TUDO OU NADA

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O dia de executar nosso plano estava cada vez mais próximo, junto com a vontade de jogar tudo para o alto e fingir que nada estava acontecendo.

Eu sabia que era egoísta da minha parte, fugir, sem ao menos me despedir das pessoas. Mas eu deixaria uma carta.

Vou dizer qual fora o plano.

Sebastian havia conseguido as pílulas, o que tinha levado vários dias! Mas o melhor foi que seu amigo, que eu não me lembro o nome, conseguiu fazer uma injeção com o mesmo conteúdo que a pílula continha. Ou seja, um dia antes do meu aniversário eu ia levar a primeira injeção, a que deixaria meu corpo totalmente imóvel por algumas horas, mas eu ainda estaria acordada.

Assim que isso acontecer, que seria claramente quando Sebastian tinha que fazer a ronda pela rua e checar as casas, o que era feito uma vez por semana. Ele, "coincidentemente" me encontraria imóvel e mole como uma gelatina, junto com uma caixinha de remédios combinados, que eu não ia tomar, claro, era apenas para armar uma "cena de crime", no qual eu estaria me suicidando.

Assim que ele a ambulância chegasse, Sebastian iria me daria a injeção que pararia meu coração por alguns minutos, apenas para que os paramédicos tivessem certeza de que eu estava mesmo morta. Sebastian seria obrigado a ir comigo, já que Victor não estaria em casa, e outro guarda ficaria no lugar dele.

No hospital, eu tenho um amigo de longa data, essa parte do plano também poderia falhar, porque teríamos que convencê-lo a nos ajudar.

Eu não pude falar com ele antes pois isso também não é permitido por aqui.

Assim, o Médico iria dar a autópsia de meu corpo, drogas no meu organismo, laudo final, suicídio. Também era algo comum por aqui.

Seria preparado o meu funeral, o mais simples e rápido o possível. Eu seria enterrada e, no meio da noite, Sebastian iria me desenterrar, e me tirar de lá. Correríamos para o carro, um que os guardas de casta mais alta possuíam, e ele me deixaria com seu amigo, que morava no país que fazia divisa com o nosso.

Para a minha sorte, Jesuit era a cidade que fazia divisa com o outro país.

Para o meu azar, eu poderia morrer de verdade naquela noite, de muitos modos diferentes.

Quando o dia finalmente chegou, eu só faltava pular se nervosismo.

— Isso tudo é por causa do seu aniversário? - brincou Victor

Não.

— Sim! - menti.

— Nunca ficou desse jeito em todos os nossos três anos juntos.

Nunca pensei em fazer algo tão maluco como agora.

— Sinto que vai ser diferente - desconversei.

— Como assim? - franziu as sobrancelhas, preocupado.

— Apenas vá trabalhar - sorri, tentando confortá-lo e mostrar que estava perfeitamente bem.

Era de manhã e Victor estava prestes a ir trabalhar, o que levaria o dia todo, como todos os outros dias.

E então, com um abraço apertado de minha parte, um beijo no topo da cabeça por parte dele e um "Eu te amo" de ambos, ele finalmente saiu. Mais preocupado, e desconfiado que nunca.

Aquela era a hora. Sebastian me disse que eu tinha um total de quinze minutos até que o líquido começasse a fazer efeito no meu corpo, ele chegaria às nove em ponto. Eu tinha duas horas para me preparar.

A primeira coisa que fiz quando Victor saiu, foi suspirar e chorar, chorei como se não houvesse amanhã, por culpa, por medo, pela saudade que eu já sentia dele. Fiquei alguns minutos inerte, apenas deixando que as lágrimas rolassem sem piedade alguma por minhas bochechas.

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