Capítulo Doze

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Xie Lian

Ando distraído pelas ruas da cidade, sem saber o que fazer. Por isso não gosto dos finais de semana, é sempre chato.

Paro em um parque e sorrio sentindo a brisa leve tocando meu rosto. Olho para as pessoas vivendo suas vidas e sorrio. Talvez muitas estejam tristes, mas nesse momento, existem outras pessoas fazendo-as sorrirem. Torço para que sejam sorrisos verdadeiros.

Meu olhar caí em uma pessoa sentanda sozinha perto do lago. Olho com mais atenção e reconheço os cabelos negros. Hua Cheng. Sem pensar ando em sua direção.

— Oi. — Falo dando um sorriso quando o mais velho se assusta e me lança um olhar fulminante.

— Oi. Sabe, não chegue assim do nada. Pode matar alguém do coração. — Reviro os olhos com seu pequeno drama e me sento ao seu lado.

— O que faz aqui sozinho? — Pergunto prestando atenção nos detalhes de seu rosto. Como alguém pode ser tão lindo?

— Nada demais. Estava entediado. — Seu olhar parece triste e isso faz meu peito apertar. Olhos tão lindos não deveriam estar tão sem vida.

— Olha que coincidência, eu também. Podemos fazer alguma coisa, o que acha? — Sua expressão muda e um sorriso (tímido?) surge em seus lábios.

— Claro. O que quer fazer? — Penso um pouco e me levanto o puxando para fazer o mesmo. — Quero ir em um parque de diversões.

Hua Cheng ergue as sombrancelhas, mas não diz nada. Apenas assente. Vamos com seu carro até um parque famoso que tem na cidade.

Não consigo evitar a animação que cresce dentro de mim quando finalmente vemos os brinquedos a nossa frente.

Puxo Hua Cheng para brincar em vários brinquedos e o mais velho apenas me segue, sorrindo da minha animação. Tenho certeza que ele pensa que sou uma criança.

— Em qual brinquedo você quer ir? — Pergunto quando termino meu segundo algodão doce.

— Nele. — Aponta para a montanha-russa enorme a nossa frente. Engulo em seco. Esse negócio pelo menos é seguro? — Está com medo?

Quero dar um soco nele quando noto o tom irônico da pergunta.

— Não estou. — Tento parecer o mais confiante possível. De jeito nenhum deixarei ele pensar que estou morrendo de medo.

— Sabe, eu posso ir sozinho. É rápido.— Fala quando estamos perto daquele monstro gigante. Noto várias meninas encarando o garoto ao meu lado e dando risinhos ridículos.

— Eu vou. — Falo agora determinado o pegando de surpresa. Eu só quero protegê-lo, aquelas garotas parecem meio loucas. Sim, é isso. É só por proteção.

Esperamos alguns minutos na fila e já quero arrancar os olhos daquelas garotas. Nem mesmo pra disfarçar. E o Hua Cheng parece nem ligar para isso. Ele continua conversando comigo como se elas não estivessem ali.

— Xie? — Sinto sua mão tocar de leve no meu ombro e saio dos meus planos de assassinato.

— O que? — Ouço sua risada e ele aponta para frente, mostrando que a fila andou. Dou um sorriso sem graça e dou alguns passos.

— Não tenha medo, eu te protejo. — Ouço sua voz no meu ouvido e cada pelo do meu corpo se arrepia.

— Não preciso de proteção. — Falo rápido, ouvindo sua risada baixa. E céus, não posso explicar o que ela faz comigo.

— Se você diz. — Antes que eu possa responder, nossa vez chega. Hua Cheng passa por mim me puxando para a ponta do carrinho e me dá um sorriso sacana quando se senta. Bastardo.

— Eu vou te matar. — Falo e o vejo dar um sorriso inocente, que me faz querer bei- jogá-lo lá de cima.

Quando o carrinho começa a se mover, sinto meu coração acelerar tanto que penso estar tendo um ataque cardíaco.

Quando chegamos no topo, meu coração já está a mil, mas não posso evitar achar a vista linda, nem vimos o tempo passar, e olhar o sol de pondo aqui de cima é perfeito. Sinto a mão quente segurar a minha e um choque percorre meu corpo, mas não me afasto. Aperto mais forte quando o carrinho desce e fecho os olhos.

E por alguns segundos, sentindo o calor em minhas mãos, não sinto medo. Naqueles poucos segundos, pareço estar voando e não posso evitar o sorriso que nasce em meus lábios.

Quando chegamos ao final, o sorriso ainda está em meu rosto. Olho para o garoto ao meu lado que me fita com os olhos brilhando. Desvio o olhar sentindo meu rosto esquentar.

— Quer ir em mais algum? — Olho ao redor e paro na roda gigante. Sim, nada melhor do que ela para terminar.

— Vamos na roda gigante. — Hua Cheng assente e vamos para a fila, que felizmente está pequena.

Quando chega a nossa vez, Hua Cheng se senta ao meu lado e segura minha mão, me pegando de surpresa. Me viro e vejo o mesmo sorriso inocente.

— Tenho medo de altura. — Cerro os olhos em sua direção, mas deixo nossas mãos juntas. Não posso negar que sentir nossos dedos entrelaçados me deixa com um sentimento muito bom.

Não dizemos nada, apenas olhamos um para o outro, analisando cada expressão, guardando na mente cada detalhe.

— Eu quero te beijar. — Sussurra e abro um sorriso pequeno.

— Eu não estou impedindo, não é?! — Sussurro de volta.

Hua Cheng leva uma mão ao meu rosto fazendo carinho na minha bochecha e a outra para minha cintura, me aproximando mais de si mesmo.

Quando nossas bocas se tocam, meu coração parece querer sair correndo. Envolvo meus braços ao redor do seu pescoço, aprofundando o beijo. Hua Cheng pede passagem e quando nossas línguas se tocam, pareço estar em sonhando.

O beijo é lento, calmo. Como se estivéssemos nos conhecendo, sem pressa. Quando o ar é necessário, nos afastamos com selinhos rápidos.

Junto minha testa a sua e tento acalmar minha respiração. Abro os olhos ainda sem me afastar e encontro seu olhar que parece enxerga além de mim nesse momento.

Nos afastamos quando a roda gigante se move e voltamos para baixo, mas sem tirar os sorrisos bobos do rosto.

— Posso te levar em casa? — O mais velho pergunta e assinto.

Não demoramos a chegar na minha casa e dessa vez, eu queria que demorasse mais. Nos encaramos por vários minutos e não importa quem se aproximou primeiro, nada mais importa quando selamos nossos lábios mais uma vez.

Não teve nenhuma segunda intenção nesse beijo, foi algo quase puro. Apenas porque algo se ascendeu em nós dois essa noite, mesmo não sabendo dizer o que é.

— Boa noite. — Falo contra sua boca.

— Boa noite. — Responde me dando um selinho.

Me afasto e saio do carro, antes que eu desistisse de ir e ficasse ali mesmo. Entro em casa sorrindo que nem aqueles adolescentes que dão seu primeiro beijo e já acham que sabem de tudo.

Toco meus lábios e ainda consigo sentir seu toque. Céus, o que está acontecendo comigo? Eu não sou de beijar as pessoas do nada. Mas, se eu for sincero, seja lá o que esteja acontecendo, eu não ligo nenhum um pouco, se eu puder beija-lo novamente.

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Até o próximo capítulo❤❤

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⏰ Última atualização: Feb 23, 2022 ⏰

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