0.6. Fit In

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Antes tarde do que nunca, né?
Primeiro, por favor, desculpem pela demora. Estou trabalhando em alguns projetos solo (bem como nesse projeto 'Alma de Lutador' *cof*) e acabei ficando sem tempo para postar mais cedo, mas aqui tô eu, trazendo mais um capítulo na visão do Shin.
Espero que gostem e tenham uma boa leitura!

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"Embora eu estenda minha mão
Não há ninguém para segurá-la
Eles sobem em minha dor, minhas lágrimas
Enquanto eu tento escapar"

— Hellevator

                              [...]

"— Você não estava aqui, quando precisei."

        Shin piscou, olhando em volta para ter certeza de que a dona daquelas palavras não estava por perto.

        Suspirou então, deixando que as palavras se esvaíssem com a mesma facilidade com a qual haviam surgido em seus pensamentos, embora tanto o passado quanto o presente o perseguissem como sombras de uma silhueta.

          A música que saía dos fones adentravam em seus ouvidos sem que o rapaz prestasse muita atenção, perdido nas inúmeras questões que o prendiam à um lugar que já não existia mais.

       Rabiscando palavras que remetiam à suas mentiras na folha do caderno sobre a mesa, o Nakamoto inspirou fundo enquanto aguardava o início de suas aulas. Olhou ao redor discretamente, sentindo os olhares levianos de seus colegas de classe.

      Sabia que o motivo estava estampado em sua própria face, em suas ações que não eram comuns, em sua aparência. Tudo culminava em um único julgamento: "Você não pertence à este lugar".

      O rapaz puxou o capuz vermelho do casaco que usava sobre os fios escuros, como se o tecido pudesse fazê-lo desaparecer de tantas nomeações que não lhe pertenciam. Respirou fundo mais uma vez, deixando que a música que continuava à tocar o invadisse, o tirando da teia pegajosa que era o presente em que vivia; tecida por calúnias.

     E assim, completamente disperso em tudo que criara, no que havia perdido, o estrangeiro se deixou esquecer por um segundo de todos os que o rodeavam e o observavam.

      Até mesmo da garota que, transfigurada entre todos os colegas e rostos, o fitava e, diferente daqueles, indagava-se o que havia por detràs de tal face, cujo ninguém  parecia entender quem realmente era;  escondido por uma personalidade fria e distante, como os flocos de neve no inverno.

       Naquele dia de primavera, em que as flores das cerejeiras floresciam, e em que um certo garoto parecia cada vez mais perdido dentro de si.

                           [...]

        Shin não era o aluno ideal. O que tirava notas excelentes, com um comportamento exemplar.

       Rodeado por boatos, especulações, advertências e brigas, o rapaz estava longe de ser considerado um "exemplo" para seus colegas. E, na verdade, parte daquilo não lhe importava.

      Afinal, nem sempre ficar na boa visão de alguém era, de fato, a melhor opção, e o verdadeiro modelo disso era o irmão.

     Yuta, que recebia o completo oposto do outro Nakamoto, vivia cercado por um título que, por inúmeras vezes, não podia cair.
    
     Ele sempre devia ser "perfeito" e, para Shin, aquilo era irreal, pois, mesmo que todos escondessem suas dores e imperfeições por trás da máscara, não eram inquebráveis; mas frágeis, como porcelana.

Russian Roullette | Nakamoto Yuta | NCTOnde histórias criam vida. Descubra agora