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"Estímulos"

"Os estímulos levam-nos a níveis altos de oscilação de emoção."

Oi, de novo. O que aconteceu com você? Quero muito falar de novo com você. Desde o nosso último encontro que não dás sinal de vida algum.

É a décima mensagem que eu envio ao Hugo e não recebo retorno algum, era como se estivesse a enviar mensagens ao vento. Apenas se passou dois dias desde o nosso encontro mas, eu já acho tempo suficiente para me preocupar. É bem provável que ele não tenha gostado de mim por isso preferiu sumir pra não me dizer isso na cara mas... ela poderia dizer isso. Quero ouvir da boca dele, ele deveria ser homem o suficiente para me dizer isso.

Hugo, tudo bem que você me achou feia e insuficiente mas você deveria ter culhão suficiente para chegar e me falar isso na cara. Você é um estupido e idiota, se achas que simplesmente sumir da vida das pessoas é a melhor decisão a se tomar.

Cansei de ser sutil com ele. É a décima primeira mensagem que envio já começo a ficar com raiva, nas mensagens eu simplesmente queria saber como ele estava e até perguntei porquê não me respondia mas agora as coisas parecem bem mais claras, ele só não gosta e sinceramente eu respeito o ponto de vista mas não aceito.

Quem você pensa que é? Eu vou descobrir onde você mora e vou bater muito em você.

Digitei, reli a mensagem uma e outra vez parecia pesada demais então, apaguei. Deixei o telefone de lado e me deitei na cama, suspirei.

Ele não me merecia mesmo.
Eu sou muita areia para o caminhão dele.

Arfei. Que ódio.

- Ollyyy! - minha mãe gritou o meu nome.
Abafei um grito com a almofada e levantei-me prontamente, tentei tirar a cara amarrotada com sorrisos forçados enquanto caminhava do meu quarto para a sala onde estava a minha mãe.

- Mamã, estou a estudar. - falei assim que cheguei.

- Senta aqui, tu ficas muito no quarto sozinha.

- Mas, mãe. Eu não preciso de tanta coisa assim.

- Não, hoje tu vais sentar aqui e ver Tv comigo.

- Mas, eu preciso estudar... - funguei.

- Estuda mais tarde. - abanou afirmativamente a cabeça me fazendo entender que ela não irá mudar de ideia, a única opção que tenho é me sentar e ver TV com ela.

O meu telefone deixei atirado na cama e se por ventura o Hugo enviar-me mensagem nesse exato momento? Como poderei responder se estou aqui? Ah droga!

- Mamã, vou pegar o telefone no quarto. - me olhou desconfiada, enquanto eu suplicava fortemente com os olhos.

- Não vai funcionar, Olly! - abanou em cabeça em sinal de negativo e logo voltou sua atenção para a tv. - E não. - continuou. Essa era a reposta para o meu pedido, que belo.

- Pelo menos tentei. - dei de ombros.

- Olly, o que você quer fazer na faculdade? -
Eu não tinha pensado nisso, também pelo facto de ter ainda uns dias me deixava folgada quanto a pensar em fazer algum curso na faculdade ou quiçá fazer...

- E, se por ventura eu não quiser fazer, mãe? - retruquei de seguida, um pouco atónita com a sua questão e um tanto pouco deslocada.

- Sim, estará tudo bem. Mas, é uma necessidade social tu te formares, teres um emprego, te casares e teres filho, caso você não faça uma dessas coisas estarás incompleta no ponto de vista social e tu não queres isso.

- Muito vezes nos prendemos em factos que os outros querem para nós, na tentativa de nus fazer feliz mas isso te tornaria incompleta, mãe, não a mim. Percebo claramente o que queres dizer, mas as pessoas só aconselham para estejamos como elas querem não que estejamos bem de facto. Eu sinceramente acho que ficaria muito bem com ou sem estudo.

- Olly, pensa bem... a tua filha vai exigir ter uma mãe bem letrada. E com uma profissão respeitável. E que profissão tu vais exercer sem um diploma? - abanou a cabeça em sinal negativo e deu de ombro.

- Vou fazer carreira de negócios, ou alguma coisa assim. Nem todo mundo precisa de uma profissão. - enrusbeci a face.

- Você não é todo mundo, Olly. Você fará uma faculdade e terá um emprego normal. Você não ficará na minha casa sem estudar. - arqueou as sobracelhas* na tentativa de me fazer entender que é a única opção credível e viável para ambos os lados.

- Então, saio de casa. - dei de ombros.

- Hã tá bom, debaixo da ponte está de bom tamanho para você? - seu olhar era frio e pouco convidativo. - Eu quis conversar contigo na boa, Olly. - ela refez um rosto dando um semi sorriso. - Eu só quero o teu bem, independentemente do que tu pensas hoje, sou eu que devo fazer-te usar a razão.

Claro que só quer só quer o meu bem. Impondo o que ela quer para ela.

- Não te preocupes, eu não vou ser como você que espera todo santo dia alguma coisa na mesa, porque não consegue mover os próprios pés para trabalhar. - engoli em seco. - você é cômoda por isso se deu mal, eu sei que serei melhor do que você mesmo sem ter de fazer uma faculdade. - falei com Tom austero.
Eu senti uma bofetada no meu rosto e logo o contrai coloquei a minha mão sobre o rosto roçando nele na tentativa de inibir a dor.

- Cala a boca, se não queres que eu te parta nos cornos essa hora. - tom era austero. Ela não gritou, nem falou baixo, falou num tom suficientemente forte para me fazer repensar as minhas palavras.

Eu realmente peguei pesado. Baixei o rosto, fiquei algum tempo na sala e quando notei que as coisas estavam um pouco calma me levantei com os olhos marejando de lágrimas. Assim que fechei a porta do meu quarto desmoronei. As lágrimas pareciam torrente enfraquecidas que esperavam fortemente pelo momento de podem se mostrar ao mundo, cai em desespero contra a minha cama chorando baixinho, não queria que ninguém soubesse que estou chorando porque perdi o controle e justamente com a minha mãe que a única coisa errada que fez foi ter nascido uma filha desse tipo.

Eu falando de culhão com o Hugo mas não tive culhão suficiente para me levantar e pedir desculpas pra única pessoa que me ama realmente.

Doce Meio Amargo Onde histórias criam vida. Descubra agora