XI

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"Home sweet home." - Phoebe disse mal pousamos as malas no nosso apartamento.

Corri até às janelas abrindo-as, para que houvesse luz no local que ficou, de certa forma, abandonado durante uns dias.

"Sinto-me mesmo bem aqui." - afirmei recebendo um olhar confuso da minha melhor amiga.

"Porquê?"

"Na verdade, eu não sei. Sinto-me bem e pronto. Sinto que é aqui que eu pertenço. Apesar de sempre ter vivido em Leeds e de ser lá o local onde se encontra a minha família, eu acho que tudo está errado. Eu devia ter nascido aqui." - ri com o meu pequeno discurso. Provavelmente nem fez sentido, mas quando pensei em dizê-lo fazia.

Saltei para o sofá e agarrei-me a uma almofada sorrindo para Phoebe.

"Tu és tão anormal." - ela disse saltando para cima de mim fazendo-me guinchar.

"Parece-me que alguém vai ter de fazer exercício pós-Natalício." - gemi empurrando o seu peso.

"Eu também gosto muito de ti." - Phoebe beijou a minha bochecha e levantou-se.

Levantei-me logo a seguir.

"Vou pôr o meu telemóvel a carregar. Talvez pudesses ir buscar umas daquelas maravilhosas bolachas à dona Clara." - pisquei os meus olhos para ela.

"És uma arruina-descansos."

Ouvi a porta de casa abrir e falei mais alto, andando até ao meu quarto:

"Nunca te vi descansar, não me parece que o fosses fazer hoje"

Coloquei o aparelho ligado à corrente e rapidamente uma luz azul ligou, mostrando sinal de mensagem.

*Não queria incomodar, mas será que podes ligar-me quando chegares?
Niall*

Carreguei no botão verde.

"Niall?"

"Hey, tudo bem?"

"Comigo sim. Mas parece que não podemos dizer o mesmo de ti."

"O Charlie está doente. A minha mãe está a trabalhar e eu precisava de sair. Sei que para ti deve ser um grande incômodo, mas se estiveres disponível, por favor, vem."

"Oh." - não vou mentir, estou cansada e na verdade acaba por ser um pequeno inconveniente. - "Vou tentar ser o mais rápida possível." - mas sei que também é algo trabalhoso para um homem e que, para mais, tem trabalho para fazer.

"Obrigada Valerie. Nem sei como agradecer. Eu sabia que precisava de ti na minha vida." - ouvi o seu riso divertido e desliguei.

"Quem era?" - saltei ao ouvir inesperadamente a voz da rapariga alta atrás de mim.

"Era o Niall. Vou ter de ir. O Charlie está doente." - sorri.

"Não te compreendo Val. Ficas sempre feliz quando tens de ir trabalhar e isso é bastante peculiar. A criança deve ser adorável... Ou será que o Pai é mais?" - ela encostou-se à porta com o seu sorriso travesso nos lábios.

"És tão parva." - eu desviei o olhar quando senti as minhas bochechas aquecerem. Apanhei a minha carteira do chão e puxei a porta. - "Não comas as bolachas todas, por favor."

"Tudo bem. Não te esqueças de que quem precisa de atenção é o que está doente." - ela piscou-me o olho e virou costas rindo descaradamente.

Saí do apartamento e apertei o casaco contra o meu corpo, quando senti a brisa fria de Janeiro. Rapidamente entrei no carro e em menos de quinze minutos estava a entrar na casa de Niall.

"O Charlie acabou de adormecer." - ele apontou para o sofá da sala onde um menino, loirinho e com as bochechas rosadas, dormia com uma manta quente por cima. - "Aceitas um chá?" - ele sorriu.

"Aceito." - retirei o meu casaco pendurando-o, e segui Niall até à cozinha.

"A minha mãe disse-me que te convidou a fazer parte da nossa empresa." - Niall olhou para mim enquanto me passava para as mãos uma chávena com um chá alaranjado.

"É verdade." - respondi de forma curta.

"E então?" - ele sentou-se e bebeu um pouco do seu chá.

"Eu não sei bem. Eu tenho a faculdade e o Charlie, não sei se tenho tempo."

"Vais fazer o que gostas de fazer e podes ter a certeza de que ninguém te precipitará com horários semanais e assim. Apenas fazes o que queres, podes e consegues. Nem tens de fazer o trabalho lá na empresa, podes fazê-lo em casa ou até mesmo aqui." - Niall esclareceu olhando para mim de uma forma doce e cuidadosa.

"Obrigada Niall." - sorri e dei um pequeno gole no chá.

"Então e a tua família? Correu tudo bem?" - assenti depois de o ouvir.

"Sim. Tudo às mil mara-"

"Papá?" - uma voz fraca e sonolenta fez-me olhar para a porta, onde o pequeno Charlie se encontrava. Ele, com o seu cabelo brilhante e despenteado, piscava os olhos e segurava o seu comboio na mão esquerda. - "Valie?" - ele disse olhando para mim. - "Valie!"

Charlie correu até mim e eu coloquei-o no meu colo.

"Tinha tanta saudade de ti, Valie." - ele sorriu e deixou um beijo na minha bochecha. Eu ri e beijei a sua também.

"Como te sentes?" - perguntei.

"Muito, muito bem. Quero ir passear!" - ele clareou.

"Estás doente, Charlie. Se fores à rua vais ficar pior." - Niall esticou-se e passou a mão no braço do filho.

"Mas eu ponho assim muita roupa e até levo a minha mantinha nas perninhas. Por favor Papá. Já não quero estar mais aqui." - Charlie fez beicinho e olhou para mim implorando com os seus olhos azuis para que convencesse o seu pai.

"Bem... Se ele for com roupas bastante quentes não deve haver problema." - encolhi os ombros encarando Niall.

"Tudo bem." - ele suspirou em derrota. - "Eu de qualquer forma tinha de ir até à empresa. Visitas a avó e assim a Valerie aproveita para visitar o espaço. Que dizem?"

Assenti e o rapaz no meu colo sorriu e abraçou o Pai.
Niall saiu dizendo que ia buscar algumas roupas para o Charlie vestir e este abraçou-se a mim.

"Obrigada por convenceres o Papá, Mamã." - sorri com a forma como ele me apelou, recordando-me da decisão que tomamos: "Queres ser a minha nova Mamã?" - não devo ter percebido bem. - "Agora que a minha Mamã foi embora eu pensei que tu podias ser a minha Mamã. - ele sorriu. (...) "Eu posso ser a tua Mamã. Mas fica só entre nós okay?" - ele aceitou e sorriu novamente.

// Sei que demorei uma eternidade e peço desculpa por isto. Sei também que este capítulo não está grande coisa e, novamente, desculpem. Não tenho tido inspiração nenhuma mas vou fazer um esforço por escrever mais um capítulo até segunda para poder publicar na próxima semana.
Love xx//

• Charlie •Onde histórias criam vida. Descubra agora