Pura Erika

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Era 10:00 horas da manhã e Erika amanheceu sobre lençóis bagunçados tanto quanto ondas de um mar turbulento. Turbulência! Quanta turbulência houve naquela noite!  Se sua cama fosse um barco, claramente havia da por sido atacada por uma tempestade!

Erika estava exausta, não tinha dormido nada, nem um pouquinho. Ontem, até as 3 da manhã, ela fez amor, fez amor pela primeira vez. Tinha acabado de chegar de uma caminhada incrivelmente romântica com o namorado. Eles se encontraram quando ela estava voltando do supermercado, ele a ajudou com a sacola e a acompanhou até em casa. Conversaram o caminho todo, pegaram uma chuva que borrou a maquiagem de Erika, mas o namorado não se importou e nem tinha com o que se importar.

  Erika é uma mulher linda, e quando chegou em casa, naquele longo olhar de despedida, ela se sentiu a mulher mais bela do mundo.Ele colocou as compras na mesa e disse algumas cinco palavras meio embaraçadas, eles riram e depois se envergonharam com o silencio que sempre vem após uma boa risada. Era tão maravilhoso, o fato deles namorarem a anos mas nunca, nem ao menos nos momentos mais românticos tivessem sentido essa conexão que aquela curta caminhada debaixo da chuva provocara.

  Foi um olhar que confirmou aos dois que eles nasceram para estarem juntos, um olhar de pura satisfação de ter a presença um do outro. Um olhar que não podia ser simplesmente interrompido... Mas foi.

— Eu devo ir. — disse ele tirando-os do transe.

  Com num grito de desespero, o coração e cada energia de seu corpo implorou para que ela dissesse:

— Não! Fique!

  E ela assim disse, ele assim atendeu ao seu pedido. Atirou o casaco no chão e agarrou a cintura de sua amada. A beijou como nunca antes a beijara. E ela deixou-se levar. Não se rendeu, entregou-se.

Seu coração pulsava desesperado, seu corpo reagia a cada segundo por cada calor que provocava aqueles beijos, suas bocas eram indescoláveis. Era tarde demais para eles pararem, mesmo sabendo aonde isso iria parar.

  Ele pensou em se afastar dela e perguntar se Erika realmente queria isso. Em outro tempo, Erika tinha dito que gostaria de esperar até o casamento, e quando aceitou o namoro ele concordou com a decisão dela.  Mas agora essa mulher não desejava nada além desse homem, desejava tanto que não o permitiu separar seus corpos. Uma vez unidos, eles eram um só.

Então assim fizeram amor, amor e é amor mesmo. Erika adorou cada sensação, cada prazer e cada carícia, cada orgasmo. Ela queria que durasse para sempre, numa filosofia em que viver fosse somente fazer amor.

"Por que eu não fiz isso antes?" se perguntou ela.

Foi um prazer que poderia ser eterno, se não fosse pela luz da manhã e pela exaustão de ambos os corpos. Ela disse que o amava, ele disse que a amava. Foi um "Eu te amo" diferente, um "Eu te amo" com um som quase divino, como se aquele pequeno sussurro viesse do canto mais profundo do coração de ambos e que saía com uma leveza que poderia ser comparada ao som de uma harpa.

Foi o som mais maravilhoso que escutou, mais maravilhoso até do que o da primeira vez que disseram. Foi um "Eu te amo" óbvio e necessário, como se cada respiração necessitasse dizer e repetir e dizer novamente e repetir em outros tons, variando do gemido mais suava ao mais grave e escandaloso.

Eles perceberam o quanto precisavam disso, o quanto precisavam desse contato. Era uma exigência silenciada da qual eles negaram aos seus corpos em respeito ao desejo de Erika. Mas finalmente eles escutaram seus instintos apaixonados e ignoraram qualquer coisa que os impossibilitasse de amar.

Mas quando ela amanheceu, não se sentia a mesma mulher que a que se deitou. Erika estava cansada e dolorida, estava se sentindo pesada e sozinha.

Sozinha! Onde estava ele? A deixou depois de fazer amor pela primeira vez.

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