A todo o momento, ele apertava ou batucava o volante. Ele estava nervoso, assim como eu. O momento de dizermos a verdade um para o outro estava chegando, e eu sentia um buraco negro em meu estômago sugar toda a minha coragem. O que ele dirá sobre meus sentimentos?
Ele afirmou que sua mãe dormiria na casa da irmã, e isso só acontecia quando a irmã de Mikoto tinha suas crises de ansiedade. Então, ele sugeriu para conversarmos tranquilamente em sua casa, ao invés de continuarmos no clube barulhento. Aceitei o convite de bom grado, porque se tudo desse errado, estaria perto de casa.
O percurso até sua casa fora em completo silêncio, até o momento em que tirei meus saltos e ele seu terno. Seus olhos me revistaram, e minha garganta de repente ficou seca.— O que deu em você naquele dia na casa do Naruto? — ele suspirou.
— A insinuação do Naruto...
— As pessoas insinuam o tempo todo sobre a gente, e eu nunca te vi surtar com isso!
— Me deixa terminar de responder? — dei de ombros. — A insinuação de Naruto, e a forma como você reagiu.
— Como assim?
— É sério, Sakura? Eu não fui o único que reagiu de forma estranha naquela noite.
— O quê? — franzo o cenho.
— Quando as pessoas insinuam sobre nossa relação você ri junto comigo, responde com sarcasmo, ou brinca em cima disso. E naquela noite, você parecia ter uma aversão sobre mim. — Ele respondeu irritado. E então me recordo do acontecido.
— Eu... — procuro a melhor palavra para encaixar. — estava assustada.
— Com o quê?
— Ultimamente eu ando com a cabeça cheia, não é culpa sua.
— Mas tem haver comigo? — abro a boca, mas não consigo responder. — Você está com medo de me contar o que tem pensado?
— Sim...
— Quando você me perguntou o que estava acontecendo quando eu ficava muito calado ou estressado, eu também senti medo de ser franco com você.
— Franco sobre o quê? — meu coração parecia uma metralhadora.
— Você sabe do que estou falando, você só não quer ser a primeira à dizer.
— Eu acho que não estamos falando da mesma coisa... — ele riu.
— A nossa relação não tem sido mais a mesma, e o medo que estamos sentindo de falarmos sobre isso é apenas a projeção de uma discussão onde o outro vai dizer que não sente o mesmo por você. — Ele foi direto e cirúrgico, mas sua fala deixou uma interrogação maior ainda no meu raciocínio.
— Então você...
— No começo, você era só uma pirralha irritante que vivia no meu pé, e quando você não estava ao meu lado, eu passava a imaginar “e se Sakura estivesse aqui?”. Foi quando eu decidi que sob nenhuma circunstância eu ficaria longe de você, nunca mais. Eu cresci, você cresceu, e eu agradeço cada segundo que pude acompanhar, porque eu amo cada detalhe que compõe você. Você é linda, inteligente, admirável, carinhosa, e as vezes irritante, mas é a única pessoa que me tem por completo, já parou pra pensar nisso? Você controla tudo o que se passa na minha cabeça, e até minhas reações, meu humor, e isso me assustou por um tempo, até eu entender o que estava acontecendo de verdade.
Eu me aproximei dele, apenas para ter certeza do que estava ouvindo. E mesmo estando ali, sentindo todo o meu corpo tremer ansioso, me perguntava se não era um sonho. Eu havia bebido muito naquela noite, não a ponto de cair desfalecida, mas sim de criar toda aquela cena. Eu queria tanto ouvir algo como aquilo, que estar de fato acontecendo parecia absurdo. Ele revirou os olhos, provavelmente por alguma feição engraçada que poderia estar fazendo. Obviamente eu estava me sentindo uma idiota e sortuda ao mesmo tempo. O cara que eu amo estava mesmo se declarando para mim?
— E eu sentia que o mesmo que aconteceu comigo, acontecia à você. Eu via isso nos seus olhos. Eu queria uma resposta sua, queria algo que denunciasse minha intuição, por isso provoquei você nos últimos dias. — Os toques e frases insinuantes. — Mas você pareceu se assustar ou repudiar minhas ações, então fiquei com medo de ser o primeiro a falar sobre. Deixei essa responsabilidade pra você e me afastei. Foi covardia da minha parte, eu deveria ter assumido meus sentimentos, e poderia ter até encorajado você à fazer o mesmo. Eu não posso voltar atrás e mudar os fatos, mas eu peço perdão.
— Eu nem sei o que dizer... — ele cruzou os braços.
— É só responder, eu respondi, eu disse meus motivos, agora diga os seus. — Ele estava com aquele olhar de “estou com a moral toda”. E eu não poderia deixá-lo sair ganhando.
— Você me conhece tão bem, esse é o problema.
— Hum? — agora seu cenho que franziu.
— Você, você me conhece perfeitamente! — eu repito como se o advertisse por isso. — Você consegue saber tudo o que se passa na minha mente, como se fosse fácil, e eu estava com medo de estar dando bandeira sobre o que se passava na minha cabeça. — Ele assentiu, como se dissesse que entendia. — Até porque eu não sabia dizer o que era, e porque eu pensava naquelas coisas. Tinha medo de estar confundindo, até porque nós falamos o tempo todo que somos apenas melhores amigos, e de fato somos, mas tudo poderia se resumir só à isso. Então eu também tive medo de estar maliciando minha relação com você, e acabar prejudicando nossa amizade...
— Eu entendo, mas é só isso o que tem pra me dizer? — ele ergue sua sobrancelha. Eu respiro fundo, e umideço os lábios.
— Agora eu tenho certeza.
— Do quê? — dou mais um passo em sua direção.
— Eu me apaixonei por você.
— E também tem certeza que não está confundindo seus sentimentos? — ele não poderia perder uma oportunidade para me zoar.
— Então é melhor eu ir tirar a dúvida com Kiba... — Mordi os lábios, tentando segurar o sorriso mais cínico de toda a minha vida. Eu nunca assumiria perder uma batalha contra esse idiota!
— Enquanto Matsuri tira a minha? — ele rebate, com um sorriso ainda mais cafajeste.
— Seu maldito... — ergo minhas mãos para empurrá-lo, mas ele as usa para me puxar em sua direção. Ele toma a minha boca de forma possessiva e urgente, selando a certeza de um sentimento alto declarado recíproco, para minha eterna felicidade.
Sua boca era tão firme e seu beijo era tão forte, meu corpo parecia flutuar em sua pegada intensa. Eu mal sei como subimos a escada, eu só conseuia pensar no quão era gostoso ser pressionada pelo o seu corpo contra a porta de seu quarto.
— Tem certeza que sua mãe não volta pra casa hoje? — consegui proferir, quando arrastou seus beijos para meu pescoço.
— Tenho.
— Então devíamos continuar nossa conversa...
— O que tem mais para conversar? — ele dá uma pausa, fitando meu rosto.
— Eu ainda não te disse o que se passava em minha mente, o que me causava medo de você descobrir... — deixei bem claro em meu olhar que minha intenção se passava longe de realmente conversar. Ele pareceu entender, quando desafivelou seu cinto e o tirou. Meus dedos trabalharam em desabotoar os botões de sua camisa.
— E no quê você pensava? — eu o ajudei a tirar a camisa, e me aproximei de seu pescoço. Traço uma linha invisível em sua pele, com a ponta da língua.
— Eu fantasiava com você — sussurro perto do seu ouvido.
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Você cresceu | SasuSaku
RomanceSakura passa a se sentir atraída pelo o seu melhor amigo, Sasuke, e se vê encurralada com certas atitudes do moreno para com ela.