Capítulo 11

295 65 110
                                    

Laura sempre achou que garçons costumavam lidar com pessoas com deficiência de uma forma

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Laura sempre achou que garçons costumavam lidar com pessoas com deficiência de uma forma... interessante. Normalmente, perguntam ao acompanhante da pessoa o que ela vai querer comer e nem ao menos olham pra ela. Então, não ficou surpresa com a demora para ser atendida, embora com certeza estivesse absurdamente frustrada.

Miguel tirou os pratos de uma das mesas e olhou confuso para as duas garotas.

— Ah, desculpa, vocês já foram atendidas? – questionou.

— Não, ainda não. – Laura suspirou, tamborilando os dedos na mesa. — Vinte minutos de espera e ainda nada.

— É... Só um instante, ok?

— Ok, né. – ela colocou o cabelo para trás da orelha e se voltou para Giovana, que também parecia impaciente.

Miguel forçou um sorriso enquanto voltava para a cozinha deixando os pratos recolhidos sobre a pia.

— Rodrigo, por que ninguém atendeu aquelas duas ainda, caralho? – reclamou, puxando o garçom que atendia aquele salão.

O restaurante especializado em comida árabe, apesar de não ser muito grande, tinha dois salões. E embora o ideal fosse que os quatro garçons se dividissem e ficassem dois em cada, frequentemente Miguel percebia os colegas deixando o segundo salão meio de lado e acabava indo lá para verificar se todos tinham sido atendidos.

— Cara, eu não sei fazer isso aí não!

— Não sabe atender? – Miguel arqueou a sobrancelha angulosa, tentando não revirar os olhos.

— Eu não falo Libras e a outra eu acho que não deve nem conseguir enxergar o cardápio, cara! Quer que eu faça o quê? Milagre?

Miguel mordeu a língua com força e contou mentalmente até dez para manter a calma. "Calma, você precisa desse emprego, você realmente precisa desse emprego..." pensou, tentando se convencer a não falar nenhum palavrão.

— Olha, já que você trabalha com, você sabe, atendimento ao público, que tal procurar um curso gratuito, hein? Só uma dica. – revirou os olhos ao falar. — Eu vou lá atender.

— Você podia pedir pra peguete do seu namorado me ensinar também, né? – Rodrigo provocou, em tom malicioso. — Ela é bem bonita.

— Cê sabe que ela é minha namorada também, né? – suspirou já dando as costas e pegando dois cardápios.

— Será se um a mais vai fazer diferença pra ela então?

Miguel mostrou o dedo do meio para o colega, deixou da cozinha e voltou para o segundo salão. Respirou fundo parase recompor. Queria lidar com aquele tipo de provocações da forma que o namorado lidava. 

Claro, César demorou bastante para aceitar quando se percebeu poliamoroso, mas agora lidava com essas provocações de um jeito tão petulante. Deu um meio sorriso lembrando de quando uma garota havia ameaçado contar para Paula que o namorado a estaria traindo com Miguel. Enquanto Miguel quis xingar a garota pela petulância, César apenas riu e entregou o celular para ela dizendo "Pode contar. O nome dela é Paula, o contato tá salvo como Raio de Sol. Ela é surda, então no seu lugar eu mandaria mensagem." Eram essas pequenas ousadias que faziam com que se apaixonasse mais ainda por César.

Nosso DeslumbreOnde histórias criam vida. Descubra agora