Anêmona

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Números de palavras 6.458

Londres, 2016.

Quando o horário da tal despedida de solteiro se aproximou, a florista resolveu se animar na esperança de conseguir ao menos aproveitar um pouco daquele evento caríssimo. Tomou um banho demorado, vestiu uma calça preta de couro sintético, uma blusa de botões vermelha aberta de forma sugestiva e prendeu os seus cabelos em um coque que destacava o seu pescoço desnudo.

— Não ficou tão ruim — elogiou o seu próprio reflexo através do espelho. Estava pronta, mas ela não iria a nenhum lugar sem antes saber se Remus havia analisado os papéis roubados horas mais cedo.

A florista bateu na porta do advogado que, em pouco segundos, foi aberta revelando um Remus extremamente atraente. O homem usava uma blusa preta social que contrastava com a sua pele agora um pouco avermelhada devido à exposição ao sol, um blazer marrom escuro harmonizava bem com o tom de seus cabelos e o seu cheiro de erva-doce estava infinitamente mais forte e sexy do que antes.

A rosada passeou seus olhos sem pudor algum pelo corpo do Lupin e suspirou confirmando o quão fisicamente atraída estava por aquele homem. Céus, ela o queria, a sensação de ter as mãos dele sobre seu corpo era indescritível, a urgência que a consumia por querer sentir o calor dele era alucinante e Tonks teve a certeza de que adoraria ver aquele homem, sempre tão correto, perder o controle como um animal. Ele tinha um lado assim? Um lado fogoso de amante incorrigível que podia fazer de suas noites as mais sublimes e selvagens? Ela queria uma resposta.

Sem perceber quando começou a desejar Remus naquela porta, ela se deu conta de que, naquela estranha relação, existia muito mais do que efêmeros prazeres físicos. A conexão não foi instantânea, mas precisaram de apenas uma única noite de convívio para criarem um vínculo intenso de amizade, eles não precisaram se esforçar para chegarem no ponto em que estavam, foi tão fácil e natural que Tonks se repreendeu por não ter notado aquilo antes. Nada com Remus era raso como Tonks imaginava.

O desejou na praia, a imagem de Remus seminu ainda estava visceralmente viva em seu cérebro deixando bem claro o lado sensual da relação, mas ela não achou que algo a mais poderia existir, algo infinitamente mais íntimo do que o próprio sexo, algo abstrato, mas que, mesmo sem forma, os conectavam.

— Ah, eu... — ela ainda sabia o alfabeto, mas a sua mente estava embaralhada demais para unificar as letras em palavras.

— Eu ainda não terminei, mas eu fotografei as páginas para ler durante a festa — sorriu tentando adivinhar as coisas que se passavam na cabeça dela que justificassem as suas bochechas tão coradas. Estaria ela pensando o mesmo que ele? Na dúvida, era melhor permanecer indiferente apesar da insistência que seus olhos tinham em cometer o mais elevado grau de traição ao caírem sobre o decote da mulher. Céus, por que ele sentia tanta vontade de tocar naquela região?

— Ah, legal... roupa essa ficou bonita você — respirou fundo se repreendendo por aquele erro comunicativo. Ela tinha se esquecido até como organizar uma frase completa? — Essa roupa ficou bonita em você. Eu acho que vou... indo, me conta o que descobriu mais tarde — acenou com a cabeça e, sem permitir que Remus Lupin dissesse alguma coisa, saiu andando em direção ao evento. Seu coração palpitava, seus lábios estavam secos, suas mãos estavam inquietas e seus passos estranhamente largos demais dando a impressão de que ela estava fugindo de alguém nos corredores.

A tal despedida de solteiro não poderia ter sido mais entediante, talvez tivesse criado muita expectativa em cima da festa ou realmente foi decepcionante de maneira geral e democrática. Não tinha música alta, não havia garçons sem camisa, não tinha piadas sexuais extremamente explícitas, não tinha nada além de um bando de mulheres reunidas em uma mesa conversando sobre casamentos e planos para o futuro. Que raios de despedida era aquela?

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