Confiança

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S/N

20 de abril, ano 22

   Passaram-se alguns dias que eu tive aulas e hoje resolvi ir para o Two Star Burguer depois da escola e aproveitei para convidar o Jungkook.

   - Pode ser... - ele disse meio relutante mas pareceu concordar.

   Eu sei que essa é a lanchonete onde Hoseok trabalha, então entendo o porquê da reação de Jungkook. Acho que já faz um tempo que Hoseok se formou então os dois não se veem com tanta frequência.

   Fomos até a lanchonete e pedimos os nossos lanches. Foi aí que Hoseok olhou para Jungkook e o reconheceu.

   - Ah, olá Jungkook, como você está? - ele perguntou mostrando um grande sorriso, precisei me segurar para não sorrir também - Ela é sua namorada?

   Essa pergunta me rendeu uma risadinha e deixou Jungkook corado.

   - É claro que não!

   - Tudo bem, não precisa se exaltar. É um prazer te conhecer...

   -S/N.

   - Claro! É um prazer te conhecer S/N.

   - Fiquem à vontade.

   Com essas palavras eu e Jungkook nos sentamos em uma das mesas e comemos o nosso lanche.

   Eu observei o ambiente de trabalho de Hoseok. Eu nunca tinha estado ali antes. Só conhecia pelas histórias. Mas era um lugar agradável e também era bom ver o sorriso do Hoseok mesmo que seja apenas uma máscara.

   - Você não vai terminar? - disse Jungkook apontando para o meu lanche.

   - Ah sim. Eu só estava um pouco distraída. - eu disse pegando a minha comida e terminando rapidamente.

   - Não vai engasgar. - disse ele.

   - Não vou. - eu disse engolindo a comida inteira.

   Ele deu uma risadinha enquanto me observava. Eu me senti melhor porque nunca tinha ouvido ele rir, até agora.

   o motivo de eu ter vindo à lanchonete foi porque eu estava preocupada com o Hoseok. Eu não sei se ele já sabe sobre a notícia da tia dele do orfanato que está com câncer, pois foi assim que o quadro de desmaios dele piorou.

   O Hoseok nunca aparentou ser alguém com esse tipo de problema. Sempre com o sorriso no rosto, ele demonstra afeto e carinho para os outros, mas é apenas uma máscara que ele usa para desmascarar a dor e sofrimento e para não ser abandonado de novo.

   Jungkook e eu nos levantamos para ir embora já que eu tinha que trabalhar na loja de conveniências. Ao chegar lá percebi que Taehyung estava bravo comigo porque o deixei plantado esperando para trocarmos de lugar.

   - Acha que eu sou um palhaço? Que iria te esperar pra sempre?

   - Não...

   - Então porque me deixou plantado esperando? - ele disse pegando as suas coisas e indo embora.

   - Por que você faz isso comigo? - eu disse baixo.

   - O que? - Taehyung disse se virando revoltado.

   - Eu sinto muito se eu fiz algo que não devia, ou que eu não te contei a verdade... mas eu não preciso ser tratada assim... - eu disse com lágrimas nos olhos, olhando bem fundo nos dele.

   Eu acho que o Taehyung ficou um pouco confuso porque estava com um olhar perdido. Ele saiu da loja e me deixou sozinha.

   Foi nesse momento que eu percebi. Eu estava sozinha e não tinha ninguém com quem contar de verdade. Não podia compartilhar com ninguém os meus reais problemas e questionamentos. Eu até pensei em conversar com Seokjin, mas ele tem muitos outros problemas além dos meus então eu acho melhor deixar pra lá.

   Eu queria um amigo. Alguém com quem contar e confiar tudo. Alguém pra me ajudar e me entender quando tudo estiver dando errado. Foi aí que ele apareceu.

   Quando eu estava quase saindo, pois meu turno tinha acabado, o sino da porta tocou e alguém entrou na loja.

   - Bem vindo! - eu disse fazendo uma reverência.

   - Oi S/N.

   Era Jungkook. Ele parecia meio tímido e coçava a cabeça olhando para baixo.

   - Vim te levar pra sua casa. Se não for incômodo é claro. É só que... não queria que você fosse embora sozinha de novo no meio da noite.

   Olhei pra ele e dei um sorriso meigo.

   - Obrigada Jungkook.

[...]

   No dia seguinte resolvi ir para o hospital. Mesmo que eu não estivesse doente, eu só queria conferir se o Hoseok ou o Jimin estavam bem. Foi aí que eu o conheci. O homem que teve o seu "mapa da alma" destruído. Ele estava se contorcendo perto da televisão xingando os políticos que queriam fazer uma reforma na cidade. E um desses políticos era o pai do Seokjin... O velho homem dizia:

   - O mapa da alma foi destruído.

   Os médicos chegaram para acalmá-lo e deram um sossega leão nele. Espero que ele fique bem...

   Sai de lá sem nenhuma notícia dos meninos e voltei pra casa. No meio do caminho, como se fosse um déjà vi, eu avistei Seokjin. Como na primeira vez que nos encontramos. Ele estava parado do outro lado do trilho e olhava fixamente para mim. Eu tentei evitar o seu olhar porque ele não sabe que eu o conheço.

   Atravessei os trilhos e corri para casa. Se eu fosse devagar poderia fraquejar e começar a chorar, então corri o mais rápido que pude.

   Chegando em casa dei um grande suspiro, me sentei no chão e comecei a chorar. Por quanto tempo mais eu vou ter que aguentar?

   As memórias daquele momento voltavam a minha mente. Eu andando na rua para me encontrar com Seokjin, o sorriso no rosto dele, a minha felicidade que me levava até ele... mesmo que eu soubesse o que iria acontecer ainda me machuca. Eu praticamente o deixei sem nenhuma explicação. E não quero cometer o mesmo erro de novo.

   "Daqui pra frente" - eu pensei - "não vou ficar com Seokjin, não mais."

Save Me BTS 2Onde histórias criam vida. Descubra agora