78 | Poesia 21

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Bárbara Narrando

5 anos depois

- GEIZON, LARGA ISSO -taquei minha pasta nele-

- sua filha da puta -massageou o peito que acertei a pasta e dei uma risadinha-

- quando você me pedir consulta de graça vou lembrar dessas palavras -catei a pasta do chão-

- lembra de todas as vezes que você tentou me matar nos últimos anos também

Ele se aproximou enquanto comia um dos docinhos que passei a tarde inteira pedindo pra ele não comer.

- você só me estressa -resmunguei-

Semana passada ele teve um problema no estômago e não estava podendo comer besteiras, mas quem disse que ele ouve as coisas que digo?

- e você me ama mesmo assim -me abraçou de lado e encostou o queixo na minha cabeça-

- eu te suporto, é diferente -ele riu-

5 anos, foram os 5 anos mais exaustivos da minha vida, mas eu finalmente consegui me formar e agora eu tinha acabado de inaugurar meu consultório que foi fruto do meu próprio suor.

Ao decorrer dos semestres por eu me destacar na turma, consegui um estágio em uma escolinha de crianças de até 9 anos.

Nunca pensei que me daria tão bem com crianças e hoje eu não vivo sem elas, é tão gratificante ver elas me tratando com carinho e me chamado de "tia babi".

- Bárbara sua agenda da semana que vem já está cheia -a Manuella falou enquanto conferia o ipad nas suas mãos-

Eu conheci a Manu há uns 3 anos na pracinha que costumo levar o Théo e desde então viramos amigas e agora ela trabalha comigo.

- e agora o que é que eu faço? -olhei o Geizon que deu de ombros-

Eu já fiz estágio, trabalhei em clínicas, mas agora era diferente, era o meu consultório, meu cantinho e estava uma pilha de nervos.

- agora tu põem em prática o que você aprendeu esses anos todos, não é nada que você já não tenha feito em outros consultórios ou na escolinha

- você tá certo -sorri- brigada por sempre ficar do meu lado

- é pra isso que os melhores amigos servem

- agora você já pode vazar -a Manu falou- o horário de lanche dela acabou e o próximo paciente tá chegando

- preferia a Bárbara desempregada que tinha tempo pra mim -resmungou-

- começa a me sustentar que eu desmonto esse consultório -empurrei ele-

- uma rima paga muito mal meu salário, se liga

- vai embora vai -ri-

- vou partir porque vou gravar minha parte em poesia 21 -esfregou as mãos-

- essa merda nunca mais acabou né

Quando eu voltei pro Rio já estava na 9 e desde então é uma atrás da outra, mas não podia negar que eu me amarrava.

- cala a boca -empurrou minha cabeça-

- manda o Filipe tomar no cu por mim -ri fraco-

Eu não vejo o Filipe dês do dia da inauguração do consultório, a vida dele está uma correria já que ele lançaria um álbum em breve e a minha estava uma correria também, ainda mais agora que me mudei, não podia viver na aba do meu irmão pra sempre.

- pode deixar -o falso índio assentiu-

Ele deixou um beijo na minha testa, um selinho nos lábios da Manu e saiu praticamente correndo.

Depois de tanto eu dar uma de cupido consegui com que o Geizon e a Manuella tivessem algo e era um dos casais mais fofos e malucos que já vi.

- já mandou a fichinha pro meu ipad? -olhei a Manu-

- já sim -sorriu-

- valeu

Ajeitei minha saía lápis e entrei na minha sala fechando a porta em seguida, me sentei na cadeira e peguei meu ipad pra ler a ficha do paciente.

- licença, desculpa o atraso

Levantei o rosto e engoli em seco assim que meus olhos pararam no maldito preto que manda nos meus pensamentos por malditos 5 anos.

Era raro a gente se ver já que nossas vidas eram uma correria e ele meio que se afastou do Filipe depois da nossa última conversa.

Ao total eu vi ele umas 5 vezes nesses últimos 5 anos e todas as vezes foram muito breves e só trocamos algumas palavras, da última vez ele estava namorando uma menina linda por sinal.

- boa tarde -olhei a ficha como se não soubesse o nome dele- Lennon

- boa tarde, doutora

••

boa noite

quem gostou bate palma, quem não gostou paciência 👋🏽
brincadeirinha!

Sex with me - L7nnonOnde histórias criam vida. Descubra agora