O Respeito Que Merecemos

4-Louise Importa.

Eu achava que não tinha valor. Nasci Luís, mas sempre quis utilizar Louise em tudo: em casa, na rua, nos ambientes de estudo e até para trabalhar. Nenhum trabalho aceitava, claro.
Mas depois de um tempo, conheci uma boate gay, onde eu finalmente fui chamada de Louise.

Lá, recebi apoio, carinho, aconchego e força.

Mas, ainda assim, precisei fazer coisas que jamais tinha imaginado ter de fazer, para sobreviver.

Passei a vicer e trabalhar de um jeito estranho. E, ainda assim, eu me sentia vazia, de alguma forma. Isso porque eu fui mandada embora de casa, com o coração partido. Ouvi coisas muito tristes e pesadas para qualquer ser humano. Eu jamais desejaria isso para alguém.

-Viada! -disse Liz.

-Oi, deusa!- respondi.

-Porque você está assim, tão triste? -Ela quis saber.

-Não sei ao certo.

-Ah, vai, sempre tem um motivo. Você sabe que pode contar comigo.

Relutei por uns segundos, mas depois soltei:

-Talvez porque, hoje, mais do que nunca, eu estou pensando muito em como vim parar aqui. Eu amo vocês, amo este lugar e amo tudo que a gente viveu e vive. Mas eu só vim para cá porque fui fortemente rejeitada. Ninguém nunca se importou comigo, desde que eu era criança. Mas quando fui ficando adolescente, tudo foi se intensificando ainda mais.

-Espera aí, minha filha! Desde quando ninguém nunca se importou, mesmo? -disse Liz.

E eu me assustei com a sua reação.

-A gente te ama, Louise. Você é essencial para nossa família. Faz os melhores shows, abraça todo mundo, acolhe novos irmãos e irmãs... Nós te amamos mais do que você imagina. Você importa sim, para nós!

Eu não tinha notado muito bem, mas estava chorando.

-Lou, a gente ama muito você! -Gritaram Fred e Rita, em uníssono.

-É, Louise importa! -Disse Dom.

Eles se entreolharam e começaram um coro:

"Louise importa! Louise importa! Louise importa!", diziam, fortemente.

E, sim. Eu descobri que, mesmo não sendo levada a sério por muitos, Louise importa para alguém, e isso também importa!