Capítulo dois

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"Chegue mais perto
No fundo
Você pode gostar do que eu encontrei
Não posso lutar contra essas más intenções."
Digital Daggers - Bad Intentions.

Rosalie Bianchi

A conhecida frase "O álcool antes de matar, humilha" nunca fez tanto sentido em toda a minha vida.

E é isso que estou sentindo as oito e meia, deitada na minha cama com a cabeça girando e o estômago querendo sair pela boca. Sem falar na maldita ressaca. E o que me deixa mais puta é que isso não parece acontecer com a radiante Elizabeth que está andando para lá e para cá com um blush na mão direita e o celular na mão esquerda.

E quando ela me entrega o aparelho, eu fecho os olhos e tento mentalizar paciência.

— Nem começ...

— Se não aparecerem aqui em dez minutos, eu mato vocês. – Jensen está tão acabado quanto eu, mas ainda assim consegue gritar.

— Primeiro: cala a boca. E segundo: ninguém mandou vocês organizarem uma festa. Se virem. – Respondo e vejo Bradley aparecer lá no fundo.

— Rosie, vem logo, por favor... – Sua voz chorosa me dá vontade de rir. – Precisamos de você e da Elizabeth para ajudarem na limpeza.

Apesar de eu odiar limpar a bagunça dos outros, eu vou para o banheiro e tomo um banho, pois sei que Jensen não vai me deixar em paz.

Mas isso não significa que sou empregada, e é por isso que eu jogo um pacote pesado de sacos de lixo em cima do Leon que está jogado no sofá com um braço cobrindo os olhos. Ele geme de dor e levanta a cabeça, me olhando furioso.

— Qual é o seu problema?

— Qual é o seu problema? – Cruzo os meus braços, devolvendo o olhar. – Levanta e vem nos ajudar. Não sou sua empregada.

Sério, desde que eu cheguei aqui, o cara só sabe reclamar, não ajudando em porra nenhuma. E se tem algo que me irrita profundamente, é pessoa folgada.

Ainda mais quando essa pessoa é Leon Howard.

Lembro da frase "álcool antes de matar, humilha" e chego à conclusão de que o álcool me fez sentir uma pequena atração por ele na festa.

Isso, foi o álcool.

Porque não há outra explicação para do nada eu sentir atração pelo cara mais fechado, frio, implicante e idiota da universidade.

Então, sim, foi o álcool.

Eu não sei que porra deu em mim para ter feito o que eu fiz ontem. Desde que comecei a estudar aqui, Leon virou meu inferno pessoal e eu o dele. Ainda mais por ele morar na mesma casa que o meu melhor amigo, o que já gerou estressantes conflitos e diversas discussões, pois como diz o Logan: nós só sabemos nos provocar.

O motivo? Não nos toleramos. E desde a primeira vez que o vi bancando o babaca e bati de frente com ele, nossa guerra pessoal começou.

— Você está na minha casa mandando em mim? – Leon pergunta com um ar debochado.

— Sim. – Respondo o óbvio. – E é exatamente por eu estar na sua casa que você deve ter o senso de limpar.

— Não enche, Rosalie. É claro que vou ajudar, só estou tentando melhorar.

— Oh, verdade! Você é o único de ressaca aqui. – Reviro os olhos. – Levanta logo.

Ele resmunga e se levanta enquanto eu dou as costas e vou para a cozinha, jogando garrafas de cerveja dentro de um saco.

— Jensen, sua amiga é insuportável assim mesmo ou é só a ressaca? – Ouço a voz do Leon e antes que eu possa responder, ouço um grito.

— Jesus! Um caminhão passou por cima de você? – Bradley, que está descendo a escada, me olha com horror.

— Rá, rá, engraçadinho. Pega esse pacote na mesa pra mim.

— Além de insuportável e reclamona, é mandona. – Leon resmunga e eu lanço um olhar repleto de fúria para ele.

E então nos concentramos na limpeza até onze e meia, horário em que a casa se encontra brilhante e reluzente.

Me jogo no sofá, vendo Jensen aparecer no corredor principal.

— Fodeu.

— O que foi? – Lizzie se preocupa.

— Eu não entendi direito, mas parece que estão precisando de outra pessoa na delegacia para limpar a barra.

— Mas o Logan já não está lá desde que a viatura parou aqui mais cedo? – Ela torna a perguntar.

— Sim, e precisam de alguém sem drogas no organismo para estar lá. Fala sério, quem foi o imbecil que deixou ele ir?

— Ah, porra. – Bradley bate a mão na testa.

— Eu vou. – Eu e Leon falamos no mesmo instante, nos encarando. – Eu vou, Leon. Eles precisam de alguém limpo.

— Ah, o álcool no seu corpo não vai constatar nunca.

— E no seu não? – Cruzo os meus braços. – Eles precisam de alguém limpo de drogas. Eu vou.

— O que te faz pensar que eu uso drogas? – Ele rebate enquanto se aproxima, me encarando, e então eu levanto o meu queixo, mantendo a minha postura e me preparando para revidar.

— Mas que porra. – É a vez do Jensen interromper. – Entrem logo no carro e vão os dois.

Nós nos calamos e nos dirigimos até o lado de fora.

— Eu dirijo. – Ele declara.

— Por que você?

— Porque eu bebi menos que você. – Reviro os meus olhos e ele bufa alto, entrando no carro e me encarando. – Caralho, Rosalie, você não consegue ficar dois minutos sem discordar do que eu falo?

— Mais alguma coisa para essa manhã, Leon? – Nos encaramos e ele faz sua melhor cara de paisagem. – Chata pra caralho, reclamona, mandona, só sei discordar... – Vou listando tudo o que ele falou até agora.

— Nah, ignora. Deixa apenas o "chata pra caralho".

— Melhor o "reclamona", é o mais verdadeiro.

Me arrependo de ter falado isso no momento em que vejo seus lábios se curvando em um sorriso lascivo e ele me olha nos olhos, pronunciando com a voz rouca:

— Não reclamou quando sentou com vontade no meu colo horas atrás, não é?

ImpremeditadoOnde histórias criam vida. Descubra agora