O que você fez, Ellen?

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Ellen

-Sua burra, idiota! Como não percebeu antes?!- disse furiosa comigo mesma enquanto apertava forte e rápido os botões do elevador.

Era óbvio, estava na cara e só agora eu fui me tocar. Eu estava grávida. Como não percebi antes? Minha menstruação estava atrasada duas semanas e todos esses sintomas...meu Deus. É de Patrick. Eu fiz um filho com ele. Quer dizer, não tem como ser de outro.

-Cristina!- entrei correndo em sua sala assim que saí do elevador. A morena que estava dormindo sobre as pastas levantou o rosto amassado rápido. Se fosse em um dia comum eu brigaria com ela, mas não tinha cabeça pra isso.

-Aí garota, o que...- assim que ela olhou pra mim sua feição brava mudou.- o que aconteceu? Tudo bem?

-Não, eu...eu acho que estou grávida.- me sentei na cadeira a sua frente e senti meu estômago embrulhar, mas não de enjoo e sim de ansiedade e medo.

-Eu te falei. Eu já desconfiava.- suspirou e puxou a gaveta que ficava na sua mesa. Logo, me entregou duas caixinhas na qual peguei.- eu sempre tenho comigo quando desconfio.

-Tá bem. Eu já volto.

Fui no banheiro fazer xixi naqueles palitos de plástico e não demorei a voltar com o resultado para Cristina, que pegou os dois, sorriu e depois me devolveu.

-Duas linhas. Gravidíssima.

-Eu não acredito que fiz isso, Cris.- me sentei novamente na cadeira.- como que eu vou criar uma criança assim? Do nada?

-Calma, calma. Respira, você está muito nervosa.- me entregou um copo da água e se apoiou na mesa.- primeiro: quem é o pai?

-Patrick.

-Jura?

-Sim. Não teve outro.

-Ok. Agora, quando você acha que foi? No Natal?

-Sim, a data bate com o atraso.- suspirei.- não usamos preservativo e eu mal tinha começado a cartela do anticoncepcional, por isso falhou.

-Entendo. E você quer ter essa criança?

Aquela pergunta me atingiu em cheio. Nunca pensei em ser mãe, era algo que não tinha passado pela minha cabeça ainda e eu nem sabia se queria isso. Eu praticamente não tive mãe, então eu não sei ser mãe. Olhei para Cristina que me olhava com um olhar neutro, porém reconfortante.

-Não posso querer. Olha em que situação que ela foi feita, eu e o pai dela não estamos em um relacionamento e estamos no auge das nossas carreiras, onde mal temos tempo para nós mesmos. Não, não posso tê-la.- engoli o choro.

-Ok, El. Tudo bem. Vem cá.- fui envolvida pelos braços de Cristina e desabei no seu colo. Aquilo era a pior situação em que eu já tinha me metido em toda a minha vida, não era um simples erro, era o pior erro de todos. Um que não tem volta, era um erro que qualquer decisão que eu tomasse me acertaria em cheio. Como eu disse, não tinha volta.- você tem que contar pra ele.

-Como assim?- me afastei um pouco dela para olhá-la.

-Pro Patrick. Querendo ou não o filho é dele também. Conta o que decidiu e pede apoio dele, te garanto que ele não negar.

-Mas e se eu não contar?

-Vai se arrepender pro resto da vida pensando no que teria acontecido se tivesse contado.- senti uma pontada de tristeza e verdade em sua voz. Ela já tinha passado por aquilo.

-Está bem. Vou contar. Prometo.

-Boa garota.



~


Assim que cheguei em casa fui correndo para o quarto me atirar na minha cama. Tenho que contar para o Patrick. Como
Eu digo isso? Acho que nunca se está preparada para contar para alguém uma coisa dessas quando não se está esperando um filho. E como que eu conto que decidi não tê-lo? Resolvi mandar uma mensagem para ele.


"Oi, preciso falar com você"

"Oi linda :) pode falar"

"Tem que ser pessoalmente"

"Quer me ligar daqui uma hora? Tenho plantão hoje e amanhã aqui no hospital"

"Ok. Te ligo em uma hora"

"Espero sua ligação PinkPie. Amo você <3"


Aquela última mensagem me deixou com um sorriso bobo e ao mesmo tempo triste. Ele estava tão feliz e entusiasmado de estar comigo, tão empolgado com nós dois...e daqui a uns minutos isso vai acabar. Me corta o coração saber que eu serei a causa do entristecimento dele.

Aquela uma hora passou voando, então me sentei na cama e respirei fundo antes de apertar no botão de chamar.

-Oi!- falou empolgado.- estou aqui no quarto de descanso. Como você está?

-Mais ou menos, Patty.- disse com a voz triste.

-Ei, sua voz está estranha. O que aconteceu?

-É melhor você se sentar.- respirei fundo e senti que engolia uma bola na minha garganta. Eu estava com a barriga doendo de ansiedade.

-É algo sério?- sua voz mudou para um tom preocupado.

-Sim. Bem...se lembra hoje de manhã quando você me trouxe no trabalho? Que me disse que os sintomas que eu tinha eram pré menstruais?

-Hum, lembro. Lembro sim.

-Eu calculei a data do meu ciclo e percebi que eu estou com a menstruação atrasada umas duas semanas.- fiz uma pausa e ele não falou nada, mas ouvia sua respiração ficando mais rápida a cada palavra minha.- Patrick eu estou grávida.

O silêncio se instalou. Ele não falou nada e eu não tinha coragem de dizer mais nada. Minhas mãos suavam a medida que eu ficava cada vez mais nervosa com cada segundo de silêncio.

-É meu?- sua voz falhou.

-Sim. É seu.- então o ouvi desligar.- Patrick?

Aquilo foi o auge pra mim. Ele devia estar tão em choque quanto eu, mais apavorado até. A vida de um médico que está iniciando agora é terrivelmente corrida e cansativa e de repente um filho?

O que você fez, Ellen?



Consegui escrever mais rápido dessa vez 😅🙏🏻

Finalmente o capítulo que todos esperavam, a descoberta da gravidez da El.

O que será que Patrick está pensando?

Obrigada por lerem e beijão 🤍

Grávida do Meu Melhor Amigo Onde histórias criam vida. Descubra agora