Prazer, o meu nome é Victor.
Eu sou um cara que por muito tempo foi oprimido, mas que agora não aceita mais esse tipo de tratamento.
Para você entender, vou voltar alguns anos e te explicar como tudo aconteceu.Eu estudava num colégio público, mas isso não era problema pra mim. Estava no início do ensino médio, onde você se prepara para novos desafios e meio que fica até tenso, pensando em como vai ser.
Foi quando chegou uma menina linda, de olhos hipnotizantes, alta e corada. Devia estar nervosa por ter entrado na nossa turma como novata.
Depois de alguns minutos de sua chegada, muita gente começou a rir e fazer comentários por meio de cochichos, apontando para ela e rindo. Eu não tinha entendido o motivo. Mas minutos depois, eu estava discutindo com quatro colegas imbecis que fizeram ela chorar e sair da sala.
Depois de discutir com todos, fui atrás dela.-Ei, você quer água?- perguntei.
Ela apenas acenou que sim.
Então, segurando levemente seu braço esquerdo, levei-a para a cantina, peguei um copo descartável e enchi de água no bebedouro. Eu me senti hipnotizado por aqueles olhos intensos. Entreguei a água à ela e pedi que se sentasse num dos bancos.
-Você é fortinha, né? -eu disse.
Ela não soube bem o que dizer, então prossegui:
-O seu braço. Ele tem uns músculos mais fortes que os meus. Você malha?
-Ah...-disse ela, meio sem jeito- Na verdade eu malhava, mas precisei parar -tomou um gole de água.
-Uau, que legal.
Alguns momentos se passaram e eu a levei de volta para a sala.
Momentos depois, começou tudo de novo. As pessoas não só faziam piadas dela, mas agora, de mim, também.Ela saiu da sala, procurando a direção da sala do diretor. Iria pedir para trocar de turma.
Eu não tinha entendido nada, mas dois dias depois um colega falou que ela não era "bem uma menina". Ela havia nascido homem e eu era um "otário" que caiu na "lábia de uma aberração".
Eu só consegui socar a cara do garoto, assim que ele disse isso.
Fui suspenso.Passaram-se dois anos e eu conheci, na festa de aniversário de um amigo, um cara muito legal.
Ele tinha várias coisas em comum comigo, daí a gente conversou muito, pulamos na piscina da casa do aniversariante, e lá, nós nos beijamos.
Algumas pessoas viram o episódio e começaram a me chamar de gay.Fiquei semanas sem sair do meu quarto e sem manter nenhum tipo de contato com as pessoas. Inclusive, a minha família. Eu fazia de tudo para evitar falar o mínimo com minha mãe e meu irmão.
Meu pai havia morrido quando eu tinha 14 anos.Depois de uns meses, fiz umas amizades na faculdade.
Conheci uma galera bem inteligente e interessante e comecei a tentar me enturmar com algumas pessoas.
Conheci um homem trans e me apaixonei por ele.Ele simplesmente me completava, transbordava-me e me dava muita alegria.
Sia inteligência me cativava a cada segundo que ficávamos perto um do outro e isso começou a ser exposto à galera.Por isso, começaram a por em pauta na faculdade qual seria minha orientação sexual.
Uma das amigas que eu fiz, disse que eu deveria ser bissexual.
Mas eu disse, em alto e bom som:-Já que a minha orientação sexual é tão importante para vocês, ouçam: eu sou pansexual. Satisfeitos? Agora me deixem em paz! -saí da sala.
Passei uma semana sem aparecer na faculdade.
Quando voltei, todas as pessoas passaram a me chamar de pansexual.-Oi, pansexual! Como passou o fim de semana? -disse um colega.
Eu nada respondi.
Passaram-se semanas, e as pessoas não paravam de me chamar assim.Até que um dia, eu cheguei na frente de todos e bufei:
-Eu sou Victor! Sou, sim, pansexual, mas vocês não são chamados de héteros como se fosse seus nomes! A partir de hoje eu vou dar queixa se continuarem me chamando pela minha orientação e não pelo meu nome!
E até hoje, todos sabem, ninguém esquece que: eu sou Victor.
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O Respeito Que Merecemos
Short StoryDiversas histórias (fictícias) sobre diversas pessoas da comunidade LGBTQI+. Em celebração ao mês do orgulho, este e-book é lançado com muito amor. Porém, este e-book é para todas as pessoas abertas a uma boa leitura. Portanto, seja você ou não um(a...