Vocals

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-o que vocês... vocês...- o diretor Manfred tentou falar mas Alex não aguentou e começou a gargalhar alto, coloquei a mão na boca novamente, não poderia rir, já estávamos perdidos, a professora Sprouse saiu da mesma sala arrumando a saia longa, essa era a mesma mulher que havia brigado comigo por que eu usei roupa curta? O mundo é uma loucura mesmo, não fazia nem uma semana do pequeno discurso dela sobre aquilo ser uma instituição séria e outros blá blás que eu não levei a sério
-espero que tenham um ótimo motivo para estarem aqui-
-deten...- comecei a falar mas quando olhei para o Turner, que ainda estava sentado no chão, precisei novamente segurar a risada. O garoto mexia o quadril aleatoriamente enquanto fazia uma careta, parecia um cachorro no cio, não aguentei e comecei a rir, o diretor Manfred tentou falar algo, tentou mesmo, mas o máximo que conseguiu foi erguer o dedo, nós estávamos rindo tão alto que depois de um tempo o diretor apenas resolveu esperar que parássemos.

A professora Sprouse ficou zangada em algum momento, saiu resmungando e pisando forte, o barulho dos saltos no chão que costumavam ser altos nem eram ouvidos por causa da risadaria, aquilo foi a gota d'água para o diretor que bateu a mão com força na porta
-já basta, isso é uma falta de respeito, duas semanas de detenção, quero os dois na minha sala amanhã bem cedo- ficamos sérios por um segundo e concordamos com a cabeça, Manfred também saiu pisando forte, ele pareceu ainda mais calvo enquanto se afastava pelo corredor, peguei minha mochila que estava no chão e corri para fora, minha barriga e bochechas queimavam
-eles estavam transando...- Turner disse e voltamos a rir, agora os dois haviam sentado no chão com as mochilas jogadas para o lado
-vi a bunda do... diretor... Manfred- falei em meio a risadas, Alex agora rolava no chão com as mãos sobre a barriga e lágrimas escorrendo, sua bochechas estavam vermelhas. Quando finalmente nos acalmamos, levantei do chão e coloquei a mochila sobre um dos ombros, precisava contar ao Matt agora, Turner esticou a mão para mim e eu o puxei para cima
-bom, nos vemos amanhã?-
-é o jeito, né?-
-também adoro passar tempo com você, M- Alex piscou e depois acenou com a mão enquanto se afastava, segui na direção oposta e a primeira coisa que fiz foi ligar para o meu melhor amigo, tivemos umas três crises de riso, minha barriga estava doendo muito.

Acordei cedo no dia seguinte, precisava estar na sala do diretor Manfred o quanto antes, como explicaria para o professor Milburn que a detenção havia sido prolongada? Talvez o diretor já tenha inventado alguma história, afinal duvido que ele diria que estávamos de castigo porque pegamos ele e a professora Sprouse transando nos fundos da biblioteca
-onde vai tão cedo?- meu pai, Arnold, perguntou erguendo os olhos do jornal que estava lendo, o homem sempre gostava de ler as notícias e a tirinha, quando eu peguei apenas uma torrada e coloquei na boca
-detenção-
-ei, espera aí- ele disse levantando enquanto ia em direção a porta, já estava praticamente do lado de fora quando meu pai cruzou os braços e parou na minha frente, Arnold era grande e largo, poderia parecer assustador para as pessoas que não o conhecem, mas não machucaria uma mosca, eu não parecia muito com ele de aparência, puxei quase tudo da minha mãe, do cabelo até o formato da boca, mas nossos olhos eram idênticos e tínhamos alguns pontos parecidos na personalidade
-detenção? O que você fez?-
-eu cheguei atrasada algumas vezes e ontem... bom, vi algo que não deveria ter visto-
-suas notas são boas, poderia mesmo entrar em uma faculdade excelente se não se comportasse tão mal- concordei segurando na alça da mochila, ultimamente ele estava se preocupando ainda mais com essas coisas de futuro, entendia o porquê, o colégio estava acabando e logo me tornaria "uma adulta" não importa o quão assustador isso pareça
-eu sei, papai, desculpa por isso- Arnold concordou descruzando os braços e dando um tapinha no meu ombro, éramos muito abertos um com o outro, isso facilitava muito nossa convivência, precisávamos disso, afinal éramos nós dois contra o mundo
-deixei seu almoço feito na geladeira-
-obrigada, filha- dei um abraço rápido no meu pai e andei rápido na direção do colégio, não era tão perto, mas eu chegaria rápido se não parasse para encontrar com o Matt no caminho, sua casa era relativamente próxima da minha, eu não gostava tanto de ir para lá porque os pais dele sempre me olhavam com pena como se o fato de ter sido criada por um pai solteiro tivesse me feito desenvolver uma doença incurável.

