POR TRÁS DA CAPA

Prólogo

Durante um exame de rotina, Patrícia se defronta com uma infeliz notícia: teria sido diagnosticada com câncer de mama.

Apesar de tentar prosseguir com a rotina, o fato de trabalhar diariamente como professora em um setor de estágio supervisionado específico para internações oncológicas, faz do soco no estômago que a vida lhe teria desferido algo ainda mais cruel.

Então, em uma dessas supervisões, ela acaba por conversar com um de seus alunos da graduação de Fisioterapia e desabafa sobre a dificuldade que foi ter sido diagnosticada com um tumor maligno próximo de seu coração.

Mal sabia ela, porém, que a mãe desse aluno também teria tido câncer de mama e que, após meses de tratamentos, felizmente, acabou por ser curada. Por isso, e também para tranquilizar Patrícia, o aluno trocou o contato telefônico das duas, que, horas depois, já estavam conversando sobre a situação.

Patrícia teria ficado feliz – e emocionada – com o carinho do estudante e de sua mãe, em especial porque ela teria lhe dado a confiança necessária para seguir em frente, haja vista que teria reiterado que o câncer de mama, apesar de grave, era uma doença capaz de ser curada.

Assim, em um momento de fé e esperança, Patrícia se dirige a uma igreja e pede pela cura. Poucos minutos antes de sair da capela, ela faz um último pedido: caso ela venha a conseguir superar o câncer, que, até o fim do dia, ela receba um sinal, isto é, que alguém a presenteie com uma flor.

O sol se põe e, por ora, nada.

Contudo, ela ainda não se preocupava, porque esperava que seu filho mais novo, quando ela o fosse buscar na saída da escola, provavelmente, arrancaria qualquer flor ou folha de algum arbusto para entregar-lhe o sinal que tanto desejava.

O sinal soou. O menino correu. E nada da flor.

Patrícia ficou pálida, atônita e desolada – conteve-se para não chorar. Naquele momento, foi capaz apenas de dirigir até sua casa.

Já na garagem do prédio, ao apertar o botão do elevador, começou a encarar a realidade – o sinal que não almejava: a ausência da flor.

Dentro daquela caixa metálica, viu a porta cerrar o espaço como alguém que lhe usurpa a luz.

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