HERÓI? - Capítulo 3

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- Vamos lá, você consegue Alec. Só mais uma vez.

Meus olhos estão fechados, mas consigo sentir toda a movimentação a minha volta, o calor dos corpos humanos é quase audível. Suspiro uma última vez e me transformo numa sombra. A transformação é meio bruta dessa vez, meu corpo está exausto.

Olho ao meu redor, tentando ignorar as dezenas de olhos humanos me encarando enquanto me mexo no segundo plano. Algumas pessoas dão leves pulos quando sem querer passo por seus pés – obviamente eles não sentem nada, mas o psicológico é sempre mais forte.

Dou voltas velozes pelo laboratório tentando captar alguma mudança, mas é a solidão de sempre. Absolutamente nada parece ter mudado.

Permaneço como sombra pelo o que deve ser um minuto, mas que pareceu uma eternidade para mim. Depois de concluir que tudo está igual, volto à forma humana. Fraco e cansado, caio sob meus joelhos.

Cora e outros dois sombranos vêm me aparar, ajudando-me a me erguer do chão e me levando até o sofá, uma barrinha de nutrientes especiais é colocada em minha mão. Faço menção de abrir a boca para falar, mas Cora ergue um dedo, me impedido. Ela se senta no sofá ao meu lado e coloca um estetoscópio no meio peito.

- Pessoal, deixem o garoto respirar. Circulando, circulando. – O Grã-mestre faz sinal para que os sombranos que se amontoam em nossa voltem para seus postos de pesquisa.

- Seus batimentos estão normalizando. – Ela suspira e tira o aparelho do meu coração. É estranhamente decepcionante ver suas mãos se afastarem.

- Nada mudou. Tudo parecia igual. Se ele estava aqui, deu o fora bem rápido. – Digo numa voz fraca.

- E o meteorito? – O Grã-mestre pergunta.

Retiro novamente a luva de minha mão e lhes mostro o meteorito. A poeira brilhante que saia antes desaparecera completamente.

- Então ele esteve mesmo aqui, claramente aquilo era a pedra reconhecendo a proximidade de um fragmento irmão. O que me preocupa é que esse portador ficou cinco anos sem o suporte da Academia, o que essa pedra pode ter feito com ele?

Tenho vontade de tranquilizar lhe dizendo que o portador pode ter acabado de descobrir a Academia. Entretanto, nem mesmo eu acredito nessa teoria.

As primeiras semanas são tão assustadoras.

Quando os meus pais me encontraram largado na sala, com uma pedra preta cravada na mão como se tivesse acabado de passar por um julgamento na idade média, eles ficaram desesperados.

Não havia hospitais por perto. As opções ali eram morrer e... perder a vida. Felizmente, tio John conhecia um casal de aposentados do exército. Um piloto de helicóptero e uma enfermeira.

Acho que eles devem ser o tipo de casal mais preparado para um apocalipse.

Tio John nos encontrou no meio da estrada e nos guiou com sua caminhonete laranja desgastada até a casa do casal. Eu estava no banco de trás com minha mãe, a cabeça em seu colo e quase um zumbi.

Apesar de terem a casa cheia de armas e fardas, os dois eram extremamente simpáticos. Assim que chegamos, a senhora Odette correu até nós – aparentemente já avisada da situação com um telefonema. Meu pai me ajudou a chegar até a casa e Odette preparou um sofá com almofadas confortáveis e um chá quente. Ela se abaixou perto de mim, no chão, e começou a me examinar.

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