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O sol que sempre acordava Yangyang de manhã parecia estar mais brilhante e alegre do que o normal, aos olhos do garoto, talvez o último dia finalmente despertou a serotonina guardada nas profundezas do cérebro do taiwanês, por isso então, logo despertou-se e fez suas necessidades diárias com mais rapidez, por estar justamente com mais energia.

Preparou um sanduíche com os restos de presunto e mussarela, juntamente com um pouco de salada, resolveu deixar para comer no caminho, apenas tomou seu café em casa, de forma que, mesmo apressada da sua parte, pudesse sentir o gosto amargo eminimamente adocicado de forma detalhada, não demorou muito para então pegar sua mochila e finalmente dar início a mais um dia de escola, Yangyang suspirou, não aguentava mais os mesmos rostos que pareciam mais uma máscara da alma triste e solitária que todos aqueles de sua escola possuíam, o taiwanês convivia com muitas pessoas assim ao seu redor, não apenas tristes e sozinhos por dentro, mas no geral de fato pessoas desequilibradas e sem condições de manterem uma relação, o garoto chegava a ter medo de ser assim de vez em quando, felizmente ele admitia estar errado e sempre procurava melhorar, porém algumas pessoas acabavam aproveitando-se deste poder do garoto e manipulavam o mesmo quando bem queria, o fazendo se desculpar por algo onde ele não estava errado e que por algumas vezes chegava ser até mesmo a vítima da situação. Apesar disso tudo, Liu logo animou-se novamente ao lembrar de Dejun, ver este garoto se tornava o ponto alto dos dias de Yangyang, mas na verdade, o garoto gostaria muito de conhecer o chinês melhor, de fato queria ser mais próximo de tal, por isso prometeu a si mesmo que ao menos esta noite pudesse saber um pouco mais além do nome do garoto.

Passou metade da aula pensando naquele que animava a sua semana, de certa forma, fazer isso chegava a ser até mesmo saudável para Yangyang, pensar em Xiaojun era o mesmo que escapar daquela realidade amarga e egoísta que vivia e partir para uma mais bela e o qual apenas existia ele e Dejun, sentia-se calmo, seguro e feliz, coisa que não conseguia sentir nem ao menos no próprio quarto, Yang amava sentir tudo isso da mesma forma que amaria fazer com que o chinês sentisse o mesmo. O taiwanês então foi despertado do sonho que tinha acordado por conta do sinal que havia tocado, marcando o fim da última aula, Yangyang se quer lembrava qual era aquela aula, porém descartou qualquer sinal de preocupação, afinal estava feliz, finalmente iria ver o sol que iluminava a sua semana, não conseguia parar de pensar no quão feliz e grato estava por finalmente estar tendo contato com ele, era algo incrível e natural, a ponto de ele nem mesmo esforçar-se para focar em Xiaojun.

[...]

Yangyang passou a tarde novamente revisando o conteúdo do dia, quando acabou ficou ouvindo música e desenhando no próprio livro escolar, já que inventaria para Xiaojun que esqueceu o sketchbook em casa de novo, apenas esperando o tempo passar, vez ou outra dando um sorrisinho para o chinês, após perceber que toda aquela confusão em sua mente a ponto de lhe deixar fora da realidade todas as vezes que trocava olhares com o Xiao estava cada vez mais leve, deduziu que fosse por conta do ganho de intimidade com o garoto, este que também tinha seu avalanche de sentimentos amenizado, a relação de ambos, mesmo após a primeira interação de verdade, estava tornando-se cada vez mais natural.

Após milhares de pensamentos e conversas consigo mesmo em sua cabeça, Yangyang percebeu que Xiaojun despedia-se do último cliente, ele sorriu e logo arrumou suas coisas, colocando todos aqueles lápis espalhados pela imensa mesa redonda dentro do seu estojo.a

— Finalmente — Yangyang disse sorrindo e olhando para Xiaojun, que andava em direção a sua mesa.

— Os dias aqui costumam ser longos, ainda mais pra mim que tenho que ficar as vezes no turno da noite limpando tudo. — Xiaojun reclamou e sentou-se ao lado de Yangyang. — Como foi o seu dia?

— Normal — Yang deu de ombros — fui pro colégio e depois vim pra cá, o seu deve ter sido mais interessante.

— Que nada, faculdade de manhã e de tarde até agora, trabalho. — Xiaojun disse — ah, você trouxe o seu caderno de desenhos hoje?

Yangyang travou seu maxilar, odiava ter que mentir para Xiaojun, ainda mais por eles se conhecerem a tão pouco tempo, mas exatamente por isso Yangyang achava mais seguro ainda não mostrá-lo.

— Ah merda! esqueci em casa de novo — Yangyang fingiu uma reação de raiva — porra eu só não esqueço a minha cabeça porque ela ta colada.

