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Assim que Andrew arruma o material no saco que trouxe, sai após despedir-se de nós. Uma amostra de pomada é deixada em cima da mesa e estico o braço para alcançá-la. Giro o a tampa e espremo o tubo, espalhando um pouco de pomada ao longo dos meus dedos. Passo-a em cima da sua mais recente tatuagem: o pequeno morcego, massajando. Oiço-o gemer de dor e instantaneamente afasto a mão.

"Posso?" Pergunto num tom de voz carinhosa, com medo de o magoar.

O mesmo apenas assente, olhando-me nos olhos.

Volto a massajar a sua pele com o máximo de cuidado, mas mesmo assim reparo que ele tranca os olhos, provavelmente numa tentativa de afastar a possível dor.

"Está bom assim?" Pergunto ao segurar e levar o seu pulso para mais perto de si.

"Muito melhor." Afirma ao encostar a sua cabeça no tipo da cadeira, suspirando de alívio. "Gostas?" Ele enrola o braço à volta da minha cintura, permitindo-me dar uma vista de olhos de mais perto.

Simplesmente assinto. Realmente gosto da tatuagem e não nego que fica melhor em si do que em mim.

"Já estava para fazê-la há mais tempo, mas quando vi que também tinhas uma do género não evitei em fazê-la." Sorri-me ao declarar.

"Eu gosto." Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e acabo por responder à sua pergunta.

O seu sorriso cresce e eu não deixo de apreciar. Com o medo de corar, quebro o contacto visual.

"Fico feliz por gostares."

Volto a fixar o olhar na mesma e ao mesmo tempo brinco com os seus dedos que ainda seguram a minha cintura.

Ao desviar o olhar e reparar no meu relógio, lembro-me que havia perdido noção do tempo e que eu já devia ter aparecido em casa há algumas horas.

"Hey..." Afasto com cuidado o seu braço que me prende. "Eu não devia estar aqui."

"Eu levo-te a casa."

O moreno ajuda-me a levantar e antes de sairmos pela grande porta da garagem, o mesmo dirige-se a um cabide, escolhendo um casaco aleatório e ajuda-me a vesti-lo. Agradeço, apesar de não ser necessário. Não o censuro por não o reconhecer.

Dirigimo-nos em conjunto até à viatura onde ele entra pela porta do conduto e eu, obviamente, pela do passageiro.

À medida que ele conduz, observo a escuridão vinda do lado de lá da janela. Não nego: eu gosto dela. Por lá não encontro ninguém sem ser eu própria. Apenas o vento, se ele me quiser acompanhar.

"Hey," O silêncio é quebrado e eu sou chamada à atenção. "queres um snack?"

"Não, deixa estar."

"De certeza" Insiste.

Limito-me a assentir na sua direção.

"E uma pastilha?"

"Nada." Acabo dizendo.

"Só queria ter a certeza de que estás sem fome." Afirma uns instantes depois, num tom de sussurro.

Solto um apequena risada pelo facto de ele tanto se preocupar comigo, pois não é algo a que estou acostumada.

O resto do caminho até ao apartamento onde fui instalada é feito em silêncio e noto que de 5 em 5 minutos ele desconcentrava-se da sua condução para olhar na minha direção. Não entendo o que o deixa tão preocupado comigo.

"É aqui?"

Desaperto o cinto e seguidamente assinto na sua como resposta.

Assim que saio do carro, o mesmo segue-me até meio trajeto para a porta que dá entrada ao apartamento.

"Não me vais agradecer por te ter trazido a casa?" Levanta uma sobrancelha como se estranhasse algo.

"Oh, claro..." Volto-me para trás, encarando-o. "Obrigada." Digo no meu tom mais envergonhado, agarrando e apertando as minhas mãos.

O rapaz tapado pela escuridão solta uma ligeira gargalhada, provavelmente por me estar a mostrar tão envergonhada. O mesmo não evita em afagar os cabelos que me escondem a cara, deixando um beijo de despedida na testa.

"Boa noite, pequena." Mostra-me o seu sorriso mais perfeito e vira costas, dirigindo-se até ao seu automóvel.

"Boa noite."

TATTOOS | z.m.Onde histórias criam vida. Descubra agora