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O corpo de Atsushi moveu-se antes de sua mente. Os minutos seguintes foram um caos. Agentes entraram pelas entradas que havia no local. Enquanto alguns se moviam pelo chão outros estavam na pequena parte de cima do lugar — que era usado somente para as pessoas responsáveis pelo som se locomoverem.

Atsushi tinha apenas um objetivo: se aproximar de Mayumi, e para isso ele teria que passar por grupos de pessoas desesperadas para escaparem. Por causa de seus sentidos animais, ele conseguiu se mover bem melhor do que Ryūnosuke, que estava um pouco atrás dele. Enquanto a dupla vinha de um lado, Oda e Doppo vinha pelo outro. O objetivo deles: pegar Michio. Quando o quarteto chegou ao palco, o casal havia sumido.

— Eles ainda devem estar aqui dentro — começou Doppo — As entradas estão guardadas por agentes, se eles tentarem sair saberemos. Mas por enquanto, procurem e tentem ajudar também.

Ryūnosuke e Atsushi concordaram e obedeceram. Oda havia avisado pelo rádio sobre a situação dos Hayumi. Se eles tentassem fugir, eles saberiam. Por algum motivo Atsushi continuava ansioso e isso o estava incomodando.

— Não se preocupe, iremos achá-los. — disse Ryūnosuke — Agora, é melhor ajudarmos os agentes.

Com receio, Atsushi aceitou, preferindo assim não comentar mais nada. De um lado para o outro, a dupla ajudava a prender as pessoas. Muitos tentaram começar uma briga, que sempre era finalizada com Atsushi se metendo no meio em forma de tigre. Entre sua forma felina e humana, o acinzentado ajudou o máximo possível, porém quando o caos se acalmou um pequeno desespero cresceu em seu peito.

Quase uma hora foi necessária para acalmar a todos, e nesse período Michi e Mayumi não foram encontrados. A mente de Atsushi que  estava ocupada com a agitação de antes, agora estava cheia de preocupação. Ninguém viu eles saírem, logo o que se pensava era que eles não haviam fugido. Mas isso não era o bastante para acalmar Atsushi.

— Você quer ajudar na busca? — perguntou Oda tirando Atsushi de seus pensamentos — Estamos procurando por eles novamente.

Sem pensar duas vezes, ele assentiu. Quando ambos iriam se separar, Doppo os alcançou e a sua expressão não mostrava notícias boas.

— Ryūnosuke sumiu. — disse ele

O som das palavras seguintes de Doppo e Oda não chegavam aos ouvidos de Atsushi. A única coisa que ele ouvia era um leve zumbido. O seu corpo paralisou, a sua respiração foi diminuindo e sua visão foi ficando turva. Mas finalmente ele ouviu algo. Alguém disse o seu nome, antes de sua visão se tornar um preto total.

Quando o caos estava diminuindo, Ryūnosuke parou ao lado da escada do palco e viu. Uma pequena porta ficava na abaixo da escada. Quando ele caiu no chão foi quando perceberá a pequena linha que marcava ela. Quando ele empurrou, ela abriu. Com sua mente a todo vapor ele entrou.

O espaço era pequeno, para que ele pudesse continuar a porta teria que ser fechada. Ryūnosuke estava de joelhos e quando mais seguia pra frente, mais precisava se abaixar. Até que começou a se rastejar. Novamente, ele encontrou uma porta, de metal com grades. Seu desespero cresceu um pouco quando viu um trinco, indicando que precisava de uma chave. Sem querer, enquanto reclamava, ele bateu na porta e ela abriu um pouco.

— Idiota, não sabe nem trancar a porta. — disse enquanto saia.

Do lado de fora havia uma rampa, então ele deslizou com segurança e quando chegou ao chão, se levantou. Ryūnosuke resmungou novamente quando percebeu que havia três caminhos na sua frente. Qual?, era a pergunta em sua mente, até que ele notou a diferença. Luzes. O da direito havia poucas lâmpadas, era um caminho mal iluminado. A do meio era preenchida de luzes, enquanto a da esquerda era um breu total.

Por algum motivo, ele achou que o terceiro túnel era o certo. As pessoas claramente iriam escolher o caminho com o luzes, então o certo seria o escuro, né?

— Tsk.

Respirando fundo, ele seguiu o terceiro túnel. Com a mão na parede ele foi com cautela. Sua visão foi se acostumando com o caminho, porém mesmo assim, ele mal via a sua frente.

— Se esse for o caminho, eu mato o Michio por me dar tanto trabalho.