— Tudo bem — Xiaojun riu — mas eu te vi desenhando hoje cedo, posso ver?

— Claro. — Yangyang pegou o seu livro e mostrou a contracapa para o mais velho, mostrando a imagem de uma fada desenhada pela metade, porém ainda assim extremamente bonita.

— Wow! Você é incrível nisso. — Xiao sorriu — agora eu to mais curioso ainda de ver seu caderno de desenho.

— Não exagere — Yangyang disse sorrindo e escondendo o seu rosto completamente avermelhado.

— Não estou, é um fato. — Xiaojun disse — Mas então, eu ainda não te conheço direito, me conte mais um pouco sobre você, sua família ou sei la, pra mim você ainda é apenas o cliente bonitão que desenha bem. — Xiaojun falou, pousando sua mão próxima a de Yang, o que fez o mesmo engolir seco e demonstrar um suposto nervosismo através de suas bochechas avermelhadas.

— Olha quem fala, pra mim você também é apenas o atendente bonitão da cafeteria que eu gosto que consegue fazer cafés impecáveis. — Ambos riram.

— Já sei, você fala um pouco sobre si, e eu falo sobre mim.

— Está certo. — Yangyang suspirou. — Bem, minha vida não é tão interessante assim, como você sabe eu vim morar aqui com quinze anos, bem, a minha mãe costuma ser legal e a gente até tem uma relação boa, mas acaba que a gente não aproveita um ao outro por conta do meu pai, cacete, sabe aquele tipo de pessoa que te faz querer morrer? Então, ele costumava ser legal até os meus dez anos, mas depois teve problemas com álcool e começou a ficar violento e mais rígido, e assim por diante, até chegar hoje em dia, num nível em que eu tenho que me esconder dele, a ponto de perder a droga dos neus momentos com a minha mãe. — Yangyang começou a sentir-se levemente alterado e Xiaojun percebeu isso, segurou na mão do mais novo, fazendo o mesmo mais calmo. — Eu só sei la, queria aproveitar ela ao máximo, mas tenho um medo fodido desse cara, ele não me deixa ser quem eu sou e está o tempo inteiro me criticando em absolutamente tudo o que eu faço, e é tão irritante eu sentir medo de ficar na minha própria casa, além de ser também um absurdo, eu real só queria ele longe de mim. — Yang suspirou e abaixou sua cabeça, Xiaojun podia sentir de perto a tristeza que tomava o garoto.

— Você não merece isso, eu realmente sinto muito. — Pousou novamente a sua mão na do outro, fazendo um leve carinho com o seu polegar sobre a superfície macia da pele taiwanesa. — Faz muito pouco tempo que nos conhecemos, mas cara, pode contar comigo, eu to aqui, ok?

Simples palavras e simples atos que Yangyang nunca recebeu antes fizeram seu coração esquentar e sentir-se em casa, Xiao, mesmo sem o mínimo de esforço e sem ao menos precisar dizer e fazer algo já o fazia sentir em um mundo totalmente diferente do que vive, onde ao mesmo tempo sentia-se mais vivo conseguia também estar em paz como nunca, ouvir e perceber o carinho e apoio do chinês o fez garantir que estava a salvo daquele mundo e que tinha alguém para poder apenas abraçar e esquecer de tudo que há de ruim.

E assim fez, lentamente inclinou-se onde automaticamente grudou seu corpo sobre o do outro em um abraço caloroso, tendo seus corações batendo em uma bela sincronia por estarem tão próximos um do outro, como se ambos órgãos pudessem abraçar um ao outro também, compartilhando todas as mais mínimas sensações que sentiam, desde sentir o toque quente que ambas peles sentiam com o atrito até a ouvir e sentir as vibrações deixadas pela respiração. Yangyang sentia-se aliviado de tudo, era como se nenhum problema que existisse em sua vida seria comparável a Xiaojun, e era assim que Liu passou a pensar, usaria a partir dali a frase "Pelo menos eu o tenho" para confortar seu coração de angústias, Xiao era o seu conforto, seu lar, seu lugar seguro e principalmente quem esquentava seu coração e agitava suas borboletas em seu estômago, o pobre taiwanês apenas notou isso naquele exato momento em que tinha o seu corpo preso ao de Dejun, Yangyang percebeu o quanto amava Xiao, mas ainda não entendia como possuía um sentimento tão imenso por um garoto que acabara de conhecer de fato.

"Alma gêmea?" Liu pensou "Não, essas coisas não existem" o garoto concluiu o pensamento, mantendo uma desilusão quase que inútil.

VEIO!!!! me desculpem a demora fml 😭😭 eu estava achando os capítulos meio fraco, então tentei focar mais pra fazer algo melhor, rolou alguns bloqueios criativos durante esse tempo :// mas enfim, ta aí, espero que gostem <3

drawings; xiaoyangOnde histórias criam vida. Descubra agora