Terceiro dia

252 17 3
                                    

Ele descobriu uma festa pra irmos. Festa héteros, mulheres héteros. Eu já estava acostumado a passar por isso, mas não depois do ponto a que chegamos. Aceitei, não por mim, pois ficaria de bom agrado dormindo, mas por que não deixaria-o sair sozinho pra uma festa que se

intitulava com “festa da cachaça”. Meu carro precisava voltar inteiro. Tudo bem, eu confesso tá? Não queria ficar longe de Lucas! Pronto, falei, agora posso ir atrás do meu corderinho?

Do balcão, pedi a primeira. Nós nos separamos na entrada e ele teve sucesso em todas as investidas. Afinal, que mulher louca dispensaria aquele rosto encantador? Eu segurei o copo e bebi de um só gole, deixando o líquido escorregar queimando a garganta. Balancei a cabeça para os lados, sentindo o álcool subir. Quando abri as pálpebras, o vi na pista de dança beijando uma garota feinha. Era sinal de que a estava usando para purgar sua culpa. Seus olhos estavam abertos me olhando. Deus, ele realmente queria me punir.

_Nem um dos dois está conseguindo disfarçar. _ouvi uma voz masculina do meu lado.

Virei o rosto com muita raiva, quase quebrando os dentes com o maxilar trincado. De repente, Lucas sumiu da minha mente por um segundo.

_ Leandro?_ surpreendi-me. Eu havia ficado com Leandro há alguns anos. Eu era mais novo e ele casado, uma aventura louca e totalmente fora dos padrões do que eu queria viver hoje. Era bem mais velho, não diria bonito, mas super sedutor.

_É, estou aqui de babá do meu garoto aprendiz. Sou um idiota.

_Paixão daquelas?

_Pior, muito pior. Eu amo aquele idiota ali.

_E ele?

_Eu to descobrindo...

_Quer acelerar o processo? _propôs.

_Como?_ perguntei um “como” pra que repetisse a pergunta, não acreditava que ele quisesse trair a mulher de novo, eu não aceitaria nem pensar. Não era certo! Mas, explicou que a história dos dois terminara com uma boa pensão. _Então...?

_Só um beijo? Pelos velhos tempos? _tocou no meu braço e chegou mais perto.

Não dava tempo de virar pra trás, mas eu desejei que Lucas estivesse olhando ainda. Ao mesmo tempo, não queria bancar o adolescente querendo chamar a atenção. Eu tinha jurado pra mim que não iria cair mais naquele espiral de vadiagem e libertinagem. Queria ser um cara sério.

_Diga que não está louco pra dar um beijo na boca? _sua voz era afrodisíaca. _Podemos esticar... meu carro está lá fora..._ aproximou-se mais, pegou meu queixo.

O Iphone vibrou entre nós. Era o meu e o aplicativo do whatsapp exibiu uma mensagem de Lucas: “mal, banheiro”. Franzi a testa e Leandro afastou-se pedindo uma bebida.

_Desculpe...

_Vai vai..._ fez pouco caso com a mão, como se eu fosse dispensável. Era o que imaginei.

Corri até o banheiro e encontrei Lucas saindo do último box. Abriu a bica pra lavar o rosto.

_Que estômago fraco... _ ri ao seu lado de braços cruzados. _Isso não é a festa do sprite! É cachaça pura...

_Podemos ir embora? _ pediu sem me olhar, passou reto e abriu a porta. Odiava ter que correr atrás, mas o segui, porque a idéia era boa.

Caminhamos até o carro. Abri a porta e sentei, aproveitei pra olhá-lo quando coloquei o cinto.

_Não vai vomitar aqui vai? Não tenho nenhum saco... droga...

_Não vou vomitar. _abraçou a barriga.

7 Dias de amor e guerra!Onde histórias criam vida. Descubra agora