Piloto

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– Mais feridos à caminho!

Essas eram as palavras que Sakura Haruno ouvia regularmente. Os tiros do campo de batalha sempre fizeram com que a jovem enfermeira se arrepiasse, no entanto, ela havia se acostumado com os barulhos horrendos com o passar dos anos. Nunca achou que se acostumaria, mas os outros enfermeiros haviam lhe avisado.

Estava nesse serviço a mais tempo do que pensou que ficaria. No início era apenas um aprendizado, mas acabou que ajudar as pessoas virou muito mais do que isso. Era doloroso ver as pessoas partindo, mas era revigorante conseguir salvar alguém.

De dentro da tenda ela via a fumaça se formar lá fora e era um alivio quando o barulho parava e o céu se clareava – mas era algo que demorava a acontecer. A guerra dos dez anos – era como chamavam. Sakura já não se lembrava de viver em um tempo que não existia guerra. O país estava despedaçado e as poucas cidades que ainda estavam intactas temiam por isso.

Sua mãe lhe mandava cartas regularmente. Cartas aos quais era difícil para a jovem Haruno responder – estava constantemente ocupada e nem se lembrava qual foi a última vez que conseguiu relaxar. Mesmo ao adormecer os sons e os gritos lhe assombravam. Não deveriam, mas era isso que faziam.

– Sakura? – chamou Hinata, a outra enfermeira. – Você está bem? Parece estar viajando muito hoje e precisamos de você.

– Ah, sim. – Sakura pisca muitas vezes e desvia o olhar enquanto os esfrega. – Sinto muito, eu estava pensando.

– Mais feridos estão a caminho e Kabuto precisa da sua ajuda. – explica Hinata.

Sakura assente imediatamente.

– Claro.

Hinata lhe lança um pequeno sorriso e logo volta a seus afazeres enquanto Sakura faz o mesmo, caminhando até o doutor que estava ocupado com um paciente.

As coisas não estavam bem por ali. O soldado na maca havia perdido muito sangue e o ferimento em sua perna parecia ser praticamente incurável. Sakura sabia no que isso resultaria.

Assim que Kabuto colocou os olhos nela o Yakushi apertou a perna do soldado com um cinto e Sakura assentiu sem que o médico precisasse dizer algo.

– Não, não! – esperneia o soldado. – O que vão fazer?

– Não se mexa. – diz Kabuto, o segurando o mais forte que consegue. – Se quiser permanecer vivo, essa é a única chance que tem.

Os companheiros do soldado ferido sabiam o que ia acontecer e estavam tentando lhe acalmar ao máximo enquanto Sakura buscava tudo o que Kabuto precisaria.

Ela chegou com as ferramentas e deu aos amigos do ferido algo para que ele pudesse morder durante o processo. Era possível ver as lágrimas dele já saindo e o coração da Haruno apertou-se completamente.

Kabuto não demonstrava reação. Ele já havia passado por isso várias e várias vezes. Ele era um bom médico e um cientista melhor ainda, parecia que nada podia abalá-lo em momentos assim. Suas mãos eram mais firmes do que de alguns soldados ao empunhar uma arma.

O médico respirou fundo e colocou suas mãos na perna ferida e Sakura fez o mesmo para ajuda-lo e auxilia-lo se preciso. Desse modo eles trocaram um olhar e Kabuto imediatamente começou a cortar a perna do soldado com o serrote.

Os grunhidos do homem faziam o coração da garota disparar. Sua empatia era demais e isso lhe machucava. Acostumou-se aos sons de tiros, mas isso... Isso sempre seria difícil.

Por sorte, Kabuto era um dos melhores médicos que eles tinham e suas mãos eram rápidas o suficiente para conseguir cortar uma perna em instante e para poder amenizar a dor daquele sofrimento. E foi isso que o Yakushi fizera.

Amores em guerra - MadasakuOnde histórias criam vida. Descubra agora