Capítulo 12

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Haru passou o resto do mês indo, prestar esclarecimentos, assim como ele próprio.
Os caçadores foram presos e não sairiam da cadeia tão cedo. Mas não ficou satisfeito por não terem conseguido provar nada contra o jornalista Bryan Courtney. Um tempo depois o homem simplesmente sumiu do mapa e não sabia se isso era bom ou ruim.
Para Ren as coisas se resolveram de maneira mais simples, já que não havia feito nada de errado exatamente.
Porém, para Haru não era tão simples. Ele havia passado três anos como morto sem dar sinal de vida algum, e quando “apareceu” invés de procurar a policia foi sair para se divertir em bares.
Se sentia culpado por tê-lo obrigado a fazer isso por tanto tempo.
― Você não colocou uma arma na minha cabeça, apenas me disse para escolher.
― Eu deveria ter imaginado que isso te causaria problemas.
― Está tudo bem – disse lhe abraçando.
― Vocês ficam ai cochichando e de chamego, não tão vendo a gente aqui?
Juuzen apontou.
― E qual é o problema – Haru perguntou.
― Você está acabando com a fama de mal dele – Juuzen contou.
Kiri riu.
Ren revirou os olhos, ouviu algumas piadinhas na faculdade, mas ninguém teve a audácia de lhe confrontar com esse assunto.
Sua vida pessoal não era da conta de ninguém e mesmo que no começo se sentisse um pouco estranho por estar namorando um cara, essa estranheza logo passou, estava feliz, nunca esteve tão feliz em toda a sua vida.
Seus amigos percebiam quando o viam sorrir. Sua mãe também, assim que pela primeira vez, ela o apoiou principalmente quando foi contar aos seus avós que primeiro, não acreditaram, depois disseram que era apenas uma fase, mas depois que conheceram Haru simplesmente se apaixonaram por ele, como era de se esperar.
Haruko continuou ajudando mesmo que não houvesse ficado. Haru disse que estava tudo bem, ela sempre havia sido assim, e tinha uma estranha maneira de demonstrar amor, a vida não podia ser perfeita.
No final, não encontraram provas concretas de que ele estivesse mentindo e nem que estivesse contando totalmente a verdade. Mikiko conseguiu reverter a punição dele, por não ter procurado logo a Polícia em serviços comunitários e uma multa, cara, mas não impossível de pagar.
Ren que estava nervoso sentado na fileira de trás esperando ouvir a sentença respirou aliviado. Haru se virou sorrindo e mostrando um sinal de vitória.
Ele finalmente conseguiu seus direitos, de “vivo” e voltou a trabalhar.
― É verdade que você vai escrever um livro sobre o tempo que esteve vagando na floresta? – Kiri perguntou.
― Eu não queria, mas se eu não fizer isso, alguém pode fazer na frente e inventar o que quiser – ele disse tomando café – E depois eu quero contar pro mundo como eu amo o Ren.
Piscou para ele que corou.
Para Haru não havia jeito.
Haru insistiu para que fizessem uma festa para comemorar que tudo havia acabado bem.
― Eu não gosto de festas.
― Mas não é uma festa exatamente, é só uma reunião familiar, eu vou chamar o Aki e o Shima, pode ser que eu chame a Haruko-san também, você pode chamar seus avós.
Olhou desconfiado para ele.
― Você está planejando alguma coisa?
― Não – ele negou rindo, dando pouco respaldo ao que estava falando – Você vai fazer isso por mim? Considere como presente de aniversário antecipado.
Já fazia um ano que se conheciam e daqui a dois meses ele iria fazer 30 e ficava chorando pelos cantos dizendo que estava ficando velho.
― Pode fazer o que você quiser – concordou.
No ano passado ele não havia feito festa nenhuma, pois ainda estava indo e vindo nos tribunais, mas no seu aniversário fez questão de fazer uma festa, apenas com os dois e comprou uma tiara com cornos de rena para por em sua cabeça. Disse que era para colocar no álbum, mas o ameaçou de morte se mostrasse aquilo para alguém.
Ele nunca ousou fazer aquilo, mas era assustador como havia se tornando massinha de modelar na mãos dele. Cumpria a vontade dele na maioria das vezes, o que não se aplicava a festas e convívio social.
Ele também nunca se negava quando pedia algo, a não ser por algumas vezes que tinham divergências pelas personalidades distintas.
Não gostava de brigar com ele, mas as vezes era necessário.

