Sete - Epílogo

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'Cause you were just a small bump unborn

For four months, then torn from life

Maybe you were needed up there

But we're still unaware as why

-:-:-

-Menina Gaskarth. Como tem estado?

Os meus olhos vagueiam pela sala, enquanto eu tento pensar na melhor resposta. Consigo sentir os olhos verdes e frios da terapeuta em mim à espera de uma resposta.

-Bem, - acabo por dizer.

-Que tal vão as aulas em Princeton?

-Bem.

-E o Ashton?

-Bem.

A terapeuta parece frustrada com a minha falta de reação, e anota qualquer coisa no seu caderno.

O resto da sessão decorre da mesma maneira que começou, da mesma maneira que todas as outras sessões decorreram. Como podem esperar que eu seja capaz de me abrir com uma mulher que nem conheço? A única razão pela qual era demonstra interesse é porque a mãe do Ashton está a pagar pequenas fortunas todos os meses para ela fingir que quer saber de mim ou daquilo que se passa comigo. As suas palavras são frias, impessoais, como se ela não se pudesse importar menos com aquilo que me aconteceu.

Quando a sessão finalmente termina, pego na minha mala e saio o mais rápido que consigo do consultório. O Ashton está sentado na sala de espera, a passar um marcador pelas linhas de um dos seus manuais, mas levanta os olhos quando me vê sair.

-Então, que tal correu? - pergunta ele, enquanto saímos do edifício em direção ao seu carro.

-O costume, - suspiro. - Estou farta de lá ir.

Sentamo-nos no carro e o Ashto poisa uma mão na minha perna.

-Eu sei que não gostas, mas neste momento é o que é melhor para ti.

-Se tu o dizes, - encolho os ombros. - Podemos ir para casa? Quero dormir.

O Ashton parece hesitante ao início, olhando para mim com muita atenção, mas assente e liga o carro. Quando chegamos ao pequeno apartamento que partilhamos - aquele que comprámos quando começámos a estudar em Princeton para não termos que ficar num dormitório qualquer -, vou para o quarto, tiro as calças e deito-me na cama. O pequeno urso de peluche que a mão do Ashton me deu antes de virmos para aqui está junto a mim e não perco tempo nenhum em o abraçar contra o meu peito.

-Chloe? - chama o Ashton com um sussurro, abrindo a porta do quarto muito suavemente.

-Abraça-me... - murmuro.

Ele não perde tempo em deitar-se e puxar os cobertores sobre o seu corpo, antes de passar os seus braços à minha volta. Deito a minha cabeça no seu ombro e deixo a sua respiração lenta e pausada acalmar-me.

Já se passaram seis meses desde que tudo aconteceu. Eu e o Ashton mudámo-nos para virmos para Princeton, deixámos aquela terra para trás. A mãe do Ashton liga-nos a toda a hora, mas é ele que atende. Por muito que esteja agradecida por tudo o que ela fez por mim, não me sinto capaz de responder à mais simples das perguntas - "como estás?".

Mas por mais tempo que passe, não me sinto a melhorar minimamente. Eu quero melhorar. Quero poder olhar para o Ashton e saber que ele não está a forçar um sorriso porque está desesperado por me ajudar. Quero poder olhar-me no espelho e saber que não estou destroçada por dentro sem esperanças de voltar a ficar intacta.

O Ashton aumenta o seu aperto à minha volta, provavelmente por ter sentido a maneira como fiquei tensa de repente. Sinto-o beijar-me o topo da cabeça muito suavemente, tão suavemente que mal sinto os seus lábios na minha pele, e aconchego-me ainda mais contra o seu peito.

Arranjo maneira de lhe tirar a T-shirt do Capitão América que ele tem vestida e poiso a minha mão no seu peito, sobre a pequena tatuagem que ele fez imediatamente abaixo da clavícula quando eu saí do hospital. Eli.

Olhando intensamente para mim, o Ashton coloca a sua mão sobre a minha e acaricia-a levemente com o polegar.

-Nós vamos ficar bem, Chloe. Tu vais ficar bem, - sussurra ele.

-Eu sei, - sussurro de volta. Traço as linhas da sua tatuagem com a ponta do meu dedo indicador enquanto o Ashton apoia o seu queixo no topo da minha cabeça. - Eu sei...

-Então nunca te esqueças disso.

-Não esqueço.

Sinto-o premir os seus lábios contra os meus muito docemente enquanto a sua mão acaricia a minha face de forma suave. Quando os nossos lábios se separam, ele roça a ponta do seu nariz ao de leve pela minha face até os seus lábios me beijarem a testa.

-Amo-te muito, Chloe... - diz ele, mantendo os seus lábios contra a minha pele.

Por muito que me sinta despedaçada, nunca haverá um dia em que essas palavras não façam o meu coração acelerar e as minhas bochechas corarem. Passo os meus braços à volta do seu pescoço e poiso uma mão na sua nuca para brincar com os seus caracóis com os meus dedos, sem nunca deixar de fitar os seus olhos cor-de-avelã.

E, pela primeira vez em seis meses, sorrio.

-Também te amo, Ash. Vamos ficar bem.

Small Bump • Ashton Irwin {AU}Onde histórias criam vida. Descubra agora