A mala tem um tom de bege por dentro que contrasta com o azul de fora. Tudo está coberto com um papel fino preto com uma carta em cima. Quando seguro a carta com minhas mãos eu sinto um arrepio, como se uma corrente elétrica percorrendo meu corpo. Eu sinto o cheiro dela naquela carta, mas não como num vidro de perfume, o cheiro dela. De como o perfume ficava na pele dela, era o cheiro do abraço dela. Eu consigo sentir seu amor transparecer, eu consigo sentir os beijos em minha testa e a mão deslizando pelo meu cabelo. Se tornou impossível, segurar minhas lágrimas. Minha mãe é uma mulher muito doce e gentil, delicada e vaidosa e totalmente amável, minha mãe é... Minha mãe era...
Fecho a mala e coloco-a embaixo da minha cama. Não posso continuar com isso hoje, não tenho forças pra reviver as poucas memórias que tenho com ela. E principalmente neste estado em que estou, com tantas lágrimas, com tanto amor, mas completamente sem forças. Respiro fundo e me deito para dormir. Amanhã talvez haja eu seja mais corajosa, amanhã talvez o brilho do sol me dê a força necessária ou talvez seja apenas, quando este brilho refletir na lua, que eu novamente me encontre neste pequeno mundo, que foi descoberto quando eu abri aquela mala. Seja como for não será hoje. Então por hora, melhor ir dormir.
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o meu terceiro ano
Storie d'amoreMinha vida sempre foi um saco, até chegar o terceiro ano eu decidi que bastava de toda aquela chatice, precisava de animação. E qual hora é melhor pra isso do que o terceiro ano.