Capítulo 10

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Laura se jogou na cama, exausta, com o livro na mão, a fim de tentar ler

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Laura se jogou na cama, exausta, com o livro na mão, a fim de tentar ler. Trazia o livro para bem perto do rosto e cerrava os olhos, tentando discernir bem as letras. A lupa eletrônica descarregada.

O que era antes um quartinho de bagunça na casa de seus avós já começava a poder ser visto como seu quarto. No canto, um armário amarelo lhe servia de guarda-roupa e alguns dos livros que Alice lhe havia trago se encontravam sobre uma das prateleiras.

A cama que avô Mateo tinha comprado para ela não era grande, mas o colchão novo era confortável e avó Lurdes a havia deixado escolher alguns lençóis e colchas, além de tê-la comprado um travesseiro realmente muito macio. As caixas com quinquilharias que uma vez estiveram ali foram colocadas pra fora e em boa parte foi dada um fim.

Embora começasse a se sentir mais em casa e já nem mesmo tivesse dificuldade de se guiar pelos cômodos, ainda não sentia-se completamente no lugar ali.

Suspirou para os próprios pensamentos, fechando o livro. Sentou-se na cama, alcançou o celular e reviu as mensagens que trocava com Alice. Não se falavam muito desde que veio morar com a avó. Não gostava disso. Sentia falta da presença irritante da irmã a provocando com piadinhas, trazendo salgados, discutindo e fazendo-a passar noites em claro enquanto recitava longas apresentações e trabalhos.

Também sentia falta de cozinhar com a mãe e dos momentos em que seu pai deitava ao seu lado quando estava triste. Respirou fundo, tentando conter a súbita vontade de cair no choro.

Era tanta tristeza e tanta raiva...

***

"Vocês estão indo com calma?"

"Sim, pai." – Giovana sorriu forçadamente no banco do passageiro.

"E está tudo indo bem?"

"Sim, pai."

"E tão se protegendo?"

"Pai!" – rolou os olhos tentando disfarçar a vergonha.

— Só estou dizendo que... É... Você sabe... Relações entre mulheres também têm... a possibilidade, sabe? Infecções e doenças.

— Pai!

— Eu só estou dizendo que, mesmo a chance sendo mais baixa, ainda existe...

— Pai, por favor, o sinal já abriu!

O carro voltou ao silêncio enquanto seu José mantinha sua atenção no trânsito.

"Desculpe." – ele falou após uns instantes. — Você sabe... Suas mães ficam com o trabalho... Helen cuida da sua autoestima e pra você não fazer as dietas doidas da sua mãe. Sua mãe cuida de você manter suas notas e ficar atenta ao trabalho. Não sobra muito pra mim além de chamar sua atenção.

— Não precisa se preocupar com isso.

— Eu me preocupo. E quero que fique bem. E quero que fale comigo também.

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