ELENA
Austin viera deixar papai em casa pouco tempo depois da minha pequena conversa com a Olivia. Enquanto ela tinha ido ao andar de cima ajudar a mamãe a preparar o quarto que o papai ia ficar, eu permaneci deitada no sofá, encarando o teto, processando e pensando nas palavras ditas pela minha irmã. Confesso que não esperava essa postura da Olivia e fiquei um pouco ressentida, ainda que ela tivesse os seus motivos particulares para aquele discurso. No fundo, acredito que as suas intenções eram boas; apesar de tudo, a Olivia nunca foi o tipo de garota que machuca propositalmente as pessoas com as suas opiniões... e, espero que ela não esteja se tornando alguém sem empatia.
Depois que papai foi ao lavabo, ele veio até mim, sentou-se no sofá e conversamos um pouco antes de nos arrumarmos para ir à casa dos Parker.
— Como foi o seu pequeno passeio-desvio com o Austin? — Perguntei, em tom de brincadeira, enquanto ele se endireitava com as almofadas.
— Foi muito agradável, senhorita! — Com o olhar entrecerrado, ele sorriu. — Ele me levou à uma lanchonete perto da casa dos pais, um lugar super tranquilo. Conversamos sobre a faculdade dele, sobre a festa da Olivia, e... — Por um segundo, o meu pai hesitou como se estivesse prestes a falar o que não deveria — bom, falamos sobre coisas de rapazes. — Deu de ombros. — Ah! — Exclamou. — Você não vai acreditar no que aconteceu. — Disse empolgado. — Austin conheceu uma moça enquanto saímos da lanchonete.
— Sério?! — Respondi exultante, alegre com as boas novas sobre o meu amigo. — Poxa, papai, isso é ótimo!
— Sim, minha filha! Ele ficou bastante entusiasmado com essa moça, e ela aparenta ser gentil, doce, de muita boa índole. — Cruzou os braços, sorrindo, satisfeito, como se o Austin fosse o seu próprio filho. — O mais engraçado disso tudo é que eles estudaram na mesma escola, pelo que entendi, mas ainda não se conheciam, você acredita?
Estudaram na mesma escola? Que curioso!
— Qual é o nome dessa moça, pai?
— Ham... deixe-me lembrar... se eu não me engano ela se chama Beatrice. Beatrice Peterson... não, Peterson... não, Miller... não... — Atrapalhou-se ao tentar lembrar do sobrenome da moça. — DAVIS! Isso! Beatrice Davis!
Ao ouvir o sobrenome, quase me engasguei com a saliva. Levantei-me subitamente e fiquei encarando o papai durante alguns segundos com as sobrancelhas erguidas e os lábios entreabertos.
— Filha, você está me assustando.
— Papai, você tem certeza de que o nome dessa moça é Beatrice Davis?
— Sim, tenho. Por quê? Você a conhece? — Fitou-me, desconfiado.
— Se for a mesma pessoa que eu estou pensando, e isso seria a maior das coincidências que esse Universo poderia proporcionar nesse momento, a Beatrice é a "ex-namorada" — Fiz aspas com os dedos — do Ben.
— Por que as aspas?
— Eles nunca namoraram de fato, foi apenas um rolo. — Desviei o olhar. — Chega a ser engraçado conciliar as características que você mencionou com a Beatrice Davis que eu conheci na escola.
— Bom, Elena... independente do que tenha acontecido no passado, as pessoas mudam quando abraçam as segundas chances da vida. Você, mais do que qualquer outra pessoa, deveria reconhecer porque sabe perfeitamente que isso é verdade.
— Eu sei, papai, eu sei... — Suspirei — é que... eu fico pensando... será que ela e o Ben voltaram a ter contato depois que fomos para a Califórnia? Será que rolou alguma coisa entre eles de novo? Ai, meu Deus... — Joguei-me no sofá e exalei profundamente.
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FINE LINE: Do Outro Lado Da Linha | LIVRO #2
RomanceAtravessar a linha tênue não tem sido fácil para Ben e Elena, pois os caminhos diferentes também se tornaram caminhos separados. Talvez a linha de chegada esteja tão distante quanto a Terra está de Saturno, e nunca haverá como saber o que está por v...