Castigo

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  Sara estava em seu quarto, jogou a mochila em cima da cama, atirou as botas sujas de lama para um canto, bateu a porta com tamanha força que era como se estivesse implorando para que a raiva saísse dela e criasse vida própria.

  Por um momento, um curto momento que se fez longo, ela parou. Olhou em volta até onde as quatro parede do quarto permitiam.
Estava sujo! Sujoimundo! Ela sentiu nojo de sua própria desorganização, não parecia que aquele era o quarto de uma garota que se dizia tão organizada quanto ela. Na verdade, isso se deu porque ela estava ocupada demais organizando tudo e todas as coisas em sua volta e em si, que simplesmente, esquecera do quarto.

Sara tinha acabado de chegar do colégio. Foi uma manhã tensa! Ontem tinha esquecido da prova que teria prova hoje, pois estava hipnotizada demais com um filme de ação que passou naquela tarde. Acordou em cima do horário, pois virou a noite debruçada aos livros de história e a suas anotações.

— Você tem que comer Sara, uma mente faminta funciona tanto como um cego em tiroteios.

Ela quase engoliu o pão, em mordidas bruscas e grotescas dignas de um ogro ou de um homem das cavernas. Sua mãe, ficou assustada com a pressa da filha, a menina comeu tudo em um segundo, colocou a mochila nas costas e de repente, já estava atravessando a rua rumo a escola.

Sara chegou quinze minutos atrasada, mas chegou em tempo para fazer a prova. Sua amiga Duda, ficou aliviada ao ver a menina entrando e ocupando a cadeira ao seu lado.

— Pensei que iria perder a prova — comentou a amiga — O que houve?

— O que houve? Minha mãe não me acordou a tempo, nem pude me arrumar — respondeu ela.

A amiga percorreu os olhos sobre o perfil de Sara e se assustou. Estava com uma aparência caótica! Os cabelos estavam presos quase se soltando por completo em fios rebeldes, em seu rosto estava tatuado as marcas do travesseiro. Seus olhos estavam rodeados por uma quase negra olheira
Fundos como um poço! Sua farda estava do avesso, suas botas sem meias. Sara se encontrava numa situação em que só o seu casaco estava apresentável.

Duda preferiu não comentar nada sobre a aparência da amiga, para sua sorte, a professora entrou na sala pronta para entregar as provas. Assim como a chamada, a prova foi distribuída em ordem alfabética, o que favoreceu Sara, já que enquanto seu nome não era chamado, ela poderia repassar algumas anotações para refrescar sua memória.

"Para sua sorte" Ah! Quanta ironia!

Sara tinha acabado de abrir a mochila e notado que tinha esquecido o caderno! Ó quanto azar!

Ela deixou o querido caderno com suas anotações encima da escrivaninha, a pressa não a permitiu se lembrar dele. A pressa nos permite bem pouco.

Tentou então buscar as informações em seu próprio cérebro, lembrou-se algumas coisas e de outras não. Mas não tinha mais tempo para tentar resgatar o que estudou, a professora já estava na letra R e só tinha um aluno com essa letra!

— Sara Oliver! — disse a professora e com toda a infelicidade e frustração do mundo, nossa protagonista levantou a mão.

A prova foi colocada em sua mesa, ela não abriu de primeira, mas também não esperou muito tempo para analiza-la. Olhou a primeira questão e não sabia a resposta, leu a segunda e também não sabia a resposta. A terceira e a quarta foram as piores, as quais ela nem imaginava. A quinta e a sexta foram piores do que as piores, as quais ela não fazia ideia. Mas a sétima e a oitava! Ahhh! Essas eram terríveis.

"Feudalismo? O que é isso?" se perguntou.

Olhou para o teto como se lá estivesse uma solução urgente para o seus dilemas, uma pista ou uma pesca. Uma pesca! Era isso!

Pecados Do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora