- Você está com uma cara merda, ainda bem que vim sem a sua mãe. – Meu pai diz assim que abro a porta do carro prata.
- Não é só a cara. – Solto uma risada cansada e coloco o cinto de segurança. – Nós nem fizemos tudo. Vou ter que voltar algumas vezes durante os próximos dias. Eles querem fazer atualizações do meu poder de cura.
- Alguma novidade?
- Na verdade sim, mas não sei dizer se é boa ou ruim ainda. O outro portador do meteorito deu sinal de vida.
Observo a expressão do meu pai se modificar rapidamente para uma mistura de confusão e preocupação. Ele sai do estacionamento da Academia e passa pelo grande portão, nós dois acenamos para o porteiro e o segurança que ficam de vigia na entrada do instituto e recebemos a mesma saudação da parte deles.
- O que, mais especificamente, você quer dizer com "sinal de vida"? – Perguntou, por sim, após virar a esquina.
- O computador monstruoso do Oliver captou sinais completamente diferentes do meu na área de testes da Academia. Mas quando eu me transformei, não vi nenhum sinal de outra sombra portadora. Achamos que ele passou só para avisar de sua existência. Na verdade, acredito que o Grã-mestre te ligou porque está com medo de eu sair por ai procurando por ele se eu ficar sozinho.
- Nem é como se você lhe desse motivo para temer, não é? – Ironiza, revirando os olhos.
Ignoro completamente sua tentativa de me repreender por causa das minhas colaborações com a sociedade.
- Bem, levando em conta que eu não tenho um GPS de anormais, eu meio que nem tenho como procurar o cara.
- Isso significa que você vai ficar quietinho em casa durante toda a noite? – Ele ergue uma sobrancelha. Mostro-lhe um sorriso amarelo e ele bufa. – Você não é um super-herói dos quadrinhos, Alec.
Não, porque, diferente dos quadrinhos, eu sou de verdade. O meu garoto de dez anos interno comemora animadamente com esse fato. Quando eu era criança, eu sonhava com vários superpoderes incríveis, como super velocidade, invisibilidade, super força, poder de voo e muitos outros que eu via nos meus gibis, nos quais os heróis salvavam o mundo de bandidos quase tão poderosos quanto eles próprios.
Na vida real, não há vilões com poderes extraordinários e um plano de dominação mundial.
Mas no mundo, o crime também nunca descansa. Pessoas ruins estão por todas as partes, abusando do caráter das pessoas de bom coração.
- É o mínimo que posso fazer, pai. Esse poder não pode ser à toa, que sentido faria? É como aqueles velhos bilionários que não têm mais o que fazer com tanto dinheiro e gastam com criancinhas carentes.
- Você não é um velho bilionário, Alec. Nem é como se o poder fosse inesgotável, você pode morrer qualquer hora dessas!
- Então não terá sido uma morte em vão.
- Você é impossível. – Ele resmunga e eu lhe cutuco com o cotovelo.
- Agradeça à genética, cara. – Provoco-lhe.
- Só tente ser egoísta o suficiente para não matar sua mãe de preocupação, ok? Nenhum pai deveria presenciar o enterro do próprio filho.
- Credo, falando assim parece até que eu já morri. – Resmungo, enquanto passo as faixas tentando não ficar estressado com a lerdeza do rádio. – Tudo bem, não vou fazer nada por hoje, satisfeito?
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Herói ou Vilão?
Romansa"O herói sacrificaria o seu amor para salvar o mundo, enquanto o vilão destruíria o mundo para salvar o seu amor." (desconhecido) Quando a vida está em jogo, o que vale mais: O amor ou a ética? Alec e Bran fizeram suas escolhas, mas cada escolha tem...