-Merda! Merda, merda. O que foi que eu fiz?- Puxava os cabelos desesperado, ele realmente tinha feito aquilo? Não tinha perfil nem para cuidar de um animal de estimação, quanto mais de uma criança! Pensou na possibilidade de voltar atrás de sua decisão, mas não seria justo nem com Yoki e nem com sua mãe que deu sua vida para salvar a dela, que se sacrificou sem nem exitar. Se desistisse assim seria um covarde e sua palavra não teria valor algum, podia não ser a melhor pessoa para se conhecer mas de algo ele tinha certeza, não era um covarde. Ainda era muito cedo para desistir ou recuar.
Respirou fundo recuperando a calma, apesar de no peito o coração bater acelerado,já estava de volta a si. Arrumou a postura e no rosto sustentava um olhar firme, decidido e corajoso, como nunca antes teve.
Ele iria fazer isso. Afinal, não deveria ser tão difícil cuidar de um bebê né?
Infelizmente já passava das 23 horas, não tinha nenhuma loja aberta onde pudesse comprar as coisas necessárias para a garota e sinceramente… Nem ele sabia exatamente o que era necessário comprar, sabia do básico: fraldas, mamadeira, berço e só. Se sentia caminhando no escuro, tateando as paredes para não esbarrar em algo, não sabia o que fazer ou como fazer. O que deixou bastante frustrado, porém não iria retroceder ou se render.
Voltou para dentro hospital agora mais calmo, mesmo com a ansiedade o corroendo de dentro para fora. Chegou na sala de espera, se sentou no banco e após algumas horas lá adormeceu.
Os primeiros raios de sol começavam a surgir no céu espantando a escuridão e o frio da madruga, Bakugou não tinha conseguido dormir muito bem tanto pela enorme ansiedade, quanto devido à posição desconfortável em que dormiu e por conta disso já estava acordado, assim que viu o amanhecer lento correu para fora dali em busca de uma loja qualquer aberta para que pudesse se preparar o máximo possível.
*******
Ainda no hospital Yoki ressonava baixinho com a respiração tranquila, e do outro lado do vidro a certa distância ele notava cada detalhe: o peito subindo e descendo devagar, os olhinhos fechados, o nariz, as mãozinhas, tudo, nada passava despercebido. Como uma coisa tão pequena e tão frágil conseguiu sobreviver a tantas tragédias em tão poucos dias de vida e ainda assim inspirar tanta tranquilidade? Tanta paz? Era nisso o que o loiro pensava ao olhar para ela, ele mal sabia mas a forma de olhar para ela já tinha mudado, já encontrava-se encantado, hipnotizado e não fazia a menor ideia disso.
“A alma é curada ao estar com crianças.”
-Senhor Bakugou. Senhor Bakugou? - Chamou duas vezes e a primeira não foi escutada, era a mesma enfermeira de ontem só que com um semblante melhor.
-Sim.
-A paciente já vai receber alta só, assine esses papéis aqui.
-Ta. - E a obedeceu.
-Muito bem. Só um minuto.- Foi ao outro lado do vidro e a pegou no colo.
Antes que percebesse já estava ansioso para tê-la em seus braços e assim que finalmente a tevê todas as suas inseguranças se dissiparam como se nunca tivessem existido um dia, sendo impossível conter um sorriso bobo.
-Oi.- Sussurrou se esquecendo da presença da enfermeira, que percebendo o momento o deixou a sós para que pudesse ter um pouco de privacidade. -Vamos pra casa. - E foram para o apartamento do loiro.
Como não era muito de ficar em casa o apartamento era pequeno, passava o maior tempo nas ruas patrulhando e o resto treinando, mas agora isso teria que mudar, por causa disso pediu um afastamento durante um tempo, apesar de ser estranho esse comportamento vindo dele, fizeram o que foi pedido já que nem férias ele tirava e sempre fazia hora extra.
Os vizinhos ao verem entrar na recepção do prédio com uma criança nos braços começaram as fofocas e os cochichos mas não era como se ele se importasse, era um bando de gente sem ter o que fazer. Entrou no elevador e apertou o número do seu andar, assim que chegou foi até sua porta e a destrancou com um pouco de dificuldade, mas conseguiu.
No chão tinha algumas sacolas que tinha passado lá antes e deixado as compras, deixou Yoki de uma forma segura e confortável no sofá, e foi organizar umas coisas, não tinha comprado um berço então teria que improvisar.
*******
Os primeiros dois dias correram tranquilamente sem grandes dificuldades apesar da inexperiência de Bakugou, que deu graças a Deus que havia uma coisa chamada internet, se não teria sido bem mais difícil, Yoki não havia dado muito trabalho estava tudo muito bem e fácil….
Fácil de mais.
Até que no terceiro dia em plena madrugada Yoki abriu o berreiro e não parou mais, nada fazia ela parar de chorar, Katsuki deu mamadeira, verificou a fralda e tentou acalmá-la, todos os seus esforços pareciam inúteis e talvez até tenha piorado a situação, só depois que amanheceu ela finalmente se cansou e dormiu um pouco, porém assim que acordou voltou a se esgoelar e passou dois dias desse jeito.
Yoki acordava em plena madrugada e começava a fazer um escândalo acordando todos do prédio e não parava mais, Bakugou não conseguiu dormir nem por um instante, já que tentava fazê-la se acalmar pelo menos um pouco e era o mesmo que nada, tentou dar mamadeira, tentou, por algum motivo sabe se lá porquê ela recusava, já estava começando a ficar preocupado mais um dia assim se sucedeu agora eram três dias em claro, e com vizinhos irritados batendo na sua porta (com razão, a maioria trabalhava e só queriam uma boa noite de sono, nos primeiros dias até foram compreensíveis).
Mas o loiro não estava com o melhor dos humores, estava sem dormir, sem tomar banho, sua casa estava um completo caos e sua aparência também, com olheiras que deixam ele parecendo um morto vivo a barba por fazer, sim ele estava um horror, sem o mínimo de paciência brigando com os vizinhos irritados na sua porta e Yoki chorando como se fosse o fim do mundo.
-Escuta aqui sua velha! Por que não vai cuidar da sua vida?
-Ora! Eu estou tentando mas não consigo dormir. Tem gente que trabalha, sabia?
-Deixa que elas venham falar por si mesmas, você deve estar aposentada a no mínimo 30 anos! Acorda cedo porque quer.
-Oh! Seu…. seu… seu mal educado.- A senhora com bobes no cabelo saiu ofendida e sem palavras. Mas ainda tinha gente bastante irritada na sua porta e ele respondia o mais rude que conseguia, não que estivesse adiantando alguma coisa, elas só ficavam mais irritadas.
-Porque não vão todos tomar bem no olho do cu, em?! - Falou alto para todos escutarem, toda aquela movimentação deixava Yoki mais agitada se esperneando o máximo que conseguia e por trás da máscara de irritação que carregava estava muito preocupado com ela.
-Nós só queremos dormir!- Um homem gritou ao fundo.
E cada vez mais e mais barulho, mais e mais vozes irritadas e o choro o maldito choro mais alto acada segundo, a cabeça zunindo estava perto de ter um colapso e teria mesmo, se não fosse uma voz bastante conhecida no meio das outras.
-Bakugou?
-Meio a meio?! O que tá fazendo aqui?
Continua...
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OHANA
Fanfiction- Nós não somos uma família. - Tem certeza? O Todoroki praticamente mora aqui, ele se tornou tão pai quanto você agora. Após o comentário o loiro olha para a pequena bebê nós braços de Shoto que parecia se divertir com ele. Isso era verdade? Tinham...