Já faziam mais de vinte minutos que Kenma não tirava o olho de seu videogame. Aparentemente estava passando por uma fase difícil, daquelas que se joga repetidas vezes até finalmente conseguir passar ou finalmente desistir de jogar. Mas Kuroo sabia que desistir de jogar não era uma opção para Kenma, então tudo que fazia era o observar atento.
— Tão lindo... — falou ele, deixando o pensamento escapar.
O que fez Kenma se desconcentrar e ter que recomeçar a fase de novo.
— O que? — pergunta, ao ouvir o suspiro de Kuroo.
Mas Kuroo deu um sorrisinho sonso e tentou disfarçar:
— O que??
Eles estavam no trem, a caminho do colégio Nekoma. Assim como essa, eram muitas as oportunidades que Kuroo tinha para passar o tempo com Kenma, mas ele nunca foi de apressar as coisas nem de pensar demais, sempre deixava o momento fluir.
O problema é que na maioria das vezes não fluía nada. Ele sempre reclamava que Kenma dava mais atenção aos jogos do que ao mundo real. Mas com "mundo real" Kuroo queria dizer ele.
— Minha mãe perguntou se você quer jantar hoje com a gente.
— Pode ser — respondeu Kenma — Que horas eu vou?
— Vamos juntos depois do treino. Se estiver com suas roupas pode tomar banho lá em casa.
— Pode ser.
— E vê se larga esse jogo e presta atenção no mundo real.
— Tá, tá, pode ser.
Quando chegaram à escola, foram ambos para suas respectivas classes, até que voltassem a se encontrar na hora do treino.
Ao fim da tarde, eles terminaram de jogar. Juntaram suas coisas e os dois pegaram o trem de volta para casa, onde a mãe de Kuroo os esperava para um delicioso jantar.
Não era a primeira vez que Kenma visitava essa casa, afinal, os dois eram amigos de infância, e até seus pais se conheciam.
Ao entrar em casa, Kuroo levou Kenma para seu quarto, onde deixou que ele usasse primeiro o banheiro. Os dois precisavam urgentemente tomar um banho e tirar aquele odor de suor que trouxeram do ginásio.
— Kenma, eu passei dessa fase que você estava, espero que não se importe — diz Kuroo enquanto jogava o jogo do amigo até que ele terminasse o banho.
— VOCÊ O QUE?! — gritou Kenma de dentro do banheiro, saindo depois com a toalha amarrada na cintura — Como você passou?
— Sei lá, eu só fiquei pulando e atirando nesse cara.
— Me dá isso aqui! — diz ele tomando o videogame, zangado por Kuroo ter passado tão rápido da fase que ele estava preso desde a manhã.
Então voltou para o chuveiro e terminou seu banho. Kuroo entrou logo em seguida. Foi quando sua mãe chamou os dois para o jantar. Então Kenma desceu sozinho para atendê-la.
— Ele ainda está tomando banho? — perguntou ela.
— Sim, senhora — respondeu Kenma.
— Desse jeito a comida vai esfriar! Kenma, querido, você pode levar o jantar para o quarto? E diga ao Kuroo que se apresse.
— Sim, senhora.
Então ele subiu de volta para o quarto e deixou os pratos de comida na mesa ao lado da cama, onde ficavam os materiais escolares de Kuroo. Depois bateu na porta do banheiro, dando o recado da mãe e se sentou na cama para jogar de novo.
— Por que não está comendo? — pergunta Kuroo, abrindo a porta do banheiro.
Parecia ter saído às pressas, seu rosto ainda estava meio molhado e nem estava completamente vestido. Com o penteado totalmente desfeito, seu cabelo estava ensopado e alisado para baixo.
Kenma ficou o encarando, esqueceu de responder a pergunta.
— O que foi? — perguntou Kuroo.
— N-Nada — respondeu ele voltando a jogar.
— Por que não comeu nada?
— Estava esperando você.
— Já não disse para largar esse jogo? — fala tomando o videogame da mão de Kenma e ligando a televisão de seu quarto — O que quer assistir?
— Não sei, tanto faz.
Então ele colocou o episódio final do anime preferido dos dois e eles começaram a comer seus pratos de lámen.
Mas Kenma não prestou muita atenção no episódio, passou todo o tempo olhando para Kuroo, intrigado com o seu "penteado".
Vendo, pelo reflexo da televisão, que Kenma estava o encarando, Kuroo largou o prato vazio e se virou para ele, deixando seus rostos bem próximos.
E com um sorrisinho nada discreto, perguntou:
— Por que está olhando para mim?
— N-Não estou olhando para você — responde Kenma envergonhado.
— Está sim.
— Não estou...
— Não tem problema. Eu gosto que olhe para mim.
— Não estava olhando para você!
— Tá bom, não estava olhando para mim.
Então ele segurou o rosto de Kenma e, com as mãos em suas bochechas, lhe deu um beijo, seguido do mesmo sorriso, deixando o amigo sem reação e completamente avermelhado.
Em seguida disse:
— Viu? Agora está olhando para mim.
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One Shots Haikyuu!!
FanfictionHistórias breves e gays com meus shipps e amizades favoritas de Haikyuu, entre mais algumas coisinhas. Pode conter cenas de angústia. Não me responsabilizo por surtos, choros ou vontades de comer vidro, beber cloro e adjacências. Espero que aprecie...