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"Valerie isso é óptimo." - a minha mãe sorriu.

"Eu sei. Mas tenho de pensar muito bem." - encostei-me na banca onde a minha mãe preparava o jantar.

"Pensar bem? É o que tu mais gostas de fazer. Porque não aceitas?"

"Eu... Eu estou a tomar conta de um menino pequeno. Eu gosto bastante de o fazer e tenho um pouco de receio de não ter mais tempo para ele se começar este trabalho..."

"Estás a dizer-me que estás a trabalhar como babysitter?" - ela parou para olhar para mim.

"Sim, Mãe." - disse esperando uma bomba atômica por parte da minha mãe.

"Nós conversamos sobre isto." - ela suspirou.

"Eu sei Mãe, eu sei. Mas eu... Eu não me sinto bem com isso, okay? Desculpa. Disse que iria utilizar o vosso dinheiro como me pediste, mas eu pensei que o conseguia arranjar all by my self, entendes? E vê o lado positivo, consegui esta proposta para o meu futuro graças a isto.... O Charlie é o neto da gerente da Fantastic Kingdom UK."

"Tudo bem."

"Tudo bem?" - confusão era tudo o que havia dentro de mim.

"Tudo bem. Estás com sorte." - ela riu fazendo-me rir também.

"Obrigada." - sorri abraçando-a. - "Oh, precisas de ajuda?"

"Podes por os pratos na mesa. Se não te importares." - ela apontou para a prateleira.

Estendi tudo o que havia para pôr na mesa e abri a porta aos nossos convidados.

"Podem sentar-se. A comida estará na mesa dentro de pouco tempo." - o meu pai anunciou.

Sentamo-nos rapidamente. Puxei uma cadeira ao lado do meu irmão mais velho e sentei-me.

"Val, tu importaste de deixar a Phoebe neste lugar? Basta trocares para o lugar dela." - o Fredrick sorriu e pegou num pedaço de pão.

"Não. Eu não acredito." - arrastei silenciosamente a cadeira para trás. - "A pior coisa que poderia acontecer na minha vida era o meu irmão, o irritante do meu irmão, namorar com a..." - olhei para o outro lado vendo a Phoebe com a sua sobrancelha levantada - "querida da minha melhor amiga."

"Ups?" - ela disse e de seguida olhou para o meu irmão.

"Fred?" - eu perguntei esperando não obter a sua confirmação.

"Ups." - ele riu tal como a Phoebe que se levantou e pediu novamente para eu trocar com ela.

Levantei-me deixando-lhes um olhar de desaprovação, mas claramente brincalhão, rindo e rolando os olhos.

O jantar estava praticamente terminado quando o meu telemóvel tocou. Olhei o ecrã e vi Niall escrito. É noite de 25 de dezembro e ele sabe que estou longe. Porque estaria ele a ligar neste momento? Olhei de relance para o meu pai, como que a pedir a sua permissão para atender, ao qual ele assentiu com a cabeça. Levantei-me pedindo desculpa e dirigi-me à sala de estar atendendo.

"Sim?"

"Desculpa Valerie, mas eu tenho um problema."

"Niall? O que se está a passar?"

"O Charlie não come. Ele diz que tu te foste embora e pensa que não vais voltar então não quer comer enquanto não voltares."

"Mas Niall eu não posso ir para aí agora." - eu disse rapidamente.

"Eu sei. Será que podes explicar-lhe que vais voltar e pedir-lhe para comer?" - ele parecia preocupado.

"Oh, sim claro." - ouvi os seus movimentos e ouvi também ele dizer ao Charlie que era eu que estava do outro lado da chamada.

"Valie?"

"Sim Charlie. Sou eu." - sorri mesmo sabendo que ele não me via - "O que se passa?"

"Eu quero que venhas brincar comigo e tu foste embora." - ele parecia triste.

"Eu não fui embora. Eu vim só visitar os meus pais e os meus manos. Daqui a uns dias já vou estar aí." - sentei-me no sofá.

"Mas tu até me deste um comboio. Parecia uma prenda de adeus."

"Claro que não. É apenas uma prenda de Natal pequeno." - ri.

"Eu não acredito. Eu ouvi o Papá a falar contigo. Foi ele que disse para tu me dizeres isso. Para eu comer estas massas amarelas." - consigo sentir, apenas pela maneira como ele fala, que ele está a fazer beicinho.

"Mas o que ele disse para eu dizer é verdade. Eu prometo está bem? Come lá as massas amarelas, por favor Charlie." - olhei para a porta vendo quase toda a gente a olhar para mim com uma cara de intriga.

"Está bem..." - ele prolongou a última palavra fazendo parecer a comida um grande sacrifício. - "O Papá vai falar. Eu gosto muito de ti Valie."

"Eu também gosto muito de ti Charlie."

"Valerie?" - ouvi outra voz.

"Acho que a missão está cumprida." - disse.

"Eu também. Obrigada." - ele disse mais animado. - "E desculpa interromper."

"Não tem problema." - ri.

"Feliz Natal"

"Feliz Natal, Niall" - desliguei.

Olhei para a porta e vi que todos estavam a entrar. A Phoebe sentou-se ao meu lado.

"Nós temos algo para vocês as duas." - Louise, a mãe da Phoebe falou.

"Algo para nós?" - perguntei.

"Sim. A vossa prenda de Natal. É para as duas." - o meu pai sorriu.

"Aqui está." - a minha mãe sorriu e estendeu-me um envelope enquanto que outro era também entregue à minha melhor amiga pelo seu pai.

Abri o envelope e espreitei, vendo um cartão avermelhado retangular. Puxei-o rapidamente e a primeira coisa que os meus olhos focaram foi "roteiro pela India". Arregalei os olhos e senti imediatamente os cantos da minha boca subirem. Eu e a Phoebe levanta-mo-nos e abraçamos a nossa família agradecendo eternamente por aquilo que já tínhamos planeado fazer juntas há muito muito tempo.

• Charlie •Onde histórias criam vida. Descubra agora