Acelerando o seu ritmo ele ia cada vez mais fundo. Era como se o túnel não tivesse fim. Três curvas foram feitas. Esquerda, direita e direita. Quando ele finalmente viu uma pequena luz, ele começou a correr. O lugar era igual ao de antes. Havia uma rampa que ligava a uma pequena porta na parede. Ele subiu na rampa devagar, e puxou a porta quando alcançou. Destrancada, novamente.

Esse era mais estreito. Se ele levantasse muito a cabeça, ele bateria no teto, porém dessa vez o túnel não mudava de tamanho. Ryūnosuke teve que parar algumas vezes para recuperar o fôlego. Após seis pausas, finalmente ele havia chegado ao final. Dessa vez não tinha grade e nem rampa, todavia o tamanho entre o buraco e o chão era pequeno. Então ele teve que tirar metade do seu corpo, alcançar o chão e sair.

Ryūnosuke estava cansado, sujo e irritado. O túnel dera em outro túnel. Largo, como um de estrada, mas sujo e mal iluminado e parecia que não se passava carro por ali. Pode ser uma ponte, pensou. E mais uma vez ele teria que escolher uma direção. Direita ou esquerda.

Ele suspirou, e pensando na melhor alternativa começou um dune dune te. Um grito o interrompeu na parte do "o sorvete". O som viera do lado esquerdo. Imediatamente, ele correu. A cena que ele viu, o encheu de raiva. Mayumi estava no chão chorando com a mão no seu rosto e Michio estava com o seu cinto na mão. Ryūnosuke apenas deixou seu corpo comandar, o fazendo dar um chute na cintura do homem.

Ele tropeçou, mas não caiu. E em seguida, retribuiu o chute. Ryūnosuke não era um bom lutador, mas era bom o suficiente para proteger partes importantes e também acertar partes importantes. Raiva, desprezo, nojo o fazia levantar e avançar encima de Michio toda vez.

Porém, ele tropeceu, com o seu desequilíbrio Michio alcançou com seu cinto e enrolou ao redor do pescoço de Ryūnosuke. Cada vez mais forte o acessório o apertava e o seu ar se limitava. Ele tentava ao máximo não desmaiar e se soltar. Suas forças estavam diminuindo, o seu corpo estava caindo, até que um grito chegou ao seus ouvidos.

Michio caiu ao seu lado. Sua cabeça sangrava. De pé estava Mayumi, em seu rosto havia sangue e suas lágrimas não caiam mais. Ela se aproximou de Ryūnosuke enquanto esse recuperava o ar. Ela o ajudou a ficar de pé, e caminhou para fora dali, com ele apoiado em seu ombro.

Luz, foi a primeira coisa que Atsushi viu. Sua cabeça doía, e com a claridade só piorava. Ele piscou. Uma vez, duas vezes, até que se acostumou. Quando olhou para o lado ele percebeu que estava numa cama de hospital, e quando olhou para o outro ele viu Ryūnosuke. Ele estava sentado ao lado da cama, e dormia com a cabeça apoiada ao lado de Atsushi.

O coração do acinzentado acelerou violentamente, e um grande alívio caiu sobre si. Pequenas lágrimas de alegria deslizaram pelo seu rosto. Sua mão alcançou o cabelo do moreno e fez um leve carinho ali. Ryūnosuke acordou segundos depois. Atsushi sorria por ver que ele estava bem, mas quando ele levantou, e seus machucados ficaram a mostras, a preocupação o dominou.

— Não se preocupe, eu estou bem — disse Ryūnosuke percebendo a sua reação — Você não precisa se preocupar.

— O que aconteceu?

Com um movimento involuntário Atsushi tentou esticar a sua mão, como se fosse tocar no rosto dele. Envergonhado ao perceber seu ato, ele baixou a mão e Ryūnosuke riu. O moreno apoiou o cotovelo na cama e pegou a mão do acinzentado colocando em seu rosto.

— Mayumi está segura e estou bem.

Atsushi não sabia o que dizer. Ele não saberia nem explicar o conforto que sentiu com as palavras de Ryūnosuke. Ele apenas sorriu com lágrimas finas caindo pelo seu rosto. Um leve carinho foi feito em sua mão. Por um segundo, Atsushi esqueceu onde estava sua mão. E por isso corou, fazendo Ryūnosuke rir novamente, mas dessa vez fora uma risada alta e mais duradora. Contagiado, Nakajima também riu. E ambos finalmente se sentiram leves após o dia cansativo.

Gray Fur | Shin SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora