Quando o amor acaba

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Ellen

Estou me sentindo mal, péssima pra falar a verdade. Brigar com Patrick é desgastante, e toda vez que brigamos os dois saem muito machucados. Mas o que ele quer que eu faça? Não planejava transar com ele bêbada, também não planejava começar um relacionamento depois de tantos anos de amizade, e muito menos engravidar dele e ser mãe agora. Amo o Ethan demais, é um amor inexplicável, meu coração fora do peito. Se um dia eu achei que amava muito Patrick, meu amor por esse bebê é dez mil vezes mais forte.

Mas cansa. Cansa eu ver que ainda tinha muito pra viver sozinha, muito pra viajar, namorar e evoluir profissionalmente. Era pra mim estar estudando agora e resolvendo casos difíceis, não carregando um carrinho de bebê pela calçada até meu escritório. O que Patrick não entende, é que a vida dele não mudou quase nada desde que o Ethan nasceu, quero dizer a vida particular. Ele continua trabalhando, evoluindo e tomando lugar no mundo. Passa o dia fazendo o que gosta e quando chega em casa, já está tudo feito. Cama feita, janta e o Ethan já está de banho tomado e louco de saudades do pai. Mas eu não aguento tudo isso, não sozinha. Por isso contratei uma babá e também uma pessoa que me ajuda nos serviços domésticos, e pra também conseguir trabalhar, não quero ficar parada porquê tive um bebê, não sou assim e nunca vou ser. Também quero dar o melhor pro meu filho, não quero que ele cresça achando que a vida dele é boa só porquê pai dele é cirurgião.

Ouvi Ethan resmungar no carrinho quando sem querer eu bati em um pedra no caminho, o fazendo chacoalhar. Sabe, eu me acho uma mãe péssima as vezes, ainda mais depois das brigas com Patrick. Sei que Ethan merece alguém melhor que eu pra ser mãe dele, alguém mais cuidadosa e com instintos maternos mais aflorados, alguém que daqui a pouco ficasse mais tempo brincando com ele e lhe dando atenção, não uma mãe que torce para que ele faça seis meses logo para poder voltar a sua vida "normal". Mas eu faço meu melhor, ninguém conhece ele melhor do que eu, nem Patrick. E eu vejo naqueles olhinhos verdes o quanto ele me ama, o quanto ele quer estar perto de mim e eu sou perdidamente apaixonada. Ethan é grudado em mim, se ele me perder de vista acaba chorando. Por isso digo a Patrick a importância de ele saber se acalmar sozinho e saber ficar com outras pessoas.

-Chegamos no trabalho da mamãe, amorzinho.- digo quando passo pela recepção, deixando o carrinho com a recepcionista e o pegando no colo e pondo a bolsa no ombro para poder passar pela porta giratória. Caminho até o elevador que me leva até o andar onde Cristina está fazendo o meu trabalho. Assim que adentro a sala ela sorri.

-Que surpresa você vir aqui hoje. Achei que vinha só amanhã.- disse se levantando para me dar um abraço, e depois tirar o bebê do meu colo para levar com ela junto a cadeira.- brigou com o Patrick?

-Sim, infelizmente. Os mesmos motivos.- me sentei e suspirei.

-Ele está sendo muito injusto com você.- falou tentando deixar Ethan de pé em seu colo.- já tentou conversar com ele?

-Já, mas antes de sermos civilizados ele já põe a culpa em mim, diz que só penso em trabalho, que o trabalho é mais importante pra mim do que o nosso filho...

-Ei, você sabe que isso não é verdade. Patrick tem complexo de Deus, você sabe disso. Acha que ele pode tudo e os outros nada.

-Não é que o trabalho seja mais importante pra mim do que o Ethan, mas ele é necessário. Não posso parar de trabalhar. Preciso dar um futuro bom pra ele.- olhei para meu bebê que sorriu banguela quando me viu. Sorri de volta.

-E está certa. Não liga pra ele.- revirou os olhos e me devolveu meu filho.- pega porquê já tá ficando pesado.

-Vem cá meu bebê.- beijei sua bochecha e o deixei sentado no meu colo.

Grávida do Meu Melhor Amigo Onde histórias criam vida. Descubra agora