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A Holly decide ir para o centro comercial mais cedo, pois há por lá uma pastelaria qualquer que ela diz que ama cada bolo que eles fazem e ela quer passar por lá comigo para me dar a provar um dos seus bolos preferidos.

Holly: Tenho quase a certeza que vais adorar os croissants de chocolate deles, são únicos e simplesmente deliciosos - até fecha os olhos com este pequeno discurso, provavelmente a imaginá-los na sua boca, mas a mim não me dão assim tanta fome.

Finalmente o autocarro pára mesmo à frente do tal centro comercial a que ela me quer levar e ela puxa-me pelo braço para sair, pois eu estava distraída a olhar pela janela.

Holly: Vês? É aquela ali à frente - aponta.

Eu: Cheira bem - até me faz crescer um sorrisinho na cara.

Holly: Não vais querer outra coisa quando provares qualquer coisa dali - sorri juntamente comigo.

Bem, eu não sou uma pessoa que coma muito, mas sim, o cheiro que esta pastelaria dá é muito bom e até que me dá uma certa fome. Ao aproximarmo-nos dela, vejo cada bolo e pastel exposto numa montra e a água começa-me a vir à boca.

Holly: Qual queres? - procuro por um que tenha o melhor aspeto, o que é difícil, porque, na verdade, todos têm - Este? - aponta para um bolo qualquer que parece ser de chocolate - Ou este? - Aponta para outro que também é de chocolate e forma um caracol com pepitas coloridas.

Eu: Esse mesmo - ela pede-o por mim e escolhe o seu.

Pego agora nele e sigo-a até à mesa que ela escolhe para nos sentarmos. Dou a primeira dentada e não nego: são realmente deliciosos.

Holly: É bom, não é?

Eu: Sim, nada mau - simplesmente digo, pois estava convencida de que ela estava a exagerar.

Holly: Ai, Naomi - dá-me um pontapé por debaixo da mesa - Arrebita, rapariga!

Eu: O que queres agora? - rolo os olhos.

Holly: Porque é que falas tão pouco? - encolho os ombros - Quer dizer, és tão sequinha - franze o nariz - De certeza que não vais para a escola e ficar sempre no teu canto, pois não? - arregala os olhos - Eu não quero ser conhecida como a vampira!

Eu: Vampira?! - ergo uma sobrancelha.

Holly: Sim, é o que tu pareces! Para além de estares sempre vestida de preto e teres essas tatuagens todas, - aponta para elas - és muito calada - desvio agora o meu olhar dela, passando a ignorá-la - Não vais ficar aí especada a olhar para o além, pois não?

Dou mais uma dentada no bolo, continuando a desprezá-la. Porque é que ela me chateia tanto com isto? Porque é que ela quer tanto que eu seja como ela? Ela bem sabe que eu sempre fui assim, porque é que havia de mudar agora? Agora é tarde demais, e eu, de certa forma, gosto da minha maneira de ser. Nunca arranjo problemas e passo despercebida em todo o lado, o que é bom, pois não dá o direito a ninguém de me julgar.

Holly: Assim não vais longe.

Eu sei que ela gosta de me irritar, daí vir com esta conversa do nada.

Holly: Ouve uma coisa: enquanto estás de pés postos neste planeta, tens duas opções: viver ou existir, e tu não estás a fazer nem uma coisa nem outra!

Não a suporto mais. A fúria espalha-se pelo meu corpo, não me dando opção de me conter, o que me faz num movimento brusco atirar o bolo que tenho na minha mão à cara dela e levantar-me da cadeira, saindo de perto dela. Ela simplesmente irrita-me. Sei que ela quer que eu seja como ela: social e namoradeira. Mas eu sou como sou, e não vou mudar porque a estúpida da minha prima quer.

TATTOOS | z.m.Onde histórias criam vida. Descubra agora