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Acordo ao ouvir o comboio passar perto de casa. Odeio acordar devido a certos ruídos, isso irrita-me profundamente e, o pior de tudo, é que eu acordo até por barulhos que nem são audíveis pelo ser humano. Estico agora o braço para alcançar o relógio que se encontrava pousado em cima da minha mesa-de-cabeceira e aproximo-o da minha visão, dando-me assim a capacidade de observar a direcção dos ponteiros. O maior marca o número 6, logo passam-se trinta minutos das 4 horas, que é para onde o ponteiro menor aponta. É assim tão cedo? Julgava que fossem 10 ou 11 da manhã, mas é raro o dia em que acordo tarde devido ao meu transtorno do sono.

Sei que não vou conseguir voltar a dormir e, como não pude trazer a minha televisão antiga para aqui, não há nada que eu possa fazer. Apenas uma coisa me vem à cabeça: tatuagens. Empurro os lençóis pesados que me tapavam à pouco e levanto-me sem sequer me espreguiçar. Dirijo-me até ao armário, que é onde eu escondo e guardo as minhas tintas e o resto do material necessário para fazer uma tatuagem.

Estou realmente apaixonada por aquela tatuagem que era meio tribal, meio floral, e como me prometera a mim mesma, vou tatuar uma igual, ou pelo menos tentar.

Pouso o frasco em cima da minha secretária e enrolo a corda para a agarrar ao frasco, absorvendo também a tinta. Levanto a manga do meu casaco - pois nem o pijama tive vontade de vestir - e começo por desenhar variados arcos em círculo, formando assim a primeira flor. Dentro dessa mesma flor, desenhei uma da mesma espécie. No centro desenhei várias pintinhas e uns riscos para fazer sobressair a flor central. Para finalizar, desenhei mais flores ainda, desta vez cada uma de um género diferente, e fui adicionando detalhes para não as deixar tão simples. Aponto agora a lâmpada para a minha nova tatuagem e comparo-a à de Zayn. Não acredito que ele vá gostar da ideia de termos uma tatuagem igual, mas eu realmente gostei daquela pequena obra de arte que mais posso chamar de masterpiece.

Acabo de arrumar os frascos de tinta e o resto do material e vejo agora que são quase 6 da manhã. Continuo sem nada para fazer, quer dizer, podia tentar voltar a adormecer, mas é muito provável que isso não vá acontecer. O que eu queria mesmo era poder ir dar uma volta pela rua e apanhar um bocado de ar livre... Não é que algo me impeça, é só que eu não conheço muito bem a zona, e como eu gosto de ir longe, é melhor não arriscar por enquanto.

O tédio acaba por me dominar e eu não evito em sair do quarto para me dirigir à sala, onde sei que tenho uma televisão. Estendo-me no sofá, agarrando no comando e acendo a televisão no canal da MTV Portugal, onde por acaso está a dar o episódio de Faking It que perdi há uns dias. Adoro esta série e a maneira desajeitada, mas engraçada da Karma se expressar. Concentro-me agora no episódio enquanto acaricio o gato europeu comum da minha prima.

[...]

Holly: Err... Estás bem? Não sei se tens plena noção das horas que são - assusta-me com a sua entrada inesperada na sala.

Olho para ela, mostrando uma margem de dúvida.

Holly: Ainda não passam das 7 da manhã! - informa-me.

Eu: E? - não entendo porque está tão incomodada.

Holly: Devias estar a dormir, jovem! - rolo-lhe os olhos.

Volto a pousar a cabeça na almofada e ignoro-a. Volto a concentrar-me na televisão e reparo agora que perdi o final do último episódio estreado de Faking It, graças à minha prima. Bem, agora terei de esperar até a próxima segunda-feira! Começa agora o programa Wake Up que são basicamente algumas músicas de que gosto mais, outras que gosto menos a passarem, mostrando também o videoclip de cada uma.

A minha prima chega agora com uma caneca cheia de leite e dois pacotes de bolachas, oferecendo-me um deles, mas eu rejeito, pois a minha vontade de comer é pouca e ainda me dói o estômago devido à brincadeira de mau gosto de ontem à noite. Ainda sinto uma ligeira vontade vomitar, mas tento aguentar-me ao máximo.

Holly: Então, priminha, conta lá como é que te correu a noite - distraio-me ao ouvir a sua pergunta.

Eu: Aprofundei o meu ódio a festas - afirmo sem evitar.

Holly: Pensei que até tinha corrido melhor do que a minha... - goza comigo.

Eu: Do que estás a falar? - sinto-me confusa, pois realmente não sei que tipo de informação ela está a tentar arrancar de mim.

Holly: Tu e o Zayn deram-se muito bem... - revela um sorriso cínico e faz-me rolar-lhe os olhos.

Eu: Sim, ele pareceu-me simpático - sou honesta, mas baixo o meu tom de voz.

Holly: Muito bem até. Não esperei que conseguisses conquistar um rapaz daquela categoria?

Eu: Conquistar?! Ahn?

Holly: Sim, priminha, e tu também foste conquistada.

Tapo agora a cara com a almofada onde estava de cabeça pousada, fazendo de tudo para a deixar de ouvir.

Holly: Não tentes disfarçar, priminha, eu vi-vos bem próximos um do outro. Vocês até têm química, sabes? - faz uma pequena pausa antes de começar a falar novamente - Já agora, conseguiste o número dele?

Assinto negativamente com a cabeça e respiro fundo, pois é necessário muita paciência para aturar esta rapariga.

Holly: Ai, ai... Estás a falhar, priminha. Por acaso acho que tenho, deixa-me ver.

Vejo-a levantar-se do sofá e ir até ao seu quarto para provavelmente pegar o seu telemóvel. Rezo para que ela não tenha, pois provavelmente ela vai obrigar-me a sair com ele e eu não quero.

Holly: Deixa-me ver... - rola o dedo sobre o ecrã táctil do seu telemóvel - Wilson R... Wilson T... Yoshikawa... Nem tenho contactos no Z, como é possível?!

Eu: Yessss - festejo apenas comigo e a minha prima olha para mim como se eu fosse uma anormal.

Assim que acaba de comer, vai até à cozinha para deixar lá o copo que acabara de usar e deitar o pacote das bolachas ao lixo. Entretanto, oiço o seu telemóvel tocar, o que me irrita profundamente porque ela está sempre a receber mensagens e faz questão te ter aquele toque irritante.

Holly: Hey, Naomi? - olha para ela - A Kelly está a convidar-me para ir hoje à tarde com ela ao shopping, queres vir connosco?

Encolho os ombros. A vontade não é muita, mas também não tenho muito para fazer aqui em casa.

Holly: Vou tomar isso como um sim - sorri-me e dirige-se para o seu quarto.

________ // ________

Vejo que o último capítulo que postei teve sucesso, até demais. Deixem-me contar: eu fechei tantas vezes o word para escondê-lo da minha irmã e da minha mãe, e depois simplesmente ria-me. E quando acabei de ler, lei-o não sei quantas vezes. Acho que não ficou mau de todo, certo? Eu própria gostei do que escrevi, impressionante.

Palminhas para mim agora WOHOO brincs, odeio ser convencida. Mas eu vos amo, sim? Sim, bjo :*

TATTOOS | z.m.Onde histórias criam vida. Descubra agora