o1. I need to be alone

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O vento frio adentrava a janela aberta do quarto; as cortinas dançavam uma sincronizada sintonia, enquanto a única luz presente era a claridade da lua, que apesar de opaca, tampada pelas nuvens pesadas da chuva que estava por vir, ainda iluminava o quarto. Talvez não por um todo, mas uma grande parte.

Tudo estava em seu devido lugar de origem, talvez em uma organização até fora do normal; nada poderia estar fora do local correto. Mas o garoto encolhido na cama, sobre as grossas colchas de algodão, se sentia deslocado. Talvez ele fosse a peça fora do lugar ali.

Grossas camadas de lágrimas já estavam secas sobre seu rosto, as bochechas e a ponta do nariz rosadas por conta do choro e do frio. Há mais de duas horas esperava que seu namorado chegasse, tinha coisas a lhe dizer.

O único problema era que ele já sabia que o namorado não chegaria tão cedo. Também sabia que a esse momento, ele deveria estar afundando seu corpo em prazer com uma outra pessoa que não era ele.

Louis se auto rotulava uma pessoa com vários defeitos, mas burro não estava entre eles. Ele tinha total consciência do que seu tão amado namorado fazia todas as noites, desde a primeira vez que o mesmo chegara em casa cheirando a bebida e uma doce colônia femina.

Desde então o casal não se tocava mais. Não havia beijos, carinhos ou muito menos olhares. Um bom dia era o máximo que desejavam um ao outro durante a manhã.

Não que o sentimento de Louis tivesse diminuído, na verdade aumentava a cada dia, e doía cada vez mais ver a que ponto seu relacionamento havia chegado. Mas ele estava disposto a acabar com tudo isso.

Depois de mais uma hora de tortura com o vento abanando as cortinas de seu quarto, o barulho da porta no andar de baixo sendo destrancada foi ouvido. Ele havia chegado.

Louis largou as colchas sobre a cama e limpou suas bochechas com o polegar, logo coçando os olhos para evitar que mais lágrimas caíssem. Levantou em silêncio e abraçou o próprio corpo para amenizar a diferença de temperatura entre debaixo das cobertas e fora delas. Em passos estreitos caminhou até a escada, descendo degrau por degrau, pensando no que poderia dizer.

A situação degradante de seu namorado lhe dava um aperto no peito; o cheiro de bebida era perceptível de longe e o rapaz chegava a trocar os pés.

- A que ponto chegamos. - Murmurou Louis, fazendo com que o rapaz virasse sua atenção para ele.

- Louis, você por aqui. - A fala do garoto era embolada, quase indescritível, e a cada palavra soltava uma risadinha.

- Não sei se você se lembra, mas eu também moro aqui. - Louis disse, apertando ainda mais os braços em torno do próprio corpo.

- É, talvez eu tenha me esquecido. - Mais uma risadinha.

O pior disso tudo, era que a cada risadinha, Louis sentia como se tudo em si revirasse mais ainda, um aperto em seu coração cada vez mais machucado.

- Harry, temos que conversar. - Juntou toda sua coragem interior para pronunciar as palavras precisas.

- Não pode ser em outro momento? Preciso de dormir e dormir e dormir. - Divagava enquanto trocava os pés a caminho da cozinha. Os móveis sendo quem lhe ajudavam a se manter de pé.

- Não, tem que ser agora. - Louis ainda tentava parecer determinado e corajoso, mas tudo que ele queria era seu antigo namorado de volta. Aquele que lhe ofereceria o ombro para que chorasse e estaria ao seu lado a todo momento. Seria pedir muito?

- Ótimo. - O rapaz mais alto disse simplesmente, enquanto bebia o terceiro copo de água seguido.

Talvez para não dar ressaca no dia seguinte, pensava Louis.

- Fale logo. Não temos a noite toda. - Harry foi direto, fazendo Louis se encolher ainda mais sobre seus braços, se é que era possível.

- Eu estive fazendo umas consultas esses dias... - Louis murmurou de cabeça baixa, sem ter coragem de olhar para Harry. - Eu estou com câncer, Harry.

O garoto mais baixo se assustou ao sentir os respingos de água em suas pernas descobertas, e o barulho irritante do vidro se quebrando. Virou seu olhar para Harry, que por sua vez, encontrava-se estático olhando para o garoto mais baixo.

- Você não sabe o que está dizendo. - Harry disse depois de longos desconfortáveis segundos, um sorriso amarelo brincando em seus lábios, e Louis pôde ouvir pela primeira vez em meses uma emoção na voz do garoto. Medo.

- Hepatocarcinoma, ou Câncer no Fígado se preferir. Tive sorte ao descobrir ainda cedo, tenho 48% de chance de cura. Irei começar a quimioterapia amanhã durante a tarde, serão oito sessões, quatro vermelhas e quatro brancas. Não que você se importe com isso. - A coragem de Louis com toda certeza havia transbordado de todo o limite que ele compusera em si mesmo, mas havia sido bom dizer tudo aquilo, se sentia mais aliviado.

Ao olhar para Harry e ver como o garoto se encontrava, era como se o fragilizasse novamente. Harry olhava para para os cacos de vidros espalhados pelo chão, e movia sua cabeça de um lado para o outro sem parar.

- C-Câncer... - Murmurou, e pela primeira vez em tanto tempo, olhou nos olhos de Louis, que se assustou com o mais novo; seus olhos estavam marejados.

- Harry... - Louis tentou se aproximar, mas parou assim que pisou em um dos cacos de vidros, sentindo a picada em seu pé. - Awe. - Resmungou.

- Vá para cima. - Harry disse, agora seu tom era firme, e não tão embolado como antes. Se abaixou e começou a catar os cacos de vidros, jogando-os na cestinha de lixo ao seu lado.

- Deixe que eu te ajude. - Louis disse e quase como reflexo já ia se abaixando, mas Harry o impediu.

- NÃO. - Disse em um quase grito, podia-se considerar um certo desespero em seu tom. - Vá para cima. - Voltou a catar os cacos.

- Mas Har-

- LOUIS, VÁ PARA CIMA. - Agora Harry já havia perdido seu controle, gritava enquanto apertava um dos cacos em sua mão, a dor do vidro perfurando sua pele. - Eu preciso ficar sozinho.



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(Desculpe por qualquer erro ortográfico)

Seja bem vinda a mais uma fanfic minha hehe

Não tenho nada a dizer, apenas que gosto de sofrer.

Até o próximo capítulo?

Amo vocês.

Todo amor, Lou xx

Proofs Of Love ➾ l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora