Eu ultrapassava as ruas com facilidade, o horário e as novas notícias deixando as ruas fracas, igual ao seu movimento, me permitindo atravessar a rua para a direção de onde ela havia sumido de minha vista.

Comecei a parar ao ver o local, a fonte de água. Ela jogou a moto para o lado cambaleando até estar próxima da fonte, conversando com ela. Me aproximei curiosa sobre o que ela tanto falava.

(Narrador)

- Eu tentei, eu juro que eu tentei porque... Eu amava você - Sua voz falhava diversas vezes, perdendo o ar que ela deveria ter, provando a S/n que a garota se impedia de chorar - O problema é que, não, sou a doce Stella, e eu tentei muito, eu nunca fui - Voltou a se aproximar lentamente, como se estivesse simplismente andando,  seus pés descalços impedindo que qualquer barulho a chamasse atenção - Meu nome é Cruella, muito brilhante, um pouco má, e só um pouquinho maluca - Ela riu fraco, seu corpo tremeu e se pode a ouvi fungar - Mamãe, mamãe, não me alertou dos perigos da vida -S/n parou, atrás dela, olhando aquela pequena interação com o... Nada - Não me alertou sobre nada, seja uma boa garota, sociável, mas, não me avisou sobre o que poderia acontecer com isso aqui - Sua mão parou acima de seu peito, apertando levemente a sua roupa, seu coração parecia bater contra sua pele com extrema força, lhe impedindo de respirar - Não me avisou que eu iria pensar em desistir de tudo por causa disso aqui, não me avisou que eu poderia ceder, que eu poderia até, agir como a Stella agia, por causa disso aqui - Ela mexeu em seu bolso e retirou uma maçã, vermelha, parecia nova, menos o escrito em sua frente - Aquela maldita, você teria gostado dela... Da mesma forma que eu gostei - Cruella suspirou secando suas lágrimas - "SDPFNPPOF", até hoje não faço a mínima ideia de que merda isso siginifica.

*

- Sai do passado, foque no presente, e planeje o futuro.

*

- E mesmo se eu soubesse, não poderia perdoar ela.

*

- Olha, não importa se a Cruella gosta de ser má, se quer fazer mal a algo ou a alguém, eu preciso que olhe nos meus olhos - S/n firmou suas mãos no rosto de Cruella, lhe permitindo ter as orbes verdes em sua direção - Preciso que a Cruella, os dois lados dela, o que bate, xinga, desenha e faz piadas sarcásticas, o que chora, sorri, me pede para ensinar a dançar. Preciso que esses dois lados confiem em mim, porque eu nunca, jamais, vou te trair.

*

- Você havia prometido também mamãe, que, tudo ficaria bem, parece que vocês duas mentiram para mim - Cruella começou a se afastar lentamente - Mas, eu te amo, de verdade - Ao se virar, seu corpo bateu com o de alguém - Porra que merda!.

- Olha a boca! Que feio em - Seus olhos se levantaram, a dona da voz ali, seu rosto livre de máscaras, livre de mentiras, somente ela e ela - Xingar é feio sabia?.

- Você... - Sussurrou de forma intorpecida.

- Eu, eu acho pelo menos não sei talvez não seja, pode ser alucinação da minha cabeça ou coisa do tipo depende do que vo - Antes que pudesse voltar a falar e terminar sua "teoria" sentiu o corpo de Cruella se jogar contra o seu, a pesando pra trás, os braços lhe apertando com força, sua cabeça encaixada em seu ombro. S/n voltou a realidade ouvindo os baixos murmurios.

- Você.

- Sou eu pequena ladra, em carne, osso, pés fudidos, fedendo a fogo mas, sou eu, mais real do que nunca - Afastou a mulher de si secando as lágrimas de sua bochecha com cuidado e carinho - Me perdoe.

- Jhon me contou, você não tinha opções, mas ainda sim foi uma traidora - Cruella socou o ombro de S/n a fazendo gemer de dor - Uma idiota, traidora.

- Que você confessou amar - Os ombros de Cruella se levantaram, seu corpo tenso, a havia ouvido. O medo lhe preencheu enquanto a garota se aproximava - Eu também te amo, minha ladra de cabelos vermelhos.

- Ama? - Perguntou desconfiada.

- Claro, você é uma amiga e tanto - S/n selou seus lábios na testa de Cruella, a vendo olha-la, seus olhos confusos - Joel e Horácio foram presos, se você aceitar a minha ajuda eu acho que, talvez isso de certo - Não recebendo um resposta, S/n estralou seus dedos impaciente na frente dos olhos verdes.

- Por serem meus amigos, somente por isso - Cruella se negou a aceitar a forma como seu coração se acelerou ao ver um belo sorriso preencher os lábios marcados de S/n, assim a ultrapassando indo atrás de seu plano, talvez aquilo fosse o início de uma reconsiliação, ou o início de uma confusão de sentimentos.

Preto no Branco (Cruella x You)Onde histórias criam vida. Descubra agora