Eu era Bruna. Pois é, nasci no corpo errado, cara!
Foi um processo demorado para eu conseguir me sentir, pelo menos, 90% Bryan.
De início, minha mãe me condenou ao inferno. E para a sorte dela, eu vivi nele por anos. Uma das coisas mais insuportáveis no mundo, é estar na casa errada.
Eu sei o que é isso, por isso falo com propriedade. Tanto na casa material, quanto no meu corpo, que também é uma casa. Imagina sua alma num corpo errado?
Não, amigo(a), não é sessão espírita, não. É sério, mesmo.
A parada é sinistra, porque você não sabe nem como usar seu próprio corpo. Tudo é estranho e bate uma depressão horrível.
Depois de três anos do início da transição, minha mãe resolveu me chamar de “filho".
Eu achei estranho aquela mudança repentina, mas agradeci por ela ter me chamado assim. Eu me senti muito melhor, saca?
Uma das coisas mais importantes e engraçadas, ao mesmo tempo, é que ela parou de dizer que as gírias que eu utilizo é do diabo. Eu sempre achei incrível como o diabo era dono de quase tudo. Na verdade, não acho que ele é, mas muitas pessoas, por suas falas e colocações, nos dão a entender isso, né?
Ela mudou muito, e isso foi essencial para nosso bem estar.
Minha mãe era mais que conservadora, ela era doentia. De uns meses para cá, ela conheceu uns pastores e umas pastoras que mudaram o pensamento dela.
Por ser religiosa, ela achava que toda pessoa lgbt estava condenada ao inferno, inclusive eu. Tentou me fazer “mudar de ideia" e tudo mais, mas sempre observou que não é um querer meu. É apenas o que deve ser, e tá tudo bem.
Pois bem, com isso, ela frequentou um lugar onde pregavam amor. Lá ela foi acolhida e tratada. Por quê tratada?
Porque ser lgbtfóbica é, além de crime, uma doença, quando se é obsessiva. Mas ser lgbt, não. Por isso, ela recebeu explicações, teve uma queda inacreditável de ignorância e passou a entender que o filho dela é normal.
Hoje ela me diz:
-Filho, você é o cara! Vamos juntos para o céu!
E eu fico super feliz, cara. Na real, mesmo.
Até o pessoal que ajudou ela diz:
-Bryan é o cara!
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O Respeito Que Merecemos
NouvellesDiversas histórias (fictícias) sobre diversas pessoas da comunidade LGBTQI+. Em celebração ao mês do orgulho, este e-book é lançado com muito amor. Porém, este e-book é para todas as pessoas abertas a uma boa leitura. Portanto, seja você ou não um(a...