Cap. 58

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  Meu coração nunca esteve tão acelerado. Eu estava agachada atrás de um balcão com uma arma na altura da minha cabeça, grudada na minha testa.

A qualquer momento eu atiraria. Eram três contra um. Eu estava com a cabeça na lua quando aceitei essa missão suicida. Eu prendia a respiração tentando evitar o máximo possível de som audível.

Espiei rapidamente e vi que estava tudo limpo, mas eu não estava sozinha no edifício. Engatinhei para o balcão um pouco mais a frente. Teria que sair dali logo caso eu não quisesse morrer. Deixei uma faca com ponta curvada de fácil acesso a vista caso eu precisasse de combate corpo a corpo.

   - Ela deve estar aqui. - um homem disse e ouvi passos.

Consegui ouvir três respirações. Eles estavam aqui. Provavelmente um indo para cada canto, ou eu matava, ou fugia. Tinha analisado cada um quando tive chances momentos antes, precisava ir de encontro ao mais fraco.

Ainda agachada, corri para o lado esquerdo. O homem era um frangote, teria pena de mata-lo caso ele não tivesse feito um corte no meu braço. Precisava ser rápida, um tiro atrairia atenção. Peguei a arma de choque e investi com tudo em suas costas. Agarrei seu corpo e enfiei a faca em seu pescoço. Sangue espirrou em meu rosto.

Retirei a faca e continuei andando. Não podia fraquejar, não quando minha vida corre risco. Olhei para o lado e vi o outro homem desatento. Fiz uma carambota que me impulsionou para ficar em pé, mirei e atirei. Precisava agradecer Clark mais tarde pelas aulas de miragem. O tiro foi direto no braço do homem, e a bala não atravessou, o que significava que ele morreria de hemorragia interna.

   - Desgraçada. - ouvi o homem baleado gritar e disparei para a saída.

Meus passos foram precisos e eu andava em zigue zague para dificultar, caso o outro homem estivesse tentando mirar e atirar em mim. Ouvi ele correndo atrás de mim e sorri. Esperei um tempo para ele decorar meus movimentos e dei uma estrela para trás. Meu corpo foi com tudo no chão e girei a perna, que chutou o pé do homem, o fazendo desequilibrar.

Como eu imaginava, a mão dele segurava uma arma e o dedo estava no gatilho. A arma disparou no teto. O homem resmugou mas rapidamente se levantou. Fiz uma outra carambota passando por baixo de suas pernas e esfaqueando suas costas. Chutei seu traseiro e ele caiu de joelhos no chão.

Na mesma hora que retirei minha faca assassina, Clark apareceu no corredor aliviado por me ver respirando. Corri para a saída assim como ele, mas antes que eu saísse, ele jogou uma bolsa no ar e eu peguei. A bolsa era pesada, conseguia ouvir um atrito dentro dela.

Sai pela lateral e Clark pelos fundos. Sabíamos que uma equipe estaria esperando por Clark, ele teria que lidar com aqueles caras sozinho. Me joguei para dentro da vã e o motorista acelerou. Ele deu a volta pelo prédio e me preparei para o próximo passo. Peguei um fuzil e posicionei na janela.

A vã passou pelos capangas rivais e a pancadaria começou. Os tiros foram certeiros na cabeça de cada um deles, evitando Clark que estava com as mãos levatandas em forma de rendição, segurando uma bolsa idêntica a minha, porém com tijolos dentro. Abri a porta e Clark entrou num pulo.

A vã disparou para o asfalto. Meu coração pulava as batidas, minha respiração tropeçava e minhas mãos suavam. Estava em choque com tudo que havia feito. Olhei para Clark que tinha se jogado no estofado do assento e olhava para cima rindo. Ele voltou a o olhar para mim com um sorriso vitorioso. Sorri aliviada. Conseguimos.

   - Não duvidei de você nem por um segundo. - ele me disse me fazendo gargalhar.

Antes de aceitarmos essa missão, ele estava nervoso e preocupado com o fato de que eu teria que atirar naqueles capangas e acertar um tiro na cabeça de cada um com a vã em movimento.

O garoto da realidade ao ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora