"Isso me deixa ansioso, me dá paciência, me acalma
Deixe-me encarar isso, deixe-me dormir e quando eu acordar
Deixe-me respirar."
The Neighbourhood - Afraid.Rosalie Bianchi
*ALERTA DE GATILHO*
O vento frio bate no meu rosto e joga alguns fios do meu cabelo para trás enquanto a música Afraid da banda The Neighbourhood ressoa nos meus ouvidos. O moletom grosso está protegendo meu corpo, mas não a minha cabeça, que está tão desprotegida quanto a minha mente.
Em momentos assim, sozinha na varanda do apartamento com um cigarro entre os meus lábios, a minha mente vira totalmente contra mim, trazendo à tona toda a escuridão da qual eu tentei e tento fugir.
Tento afastar o cigarro, repetindo para mim que isso não faz bem, mas sei que enquanto o pequeno cilindro de tabaco for o responsável pela pequena produção de dopamina no meu corpo, não conseguirei deixar de lado.
Pelo menos não completamente, já que me impede de surtar toda vez que estou à beira de uma crise.
Recordações da minha cidade natal sempre me deixam com o humor abaixo de zero. Muitos acham que vim para a Carolina do Sul devido à prestigiada Universidade, porém não é verdade, não completamente, na verdade, já que agarrei a primeira oportunidade que tive de sair de lá por causa dele.
Respiro fundo tentando não me lembrar dos parentes e amigos que deixei para trás, porém é difícil esquecer quando meu celular começa a vibrar.
— Jace! — Pela primeira vez em um domingo frio e nublado, um sorriso verdadeiro aparece com a ligação do meu irmão.
— E aí. — Sua voz doce soa. — Como você está?
— Bem, e você? — Solto a fumaça e observo um casal andando na rua. — Como a mamãe e o papai estão?
— Estamos todos bem. — Ele suspira. — E com saudade também. Liguei para perguntar se você vem nas férias... — É a minha vez de suspirar.
— Jace, você sab...
— Eu sei, eu sei... — Ele me corta, parecendo derrotado. — Me desculpa, Rosie, eu sei o quanto é difícil, mas pensei qu...
— Minhas férias nem acabaram ainda e você já está me perguntando sobre a próxima? — Forço uma risada, mas meu peito aperta, me fazendo segurar as lágrimas que começam a se formar.
— Você sabe que é mais forte que tudo isso, não sabe? — Ele ignora a minha tentativa e eu apenas suspiro mais uma vez.
— Depois, tudo bem?
— Tudo bem. — Ele parece desanimado. — Eu te amo, Rosie. Nunca esqueça.
— Eu também amo você.
— Mamãe e papai saíram para as compras, mas me fizeram prometer que mandaria um beijo por eles.
Eu respondo, desligo e as lágrimas caem.
Maldito cigarro e sua dopamina que falharam.
Conversar com Jace é sempre difícil porque quando se trata de mim, o mesmo não consegue enfrentar o dilema que há muito tempo eu deixei para trás: ir ou ficar. Quando eu estava sufocada em Michigan, não conseguia ficar, então me deixei ir.
Mas não foi tão fácil para Jay, já que eu era a única pessoa em quem ele se apoiava. Ainda sou, claro, mas as coisas mudaram muito.
Tudo mudou.
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Impremeditado
Romansa1. substantivo masculino em que não houve ou não há premeditação; que não se planejou com antecedência; impensado, imprevisível, incerto. 2. substantivo masculino caso fortuito; acidente, acaso. Acidente. Algo imprevisível. Acaso. Talvez sejam essas...