0.4. Can You Hear My Voice?

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"Não posso dizer o que realmente é
Só posso dizer como é a sensação
E agora há uma faca de aço na minha traqueia
Não consigo respirar, mas ainda luto enquanto puder lutar
Desde que o errado pareça certo, é como se eu estivesse em pleno voo"

— Love The Way You Lie

Pela milionésima vez, Ahyoung se perguntou o que havia de errado.

Seu consciente tentava, em vão, se concentrar nas palavras ditas pelo professor à frente da sala, mas parecia que as mesmas flutuavam e se dissipavam antes de atingir seus ouvidos.

Voltou o olhar para a janela de vidro exatamente ao seu lado, com a neve a cair em um dia atipico de outono, se espalhando em pequenos flocos do lado de fora.

A garota soltou um suspiro longo, voltando-se então para a aula, embora, no momento, desejasse estar em qualquer lugar, menos naquela sala.

O docente apontava com as mãos no quadro branco a demonstração do esqueleto humano, músculos e tecidos, mas para ela, todas aquelas questões traziam à tona o estranho fato sobre Yuta.

"A fratura dele normalmente é causada em brigas."

A Jung tentara, ao máximo, manter a curiosidade e a preocupação escondidas dentro de si, logo que Yuta retornara para sua companhia, garantindo que passaria a tomar cuidado no trabalho à partir daquele incidente.

Contudo, em sua mente, se perguntou porque o namorado escondia o verdadeiro motivo, a mantendo em uma redoma tecida por palavras caluniosas, se a verdade lhe parecia tão simples.

- Talvez não seja tão simples quanto você pensa, Ahyoung. - Disse Dahye, assim que a amiga lhe confiara o que a incomodava, após uma infinidade de aulas em que a garota não conseguia se concentrar. Ela balançou a cabeça, assentindo, pois seu irmão havia lhe dito a mesma coisa, embora não tenha ajudado muito nesse quesito.

— Brigas familiares são complicadas, amiga. Principalmente para eles, que são irmãos e tipo, moram juntos e tal. Até você confunde eles. - Falou a Choi enquanto dirigia parte da atenção ao sanduíche de pasta de amendoim e geleia que trouxera para o almoço.

Como sempre, a cafeteria da Universidade se encontrava cheia, mas como um "brinde" por conta do clima, estava fornecendo chocolate quente grátis, o que contribuía para o aumento do alvoroço entre os estudantes.

Ahyoung se encolheu um pouco no banco, como se a garota houvesse lhe dado um tapa.

Não lhe agradava em nada confundir o namorado com o irmão algumas vezes, mas não tinha como negar que, de costas ou de longe, os rapazes eram idênticos, ao menos na aparência.

- Não adianta negar, eu sei que você concorda com meu ponto de vista. - Falou a loira, sorrindo triunfante ao ver o olhar da outra, que provava claramente que estava certa. - Aí vem o Mark. Ele vai te confirmar o que disse.

De fato, o Lee se aproximava com uma bandeja cheia de alimentos, acomodando-se no lugar vazio na mesa das garotas. Notou o olhar de Dahye para ele e perguntou, curioso:

- O que foi agora?

- Que não importa há quantos anos você conheça gêmeos, mas uma hora ou outra, vai acabar os confundindo. - Informou Ahyoung, revirando os olhos, sem acreditar em seus dizeres.

Russian Roullette | Nakamoto Yuta | NCTOnde histórias criam vida. Descubra agora