Capítulo 02

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Boa leitura!

— Você nem me deu a oportunidade de dizer o que eu sentia e o que compreendi de tudo o que foi jogado na minha cara. — senti vontade de chorar naquele momento, ele parecia genuinamente bravo.

Dei um passo à frente pensando em algo que poderia dizer e usar a meu favor.

— V-você prometeu não brigar comigo… — funguei olhando-o aproveitando que meus olhos haviam se acostumado com a escuridão que estava no quarto — Se está bravo, porque veio atrás de mim?

— Esse sempre foi seu mal, Jeon, se deixar levar por essa cabecinha. Porque nunca me falou antes? — ele deu um passo à frente igualmente a mim. Sabia que seu olhar estava em mim, em tudo o que eu fazia.

Me senti explodir, e pela primeira vez, em anos, gritei.

— Calado! — levei as mãos à minha cabeça e neguei — Para que? Me diga! Para ser rejeitado? Eu tinha treze anos Jimin e você vinte, o que ia fazer? Esperar chegar aos dezesseis e dizer que sentia o mesmo? Me desculpe pelo que vou falar, mas você nunca demonstrou nada e muito menos gostar de homens! Ainda tinha Eubin, de longe se via que não era só amizade que estava rolando ali. Olha para mim, onde sou atrativo? — girei em meu próprio eixo enquanto sentia as lágrimas caírem em abundância pelo meu rosto e a minha voz falhar a cada segundo — Corri e vou continuar fugindo. Se você veio aqui para me dizer o óbvio e que não sente o mesmo… pode ir embora, por favor… —apontei para a porta do meu quarto.

Seu olhar estava preso ao meu, e eu sabia o quão acabado deveria estar, mas quando ouvi um soluço que não era o meu, me perdi em seu rosto.

Era a primeira vez que o via chorar.

— Eu te amo! Eu sempre te amei, mesmo que inconscientemente, eu sempre te amei! — o vi erguer as mãos e secar o rosto bruscamente — Desde seus dezesseis anos percebi que aquele carinho ia além do que realmente parecia ser. Eu me senti um monstro por estar gostando de alguém tão mais jovem e ingênuo. Para mim era tão errado olhar para você e pensar como seria te abraçar, te beijar e cuidar de você de uma forma que somente casais podiam. Fui para o quartel, e muitas vezes, chorava por ver meus colegas tão livres para falar de seus amores e de como as malditas noites foram regadas a um sexo, como não viam a hora do final de semana chegar para se reencontrarem e matarem as saudades de suas amadas. E eu? Tinha que fingir não amar ninguém e ter alguém me esperando, pois eu te amava e aquilo seria errado de tantas formas. Você ter dezesseis anos não ajudava, continuava errado. Você não sabe a dor que senti quando te vi junto aquele tal de Jaebum nos dias dos namorados. Doeu demais saber que possivelmente você estava saindo com seu primeiro namorado e possivelmente seu primeiro em tudo. Eu queria ser ele. Eu queria ter dezessete anos novamente. — sua respiração se encontrava igualmente a minha, acelerada.

Levei minhas mãos ao rosto negando com a cabeça, eu custava acreditar naquilo. Doía tanto que eu não sabia como estava aguentando.

— Eu nunca passei de um selar… — confessei abafado pelas minhas mãos — Tentei, mas só vinha você a mente e de como poderia ser você me tocando. Jaebum foi uma tentativa vazia de mudar de horizonte, não durou nem uma semana. Que namorados não se beijam e fazem declarações? Nem posso considerar um namoro. Depois de tanto me martirizar parei, não tentei mais. Minhas companhias foram os livros de romance e imaginar como eu poderia ser a protagonista e você a paixão da vida dela. Porquê? Porque amar dói, Hyung? Não era para ser algo bonito e gostoso de se sentir? — não obtive respostas, mas pude sentir meu corpo ser puxado ao encontro do mesmo. Meus braços rodearam seu pescoço e os seus fizeram os mesmo com a minha cintura.

Nossos rostos estavam a milímetros de distância, ambos chorosos e visivelmente mais livres. Quando falamos o que sentimos e choramos, é como se ocorresse uma libertação de nossa mente e alma. Era deveras gratificante estar livre e ao lado do mesmo.

DESEJO | JIKOOK •REPOSTANDO•Onde histórias criam vida. Descubra agora