sétimo post.

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- Ei, espera! - John diz, indo atrás de Sherlock. 

O mais baixo apressa o passo em direção ao mais veterano, tentando alcançá-lo. Sherlock para no meio de seu caminho, convencido a esperar o garoto com um certo ar afetado.

- Eu queria te dizer uma coisa. Desculpa por ontem. - Sherlock está de costas para John, olhando para o chão enquanto ele fala. 

- Eu fui rude com você. Na verdade, eu nem sabia o que dedução era. Eu pesquisei ontem à noite. Achei legal. 

- Tá tudo bem, é... acontece. - Sherlock se vira, atônito.

-  Você também precisa entender que é complicado invadir a privacidade das pessoas assim. Eu fui rude, mas não foi sem motivo.

- Tem razão. Eu sou muito absorto nos meus estudos e interesses sobre a natureza humana.

As palavras saem da boca do cacheado como um suspiro sôfrego. Em seu rosto, John identifica uma expressão diferente daquela do dia anterior, superior e completamente desconectada de sensibilidades humanas.

Os garotos se mantém em silêncio por um tempo, se encarando. Ambos se perguntando a mesma coisa, perdidos na complexidade das relações pessoais. 

"Quem é você?"

Aquele veterano rude e despreocupado com os sentimentos dos outros parecia ter desaparecido por entre as mãos agitadas de Sherlock e das suas palavras sinceras. Até mesmo a afetação que ele havia demonstrado há minutos atrás havia se dissipado com o tempo, passado e presente competindo a cada segundo pela chance de se tornar a nova realidade.

O movimento dos corredores se intensificava, mas naquele momento, só existiam John e Sherlock na escola, na cidade, no país, no mundo todo, em todo o universo.

"Quem é você?"

Aquele excêntrico calouro vestido com uma saia plissada preta e um moletom de tricô bege parecia diferente do mesmo garoto de ontem, imediatamente ríspido e afetado. As inseguranças que pareciam motivar o seu ser pareciam envolvidos numa névoa amigável e sincera. Pela primeira vez na vida, parecia que alguém falava com Sherlock de igual para igual. Não como um maluco, mas como outra pessoa. John havia o corrigido sem nem hesitar.

Nunca haviam sido tão arrebatados pela presença de outro ser humano, apesar da natureza da relação parecer improvável. Um veterano não tem mais o que fazer do que esbarrar em um calouro todo dia? Parecia proposital, desesperado. O fim da graduação se aproximava e os planos de Sherlock se tornavam mais e mais ambiciosos. O que aquele garoto, comum como todos os outros, despertava nele de tão intenso que não o deixava tirar os olhos de sua expressão amável? E John, não deveria estar vivendo sua vida de festas e baladas estudantis, típicas do primeiro semestre na universidade? Claro que um rapaz como ele, com todos os outros rapazes e garotas ao seu dispor, não escolheria ficar com um rapaz mais velho e soturno como Sherlock.

- Podemos recomeçar com o pé direito? - John estende a sua mão. - Sou o John Watson.

Sherlock encara a mão do mais baixo por um tempo antes de estender a sua. O calor das mãos de outra pessoa fez o cacheado estremecer com o contato físico. Parecia que, acostumado a manusear os corpos no centro de autópsias, havia se acostumado com a gelidez dos cadáveres.

- Sou o Sherlock Holmes.

- O que você sabe sobre ele? - John pergunta, lambendo o sorvete de morango que havia acabado de comprar

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- O que você sabe sobre ele? - John pergunta, lambendo o sorvete de morango que havia acabado de comprar. 

Mike dá de ombros, olhando pro campo de futebol. O intervalo se estendia sobre eles, escaldante. Por incrível que pareça, era um dia de sol. Os alunos se espreguiçavam e se esticavam nas cadeiras do refeitório ao ar livre, sendo capazes de usá-lo pela primeira vez no que pareciam semanas de chuva e vento. 

Watson havia tirado o seu moletom, exibindo uma regata preta que exibia seu porte frágil e magricela.

- Sei que é um moleque inteligente. Acabava por assustar as pessoas, e depois de um certo incidente, perdeu o pouco contato com os poucos colegas que ainda tinha. 

- Incidente? - o loiro pergunta, concentrado no sorvete e concentrado no amigo. Mike meneou a cabeça, relutante.

- Eu nem lembro do que foi. Se quiser saber, pergunte ao Sherlock. 

- Tá. - John decide olhar para o horizonte com Mike, encarando os jogadores de futebol. - Sabe, é legal que você insista em fazer amizade com ele. Sherlock é meio sozinho, assim como você. É bom variar o seu grupo de amigos, sabe?

- Imaginei que ele fosse solitário. - John responde, dando uma risada curta que expele ar pelo seu nariz. - Conversei com ele hoje e pedi desculpas pelo meu comportamento, deixando claro que ele me provocou.

- Legal da sua parte fazer isso. - Mike volta a encarar John, e os olhos dos dois se encontram. Os raios de sol atingem as lentes de Mike e ricocheteiam as retinas do loiro, ocasionando numa dor lancinante.

- Puta merda, tire os seus óculos! - John exclama, dobrando os punhos em direção aos seus olhos. O sorvete descansa em sua mão na horizontal enquanto ele se recompõe, ameaçando cair a cada segundo.

Mike começa a rir enquanto tira seus óculos e John o acompanha logo em seguida, tirando os punhos dos olhos logo assim que um pouco de sorvete derrama em sua regata. O loiro usa o dedo em indicador para recolher o doce, o aproximando de seus lábios e de sua língua ansiosa.

- John, precisamos conversar.

Enquanto lambe o sorvete de seu dedo, seus olhos se encontram com os de Sherlock.


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"acabei por passar pelo momento mais constrangedor de todos. levanta a mão se você já chupou o próprio dedo com um líquido misterioso enquanto mantinha contato visual com outra pessoa o/"

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⏰ Última atualização: Aug 21, 2022 ⏰

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