IX

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"Valie acorda!" - ouvi depois de sentir o seu peso em cima de mim.

"Eu já vou pequeno." - disse lembrando-me do porquê de ter ficado aqui a dormir.

"Estamos todos à tua espera para comer bolachas. Vem! Vem!" - a sua mão puxava a minha.

Levantei-me lentamente e espreguiçando e fui até à cozinha, onde Charlie finalmente me largou a mão e onde se encontravam todos, já decentemente vestidos (com isto quero dizer que não estavam de pijama) à exceção de mim.

"Ela já está aqui Papá." - ele disse fazendo com que todos olhassem para mim.

"Charlie..." - Niall disse parando de cortar pão e olhando para o filho - "Eu tinha-te dito para não a acordares e não para a acordares e trazeres imediatamente para a cozinha."

"Mas Papá, se ela não acordasse eu não ia ter uma pessoa que vive para partilhar as minhas bolachas." - ele fez beicinho.

"Uma pessoa que vive?" - ouvi a voz da Phoebe, pela primeira vez hoje, e de seguida a Sra. Maura rir.

"Ele está sempre a dizer que quer a Valerie cá em casa, porque se ela não estiver cá, ele só pode partilhar as bolachas com os bonecos dele, que não são pessoas vivas. Palavras dele." - Niall explicou.

"Oh." - eu e a Phoebe dissemos ao mesmo tempo.

O Charlie puxou-me novamente para a mesa onde me fez sentar para que ele fosse para o meu colo.

"Bolachas!" - ele disse num tom alto, para quem por vezes nem fala, batendo com a mão na mesa. Isto gerou uma colher a voar e a avó dele a saltar de susto.

"Calma bebê. Estás poderoso hoje." - Niall disse, primeiro levantando as mãos no ar e depois pegando numa tigela com bolachas para ele.

"Val, a tempestade de neve acalmou. Isso quer dizer que podemos tentar ir a casa hoje."

"Sim." - concordei olhando para ela.

Levantei-me para me ir arranjar e para arrumar as minhas coisas de forma a que pudesse sair o mais cedo possível. Antes de deixar a cozinha, o menor da casa atirou-me uma bolacha pois, supostamente, eu ainda não tinha provado aquelas.

"Phoebe pões por favor as nossas coisas no carro?" - perguntei depois de estar totalmente pronta.

"Sim. Eu fico já lá." - ela sorriu e despediu-se de todos pegando por fim nas malas e saindo.

"Charlie chega aqui." - estendi-lhe o comboio embrulhado.

"O que é?" - ele apontou.

"Abre." - ele abriu e fez um o com a sua boca.

"Oh Valie, obrigado. É o presente mais de brincar que eu tive. O Papá deu-me livros pequeninos." - ele fez uma careta deixando-me a mim, ao seu pai e à sua avó a rir. - "Eu também tenho uma coisa para ti."

Charlie voltou com uma folha na mão.

"O que é...? Desculpa mas não consigo perceber este desenho." - disse-lhe olhando para os riscos verdes na folha.

"É a relva porque eu dei-te uma flô e esqueci-me da relva."

"Ooooh" - lembrei-me do primeiro desenho que ele me tinha dado. - "Obrigada pequeno. Tens toda a razão. Precisava de uma relva." - afaguei o seu cabelo e deixei um beijinho na sua bochecha.

"De nada." - os seus pequenos braços rodearam o meu pescoço.

"Bem eu vou ter de ir. Vejo-te dentro de pouco tempo." - pisquei-lhe o olho.

Despedi-me, enrolei o desenho e corri até ao carro.

"Vamos lá." - liguei o carro e antes de começar a conduzir disse adeus às três pessoas que se encontravam na porta de casa.

"Desculpa se adormecer mas eu estou realmente cansada." - Phoebe disse.

"Não tem mal." - sorri pondo a música mais baixa.

Cerca de três horas que demoramos, num autocarro e num novo carro depois da fronteira, até chegar à nossa rua.
Toquei à campainha da minha casa, deixando a sleeping beauty no carro.

"Jolene!" - não só reconhecendo a sua voz, o hábito do meu pai me chamar pelo segundo nome fez com que eu corresse imediatamente para os seus braços. - "Não sou de borracha, querida" - ele disse tentando respirar.

"Desculpa pai." - ri.

Ele afastou-se permitindo que eu entrasse em casa.

"Hey?" - disse alto vendo imediatamente dois corpos correrem até mim.

"Valerie! Finalmente. Pensei que já não viesses." - ouvi a minha mãe, que sorria, e olhei para ela.

"Não ia passar o Natal fora de casa." - abracei-a.

"Eu também estou aqui." - ouvi o meu irmão mais novo mesmo por baixo de mim reclamar.

"É. E eu também." - sorri ao vê-los aos dois de braços cruzados à minha espera.

Abri os meus braços e rapidamente estavam ambos ao meu lado.

"Nunca pensei dizer isto mas eu realmente tive saudades tuas." - foi mesmo o Fredrick que falou?

"Eu também nunca esperei ouvir isso mas, eu também tive saudades vossas." - disse mexendo nos seus cabelos.

"Jolene, a Phoebe não vinha também?"

"Oh pois! Ela está no carro."

Corri até ao carro abrindo a porta a uma rapariga furiosa.

"Desculpa" - pedi.

"Não acredito que finalmente chegamos a casa e tu me deixaste fechada no teu carro porque estava a dormir." - ela rodou os olhos.

"Já podes sair e acho que já tens alguém ali à espera." - acenei para os seus pais que estavam na porta da casa ao lado enquanto ela retirava a sua mala do carro.

Beijei a sua bochecha pedindo uma vez mais desculpa ao que ela cedeu e sorriu.

// Este capítulo pode vir a sofrer algumas alterações mas se assim acontecer eu aviso no próximo :) xx //

• Charlie •Onde histórias criam vida. Descubra agora