-quando eu disse cedo, era realmente cedo- o diretor Manfred disse sem tirar os olhos de um papel amarelado que estava preenchendo, ele tinha um rosto meio quadrado e um buraco no queixo, seu cabelo tinha uma tom de vermelho alaranjado e havia começado a cair em diversos pontos
-bom dia pro senhor também, o que devo fazer?-
-encontre com o senhor Turner no pátio de trás, sabe onde fica? Ele pode explicar o que os dois devem fazer- assenti com a cabeça enquanto acenava com a mão, como Alex havia chegado antes de mim? Preciso mesmo mudar alguns hábitos, parece que atrasar está presente no meu dna. Parei abruptamente no corredor quando ouvi alguém cantando, era uma voz diferente, muito bonita e soava tão legal que eu tive que ouvir mais, fiquei parada por bastante tempo e depois resolvi chegar mais perto, queria descobrir quem era. Fui andando devagar na ponta dos pés, como se fosse uma espiã em uma missão secreta, e fiquei escondida atrás do corrimão da escada, olhei para baixo, não é possível
-você canta?- perguntei para o Alex que gritou de susto soltando a vassoura, deslizei pelo corrimão e fiquei ao seu lado com as sobrancelhas erguidas e os braços cruzados, eu devia estar louca, provavelmente foi uma ilusão de óptica e a música veio de outro lugar
-você quase me matou do coração-
-e eu devo ter batido a cabeça, você tava cantando muito bem a alguns segundos atrás-
-por que só não desceu as escadas como uma pessoa normal?-
-não é essa a questão, onde aprendeu a cantar?-
-não sei, sempre cantei- neguei com a cabeça ainda impressionada, Alex se abaixou para pegar a vassoura que havia derrubado, como aquele bobão tinha uma voz tão bonita? Coloquei as mãos sobre os seus ombros e ele me olhou surpreso com um leve rubor nas bochechas, dei de ombros
-canta de novo-
-não, precisamos varrer tudo isso antes que os outros alunos cheguem-
-qual é, Turner, já te pedi alguma coisa antes?-
-não-
-então? O que custa?- Alex concordou levemente irritado mas ainda com as bochechas coradas, olhou ao redor e pigarreou antes de passar a mão pelo cabelo castanho. Sentei no chão cruzando as pernas, ainda estava chocada com essa novidade e precisava ver novamente, mais de perto agora, talvez não fosse nada demais
-pode parar de olhar fixamente pra mim? Não vou conseguir assim-
-desculpa, desculpa, não vou olhar- abaixei o olhar e apenas o ergui novamente quando Alex começou a cantar, era You Only Live Once do The Strokes e soava ainda melhor de perto
-eu... uau, não fazia ideia que cantava-
-não é como se você se esforçasse muito para saber coisas sobre mim-
-é, você também não se esforça muito para ser legal comigo-
-tem razão, não sei como o Helders te suporta, vamos limpar logo- peguei uma vassoura e limpamos em silêncio quase total, com exceção de algumas implicâncias trocadas e o som baixo do Alexander cantarolando, parando para pensar, o Alex parecia um cantor, ele tinha um estilo legal e uma certa pose, não sei se isso faz sentido mas ele tem uma áurea de artista
-ei, seu único neurônio parou de funcionar?- Turner perguntou balançando a mão na frente do meu rosto, neguei colocando algumas mechas do meu cabelo atrás da orelha
-viajei por um tempo, o que tava dizendo?-
-tava dizendo que acho que basta por hoje, também tenho aula daqui a 20 minutos e diferente de você, eu sou pontual-
-muito engraçado, pode ir, eu guardo as vassouras-
-beleza, a gente se vê- assenti com a cabeça observando enquanto ele se afastava, precisava falar com o Matt, poderia solucionar o problema da banda.

Guardei as vassouras e liguei para o meu melhor amigo enquanto andava rápido pelo corredor, encontrei com ele e com o Jamie perto do refeitório, os dois me olharam com uma expressão engraçada quando eu me aproximei
-certo, o que tá rolando? Você tá muito animada- Matt disse tomando um gole da sua coca diet, ele usava óculos escuros mesmo que estivéssemos dentro do refeitório
-tenho uma novidade maravilhosa pra vocês- disse colocando a mão no ombro deles, Jamie ergueu a sobrancelha em uma expressão engraçada de curiosidade
-o que foi?-
-achei um vocalista pra banda de vocês-

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Oi, pessoal!!
Vocês nem imaginam como eu estava ansiosa para postar essa história, sinto que estou escrevendo de uma forma mais madura e a história tá me agradando muito, espero que vocês gostem e desde já agradeço pelos comentários e pelas curtidas, vocês são demais!! xx

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