Posso te fazer uma pergunta?

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Arthur

São 15:00, cheguei no aeroporto de São Paulo, tinha esquecido que em agosto faz muito frio nessa cidade, resolvi alugar um carro porque não pretendo ir de uber até o condomínio da Carla, afinal o encontro vai ser sigiloso, daqui vou direto para o Flat que sempre fico quando estou na cidade, mas só de pisar em solo paulistano me deu um frio na barriga, repasso mentalmente tudo o que preciso falar com ela.

Aproveitei a vinda a capital da garoa e marquei um aulão com os meus alunos da box aqui de Sampa, gosto de fazer esse tipo de evento para incentivar os alunos a seguirem nos treinos, o evento será amanhã no final da tarde, espero estar bem psicologicamente para isso.

No relógio do carro apontam 20:20, verifiquei no waze e consta 40 minutos até o condomínio de destino, não quero chegar com as "mãos abanando", resolvo chegar em uma conveniência e comprar uma caixinha de Ferrero Rocher, sei que ela gosta.

Estaciono na guarita e dou sorte que é naquelas que só tem um interfone, toco, me identifico e falo que irei na casa 16, porteiro interfonou para checar, me explicou como chegar na residência e liberou a minha entrada, meu coração bate em disparado, será que chegarei vivo?! Chegando no local, estacionei o carro na vaga da garagem, a casa é linda, tem estilo contemporâneo, em tons de branco e cinza e detalhes em amadeirado.

Checo meu visual no espelho do carro pela milésima vez, será que esse boné realmente ajuda no disfarce? Coloquei uma calça jeans mais descolada, e um blusão de tricô preto. Sigo até a porta, toco a campainha e prontamente Carla abre a porta, Meu Deus, fiquei estático, ela estava linda, estava vestindo um vestido de manga longa, rosa e botas de cano alto pretas, cabelo cacheado e o perfume, ah o perfume, era aquele, o inesquecível, golpe baixo dona Carla.

Carla me tira do transe falando:

Carla: - Não vai entrar? Quer que meus vizinhos te vejam garoto?

Arthur

Entro em seguida e ensaio um abraço, confesso que foi estranho, meio frio, eu estava totalmente sem jeito e ela já tinha percebido.

Arthur: - Boa noite, tudo bem? Desculpa, fiquei nervoso, tu deves ter percebido, minha mãe sempre me ensinou a levar algo quando se visita alguém, então te trouxe uma caixinha de chocolate.

Carla: - Obrigada Arthúr, muito gentil da tua parte, mas vem, vamos sentar na sala, quer beber alguma coisa? Tem coca zero, cerveja, vodka, vinho, espumante e whisky.

Arthur: - Aceito uma coca zero, estou dirigindo, não posso beber.

Carla: - Ok, te importas se eu beber vinho, confesso que nesse frio de São Paulo é só o que me esquenta, ah e pedi sushi no delivery, sei que tu não gostas muito, mas pedi daqueles fritinhos que tu gostaste no nosso último encontro.

Arthur: - Pois saiba que agora eu amo sushi, aprendi a gostar e agora não passo uma semana sem comer, e como de tudo.

Carla

Sigo para a poltrona que tem ao lado do sofá que o Arthur está sentado, lhe entrego a latinha de coca e um copo e dou um bom gole no meu vinho, até então estava tranquila, mas agora estou apreensiva com o que ele tem a me dizer.

Carla: - Então Arthúr, o clima está meio estranho, acho melhor conversarmos logo o que tu tanto queres falar e me questionar porque adiar só vai piorar a situação...

Arthur

Tomo um gole da minha coca e respiro fundo, é agora.

Arthur: - Então Carla, confesso que tinha decorado tudo o que queria te falar e te perguntar, mas quando te vi tudo sumiu da minha cabeça, ainda estou meio aéreo, então vou falar com o coração, talvez fique um pouco confuso, mas vamos tentar... é o seguinte, no passado, quando decidimos que nosso relacionamento não iria vingar por conta de toda mágoa que tu tinha ainda, a pressão da mídia, a curiosidade dos fãs, enfim, decidimos que deixaríamos por conta do destino e eu talvez na ingenuidade achei que isso era somente um tempo afastados e ficaríamos juntos em algum momento, mas quando vi que tu estava namorando meu mundo caiu.

Carla: - Mas Arthúr, esse negócio de deixar por conta do destino, para mim, era uma desculpa para o fim não doer tanto, eu sabia que tão cedo não nos entenderíamos, e sem contar que eu esperava que você fosse ficar por perto, "brigar" mais por nós, me mostrar que estava tentando mudar, mas aconteceu ao contrário, você se afastou, seguiu com a tua vida, sempre via você com affairs em sites de fofoca.

Arthur: - Eu achei que esse tempo afastados nos mostraria o quanto nós nos gostávamos e isso iria nos trazer para perto de novo, tentei interagir nas redes sociais contigo e como não obtive retorno entendi como uma resposta negativa, e quase todos os affairs não existiram, foi invenção da mídia.

Arthur

O silencio se fez e a Carla tomou mais alguns goles do seu vinho e ficou olhando para dentro da taça como quem quisesse achar uma resposta ali, respirei fundo e quebrei o gelo com uma pergunta...

Arthur: - Carla, posso te fazer uma pergunta? Promete responder com muita sinceridade?

Carla: - Claro Arthúr, sempre fui sincera com você e com os meus sentimentos.

Arthur: - Se antes de tu começar a namorar eu tivesse lutado, te reconquistado, tu ficarias comigo? Assumiria nosso relacionamento?

Carla

Fiquei um pouco surpresa com a pergunta, e até um pouco na dúvida do que responder, tomei mais dois goles grandes do meu vinho, coloquei a taça na mesa de centro, e respondi:

Carla: - Então, nunca tinha pensado sobre essa possibilidade, me pegou desprevenida, mas se tu me provasse que mudou, que estava disposto para fazer de tudo para dar certo ficaria sim contigo, sempre deixei bem claro que tinha muito sentimento aqui dentro e assumiria sim o relacionamento quando estivéssemos ciente de que era algo solido e que tinha futuro.

Carla

Arthúr se mantinha mudo e com um sorriso amarelo no rosto e depois de falar aquilo tudo fiquei pensando, será que eu tinha sentimento ou ainda tenho? No ar pairava um clima pesado e o interfone toca, opa, salva pela comida, me levantei, atendi o interfone, e segui para a porta para recepcionar o motoboy, enquanto isso o garoto continuava imóvel olhando para o nada, feito uma múmia.

Arthur

A resposta que eu queria veio, foi bom e ruim ao mesmo tempo saber de tudo isso, bom por ter sanado a minha dúvida sobre a possibilidade de que Carla estava disposta a ficar comigo e triste por ter perdido a chance de ter uma mulher maravilhosa ao meu lado, por ter sido burro e imaturo, mais uma vez. Carla chega quebrando o silêncio e me chama para comer na bancada da cozinha, me levanto e decido encerrar esse assunto e falar de coisas aleatórias, já tinha a minha resposta, agora era aceitar, comer e ir embora.

Continua....

ELA VAI CASAROnde histórias criam vida. Descubra agora