Era um dia ensolarado  de julho, seu quintal estava mais cheio do que jamais esteve. Estavam reunidas sua família, a família dele e seus amigos.
Todos elogiando a sua comida e Haru um tio babão com a filha de Shima de seis meses no colo.
Ele levava jeito com as crianças e ficou pensando naquilo, será que ele não queria ser pai?
Pensar naquilo amargou um pouco o seu dia.
― Ren – ele lhe chamou – me ajude a pegar mais uma bandeja de salgados.
O seguiu até lá.
― Está em cima do balcão – ele disse.
Ren foi até lá mais não havia nada.
― Você está ficando velho e esquecido mesmo, não tem nada aqui.
― Eu sei disse – ele lhe lançou uma sorriso safado se ajoelhando de frente para ele.
― Eu não acho que esse seja o momento nem o lugar para fazer isso.
Ele riu.
― Eu tranquei a porta por precaução, mas não seja pervertido Ren, não é nada disso que você está pensando.
― Eu pervertido? – quase riu.
Haru não era do tipo que se acanhava pelo lugar ou pela companhia, se ele queria lhe fazer carinho, fazia, o que não se resumia só a beijos.
― O que você quer?
― Eu? – ele riu e o olhou nos olhos – provavelmente você sabe que eu vou ser seu cachorro pelo resto da vida, todos já sabem, mas gostaria de tornar isso oficial.
Ren arregalou os olhos, ele não ia...
― Você quer se casar comigo Ren? – perguntou tirando uma caixinha do bolso, lhe mostrando uma aliança de prata.
Sentiu o rosto entrar em chamas.
― Isso é um sim? – ele disse ansioso com os olhos brilhando.
Foi responder, mas engasgou com o ar.
Haru lhe deu uns tapas nas costas para que desentalasse.
― Calma Ren ninguém te pediu em casamento antes? – ele riu.
Lhe lançou um olhar mortal.
― Você é um idiota – respirou fundo – Mas quer mesmo se casar comigo?
― Comprei o anel e tudo – ele sorriu – a verdade é que eu acabei percebendo que deveria ter pedido muito antes, então queria que fosse especial, não ia fazer o pedido na frente de todo mundo, sei que teria um grande risco de você dizer não – ele riu, mas dessa vez parecia nervoso – então se você partisse meu coração dizendo que não pelo menos eu poderia me esconder em um canto para chorar sozinho.
― Haru – sorriu segurando o seu rosto – Você é estúpido? É claro que eu não diria isso.
― Então é sim?
― Sim – sorriu.
― Bom que fique claro que tem que continuar me amando mesmo que eu me torne um velho caduco – disse colocando a aliança no dele.
― Se você me suportar quando eu for um velho rabugento.
― Ah isso vai ser difícil, mas estou disposto a tentar – ele segurou sua mão e ficou olhando a aliança em seu dedo – Que bonito ficou.
Viu uma lagrima rolar pelo seu rosto e tomou um susto.
― Pare com isso você não está chorando mesmo não é?
― É que eu estou tão feliz – ele disse o abraçando.
― Eu também, mas você não me vê derretendo em lágrimas.
― Ah – ele o pressionou contra o balcão da cozinha – eu posso fazer você derreter de outra maneira.
Ele tinha aquele olhar no rosto, de quando ele queria fazer algo realmente indecente.
― Não temos que voltar para dar a notícia.
― Você prefere ir lá ou ficar de safadeza comigo aqui? – ele perguntou mordendo a sua orelha.
Não precisava sequer pensar duas vezes e o beijou.
Quando saíram de novo ouviram algumas piadinhas por terem demorado e Haru anunciou que iam se casar.
Se seus avós ainda achavam que era uma fase se deram por vencidos naquele instante.
Mas não estava acostumado a receber toda aquela atenção de tanta gente de uma vez. Assim que ficou aliviado quando todos foram embora.
― Estou me perguntando uma coisa – Ren disse quando estavam no quarto – Onde está a sua aliança?
Ele riu nervoso.
― Esqueci onde coloquei.
Revirou os olhos.
Se levantou e foi até a gaveta de meias, as revirou um pouco até encontrar a outra caixinha.
― Uau Ren! Como você encontrou tão fácil?
― Um palpite – disse com desgosto – Não foi aqui que você colocou os cornos de rena aquela vez?
Ele riu.
― Foi mesmo.
Ren abriu a caixinha e pegou a aliança.
― Me de a sua mão – pediu.
― Antes disso, dê uma olhada na parte de dentro.
Os kanjis dos seus nomes estavam gravados na parte de dentro.
― Onde você achou alguém que fizesse isso aqui? – perguntou sem demonstrar muito a satisfação que estava sentindo ao ver aquilo.
― Não foi aqui, tenho um amigo no Japão que faz esse trabalho, demorou um pouco, mas ele fez pra mim.
Ele estendeu a mão ele colocou sua aliança.
― Não esqueça da próxima vez.
― Eu nunca mais vou tirar ela do dedo – ele jurou solenemente.
Sentou no colo dele e o beijou, então o abraçou forte.
― Haru?
― O que foi?
― Você não sente vontade de ser pai?
― Por que está perguntando isso agora?
― Porque eu te vi com a sua sobrinha. Você com certeza seria um bom pai.
― Eu ainda posso ser um bom pai um dia, mas essa não é uma decisão que eu tomaria sozinho. Se um dia nós dois decidirmos que queremos, podemos adotar, por enquanto pode ficar como está eu não me importo.
― Tem certeza? – murmurou.
― Absoluta – disse beijando seu pescoço –Cuidar de uma criança demanda muita atenção, e agora eu quero curtir você um pouco mais.
O abraçou ainda mais forte.
― Sabe de uma coisa, esse futuro parece especialmente bom, mas o presente é ainda melhor.
Depois de infinitos dias cinzas finalmente o sol havia chegado, como a primavera que enchia tudo de cor e vida.
O sol tinha lindos olhos verdes e o aqueceria pelo resto de seus dias...

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⏰ Última atualização: Jul 14, 2021 ⏰

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