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Atsushi estava a beira de um colapso. Ele não conseguia dormir, e nem comer direito. Ele não fazia ideia do que o fez ficar assim, mas tinha certeza que não era normal. Ele deveria estar calmo como esteve esse tempo todo, mas agora ele andava de um lado pro outro dentro da sua cela. Nada o deixava concentrado, era como se a sua cabeça e o seu peito fossem explodir ao mesmo tempo.

A pílula, pensou. Era literalmente a única coisa diferente do cotidiano. Tinha que ser a pílula, mas o que ela é? Por que eu me sinto assim? Pra que ele serve? Eu devo parar de tomar? Mas os guardas sempre conferem.

Um grito interrompeu os seus pensamentos. O som vinha de perto, Atsushi chutou que fosse a cinco celas depois da dele. Pela primeira vez ao dia, ele parou. Ficando perto suficiente da grade ele tentou ver, mas seu campo de vista era limitado então ele resolveu usar as suas "habilidades" de homo-animales.

Chuuya o havia treinado para usar os seus sentidos em sua forma humana. E foi nesse momento que o seu desespero aumentou. Eu não consigo. Nada, ele tentou ouvir ao algo mais longe, e nada, sua audição também não funcionava. Como? Outro grito, novamente, e depois outro. Após seis vezes, os guardas apareceram. Atsushi tentou sentir o cheiro da pólvora na arma, mas nada, de novo.

O barulho da porta da cela, que era bem pesada, ecoou sobre o local. Passos foram ouvidos, automaticamente o garoto se afastou. Dois guardas estavam juntos, e acompanhando de um deles estava uma garota. Ela parecia desmaiada, e um deles a levava no ombro.

— O que aconteceu? — perguntou Atsushi ignorando o medo que sentia por pensar em ser punido.

— Nada que te interesse.

Após essa simples resposta, eles foram embora e Atsushi se viu preso em outro "surto". Porém, agora, ele se concentrava na questão da pílula. O que eu posso fazer? Como de costume, a resposta era: nada. Não havia solução, não tinha como ele parar. Sentindo o frio do chão, ele se agarrou ao seu corpo e ficou deitado, controlando-se sempre que podia. Quando percebeu, havia adormecido e quando acordou estava em outro lugar. Ele estava no lugar que esteve primeiro.

A mulher de antes entrou, e como antes vinha acompanhada de seu sorriso medonho fazendo-o querer vomitar. Ela segurava uma bolsa que colocou na mesa do canto, e depois virou-se e disse:

— Bom, Atsushi parece que você não foi um bom garoto. Infelizmente, você deu errado. Uma pena já que eu havia gostado de você.

O que? Tentou dizer, mas a sua voz não saiu.

— Eu odeio quando os meus bebês tomam consciência das coisas. Tudo fica tão chato, você não faz a ideia de como. Agora, eu tenho que começar a realizar o processo mais chato do mundo.

Do que você tá falando?

Ela andou até a bolsa, pegou uma siringa que já estava com um líquido dentro e andou até Atsushi. Sorrindo, ela se aproximou, e preparou o braço dele para enfiar agulha. No momento que a agulha encostou na sua pele, a energia foi cortada. Atsushi não havia percebido antes, mas as amarras que o prendiam eram de metal, e agora estavam abertas pela falta de energia. Porém, ele não sentia metade do seu corpo.

Alguns Minutos Antes.

Ryūnosuke não estava nervoso, e isso o fez ficar surpreso. O seu coração não parecia que iria sair pela sua boca, a sua respiração estava regulada e a sua mente não estava surtando. Ele estava em total controle sobre si. Pela primeira vez. Osamu notou isso, o que fez ele sorrir e o garoto perguntar:

— Qual o motivo?

— Você.

— Ew.

Oda que estava ao seu lado, riu. Kunikida estava muito ocupado com suas anotações para prestar atenção e Chuuya dormia. Estavam os quatros, acompanhados de Ango, Ranpo e Kenji no mesmo "porão" do barco. O Motivo? Simples, eles estavam pegando carona. Específicos agentes foram selecionados para ir escondidos nos barcos que levariam os compradores para o leilão. Algumas pessoas de ambas as organizações se escondiam entre a tripulação e outras, no porão. Mais agente estavam seguindo de longe. Eles não podiam ser vistos então mantiam a distância exata para não serem percebidos.

Ilha. Ela não tem nome, na verdade quase ninguém sabe que ela existe. Aparentemente, uma pessoa a comprou e a escondeu de todos — obviamente pagando pessoas do governo para não contarem. Assim, ela se tornou o lugar perfeito para contrabando de homos-animales.

— Você está relaxado, isso é novo. — comentou Osamu.

— Bom, se ele não tivesse, o jogariamos do barco. — disse Kunikida — Precisamos ser os agentes mais precisos. Há pessoas contando com a gente. Essa é uma missão rainha, afinal de contas.

O grupo de pessoas que iam escondidos nos barcos tinham uma missão "especial". No total, eram 15. O suficiente para o que precisavam fazer. A tecnologia que protege a ilha era de ponta. Eles precisavam destruir tudo para que assim o resto dos agentes pudessem se aproximar sem medo de ser visto. Eles iriam demorar 60 minutos, e nesse meio tempo, os agentes escolhidos iriam se preocupar em não serem pegos.

Kenji, um dos agentes que estava entre a tripulação, avisou que eles haviam chegado. Todos deram uma olhada novamente em seu equipamento. Confirmando se estavam tudo nos lugares exatos. Chuuya havia acordado, e também se preparava. Após 15 minutos, eles foram avisados que poderiam sair. Como os guardas que ficavam na entrada se preocupavam com as pessoas que chegavam, os agentes se locomoverem pela água. Quando encontraram uma parte a qual não havia ninguém eles saíram, tiraram a roupa de banho e a deixaram escondida enterrada na areia.

Os outros agentes haviam se reunidos. Oda deu um breve resumo, novamente, sobre o que eram pra fazer e que acima de tudo era para tomarem cuidado. Eles tinham um objetivo: Fazer Ango e Ranpo chegarem a sala de controle.

Nós chegamos Atsushi, pensou Ryūnosuke, antes de começar a correr.

Gray Fur | Shin SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora