Rosas Amarelas

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Número de palavras: 5.625

"Tudo o que eu quero pedir
É o que te faça sorrir
É que cultivemos pra sempre essa união
Sigamos sonhando assim
Eu cantarei por você e você por mim"

Londres, 2016.

Nymphadora Tonks bateu a própria cabeça contra o balcão de mogno da sua floricultura e resmungou uma listagem variada de xingamentos de moral duvidosos, considerava-se uma pessoa paciente, mas parecia que alguma figura divina estava colocando toda aquela paciência em análise. Tonks sentia o seu cérebro derreter conforme o barulho da britadeira maculava o solo com cada vez mais rancor e intensidade, queriam construir um prédio ou pretendiam atingir o núcleo do planeta?

Tonks estava mentalmente atormentada após tantas semanas sendo infernizada pelo barulho da nova construção. Como se isso já não fosse ruim o bastante, ela ainda precisava lidar com a poeira levantada pelos caminhões de concreto que corriam pela rua todos os dias, com os trabalhadores inconvenientes, com as máquinas que geravam uma poluição sonora muito além da sanidade e, para completar o seu dramático quadro, ela estava prestes a cometer um crime hediondo contra qualquer advogado que pisasse em sua loja oferecendo a ela uma proposta de venda pelo terreno.

A verdade era cruel, Tonks estava totalmente falida. A concorrência gerada pelos grandes mercados ao redor, que também ofereciam produtos semelhantes aos que ela vendia, era praticamente esmagadora, como ela podia competir com aquele monopólio? Era uma loja pequena, com preços que nem sequer pagavam as contas básicas da florista, era uma empreitada falida, uma triste realidade de muitos pequenos empreendedores que ousavam sonhar em meio ao capitalismo esmagador.

Aquela floricultura era o coração e o orgulho de Nymphadora Tonks, ela levantou sozinha cada canto daquela estrutura com o próprio esforço e trabalho. Ela não pensava em vender a loja e muito conseguia simpatizar com a ideia de um dia ver todas aquelas estruturas fundidas a um prédio frívolo e sem valor. Ela não conseguiria aceitar aquela tragédia praticamente anunciada em sua história fracassada como uma mulher de negócios, ela simplesmente não aceitava.

Um suspiro cansado escapou pelos lábios da Tonks que começava a ser acometida por uma intensa enxaqueca, estava cansada, tensa e não conseguia acreditar que tinha fracassado com aquele sonho. No fundo, o erro não era exclusivamente da sua má administração, eram fatores, somatórias que resultaram no seu fracasso, mas, apesar dela entender o cenário caótico que a abraçava, ainda era difícil digerir o fim de tantos anos de esforços infrutíferos. Ela dedicou 8 anos a manter aquele negócio em constante funcionamento e o que tinha adquirido ao fim de tanto esforço? Dívidas e desânimo.

A rosada encarou a sua pequena loja decorada com os mais diferentes tipos de plantas e se lembrou do dia em que efetivou a compra do terreno, ela estava tão feliz, tinha tantos planos que agora se acumulavam em uma lixeira na sua mente. Como chegou naquele ponto tão miserável? Sem dinheiro, ela foi despejada de onde morava por atraso no aluguel mensal e precisou voltar para o seio de seus pais como uma fracassada, dependia deles para absolutamente tudo, até mesmo para comprar a passagem de metrô já que o carro foi o primeiro item fútil vendido para pagar as contas da loja. 

O sino da porta principal soou para alegria da florista, mas de lá surgiu uma figura engravatada com ar burocrático e uma bolsa-carteiro de cor preta, era mais um advogado para a listagem da semana. Céus, aquela construtura não aceitava um "Não" repetido trilhões de vezes?

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