Capítulo 2 - O contrato

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Não haviam passado nem dois dias e o alfa o havia chamado mais uma vez, o que para Sasuke era perfeito, quanto mais rápido aquilo acabasse, mais próximo estaria a recuperação de seu pai.

Respirando fundo, adentrou o escritório que outrora já havia estado, sendo recepcionado pelo mesmo alfa castanho do outro dia, este que o guiou mais uma vez até a sala do loiro, onde este encontrava-se sentado em sua cômoda poltrona, com outro alfa à sua frente, este possuía cabelos castanhos longos, presos em um rabo de cavalo e preguiçosos olhos escuros, que demonstravam uma enganosa apatia.


- Parece que não desistiu. – Naruto tinha um sorriso ladeado sarcástico que o irritou – Este é Shikamaru, meu advogado.

- Advogado e melhor amigo de infância. Um prazer... Sasuke, não é? – o alfa castanho se levantou da cadeira onde estava sentado, lhe estendendo a mão, a qual o ômega imediatamente aceitou, balançando a cabeça em afirmativa à pergunta realizada – Bem Sasuke, Naruto me pediu para que redigisse seu contrato, quero que o leia com muita atenção antes de assinar, qualquer dúvida é só me perguntar. – o moreno assentiu, sentando-se na cadeira apontada pelo advogado, para então pegar as folhas que lhe foram entregues, seus olhos se estreitavam a cada nova linha, a cada regra imposta pelo alfa loiro.


Regra nº 1:

O ômega contratado está ciente que em troca do valor recebido pelo contratante, deverá lhe entregar um herdeiro no prazo de um ano, caso contrário o contrato será anulado e o ômega deverá pagar a quantia acordada com juros e correções.


Regra nº 2:

O ômega contratado está ciente que no período em que estiver sob o teto do contratante deverá se submeter a seus desejos, e jamais se recusar a manter relações.


Regra nº 3:

O ômega contratado está ciente que no período em que estiver em vigência este contrato não poderá sair da mansão Uzumaki sem a companhia e autorização do alfa, devendo sempre estar acompanhado do contratante ou de alguém estipulado por este.


Regra nº 4:

O ômega contratado está ciente que de forma alguma pode manter relações amorosas ou sexuais com qualquer outra pessoa, seja ela alfa, beta ou ômega, que não seja o contratante, a quebra desta cláusula pode levar ao fim do contrato e o ômega deverá pagar uma indenização ao alfa, que será estipulada por este, independente do valor.


Regra nº 5:

O ômega contratado está ciente que uma vez tenha gerado o herdeiro e este tenha desmamado, não terá direito algum sobre o filhote e deverá se manter afastado, sem jamais se apresentar ou aproximar a este.


Seus olhos estavam fixos naquelas linhas, suas mãos apertavam com força as folhas, aquelas cláusulas pareciam tão cruéis, especialmente a última, a qual não sabia se poderia cumprir, como se afastar de um filhote o qual carregaria por nove meses dentro de si? O qual sentiria crescer e chutar em seu ventre? Não, não sabia se seria capaz, mas se não aceitasse seu pai não resistiria, era sua única alternativa. Com um profundo suspiro, tomou a caneta que estava sobre a mesa, e sem pensar no que viria futuramente, assinou seu destino e consequentemente o de todos à sua volta.


(...)


Após a assinatura do contrato, Sasuke recebeu o dinheiro prometido, em espécie, e sem espera, correu ao hospital, onde entregou o dinheiro, o médico responsável por seu pai imediatamente iniciou os trâmites para a cirurgia que o alfa necessitava.

Sasuke ao ficar sozinho, tomou um copo de água, buscando se acalmar, suas mãos tremiam, estava muito nervoso, sabia disso, a partir do momento que colocasse o pé à mansão Uzumaki sua vida mudaria completamente. Respirou fundo, levando as mãos ao rosto e o esfregando, aquilo era por seu pai, era o mínimo que o alfa merecia após ter se sacrificado tanto para cuidá-lo, sendo que nem mesmo era seu dever. Sentindo-se mais calmo, se dirigiu ao quarto que tanto conhecia, onde ao abrir a porta, se deparou com o alfa sentado à cama, lendo um livro que ele conhecia bem.


- O Pequeno Príncipe? Lembro que lia para mim quando era criança. – aproximando-se, sentou-se à cadeira ao lado da cama, a mesma cadeira onde havia passado tantas noites em claro, o alfa sorriu.

- "Todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso", fico feliz que se lembre. – o acinzentado mencionou uma das frases daquele livro, que tanto havia lhe ensinado, era sem dúvidas o livro que havia marcado sua infância, havia sido através dele que havia descoberto e se apaixonado pelo mundo da leitura.

- Como me esquecer? Lia para mim quase todas as noites. – o alfa sorriu.

- Sim, você sempre queria este livro, eu tentava ler outros, mas você sempre acabava me fazendo voltar a ele. – um cálido sentimento de nostalgia cobriu a ambos, Kakashi Hatake não era um homem de demonstrar sentimentos, mas sua face fria sempre se quebrava quando de seu filhote se tratava. Ambos não tinham ligação sanguínea, em sua juventude Kakashi havia sido muito apaixonado por Mikoto, a mãe de Sasuke, mas esta havia escolhido Fugaku Uchiha, o pai do ômega, e quando estes faleceram em um terrível acidente e o pequeno filhote ficou sozinho a seus escassos quatro anos, o Hatake foi o único a acolhe-lo, criando-o como seu verdadeiro filho, ambos tinham uma forte ligação, que não dependia de sangue, independente do que corria nas veias de ambos, eram pai e filho e isso nunca mudaria.

- E você sempre fazia minhas vontades. – o ômega sorriu com a terna lembrança de sua infância, poderiam não ter muito financeiramente, mas o amor, afeto e compreensão jamais havia faltado naquele pequeno lar o qual compartilhavam.

- Você sempre soube como ser persuasivo. – ambos riram, sabendo o quanto o pequeno filhote havia feito de gato e sapato ao alfa, ainda pequenino, este jamais havia resistido às bochechas infladas e o cenho adoravelmente franzido, sempre havia acabado fazendo as vontades do ômega.

- Pai... – o mais jovem cortou o agradável silêncio em que se encontravam – eu... consegui o dinheiro... para sua cirurgia. – o alfa se tencionou, sabia o quanto seu menino havia lutado nos últimos meses, sempre acabando frustrado por todas suas tentativas terminarem infrutíferas – Por isso terei que me ausentar por um tempo.

- O que fez, Sasuke? Como conseguiu esse dinheiro? – o menor ficou tenso, a expressão do alfa havia mudado completamente, ele agora estava muito sério, e o moreno sabia que ele estava desconfiado.

- Não precisa se preocupar, eu não fiz nada errado. Só... arrumei um emprego... – mentiu, não gostava de mentir ao alfa, mas sabia que não tinha alternativa, Kakashi jamais o deixaria cumprir sua parte no contrato se soubesse do que ele se tratava, o pequeno Uchiha para o acinzentado era seu bebê, sua pequena joia preciosa – é em tempo integral, por isso terei de me ausentar por um tempo, mas prometo tentar vir lhe ver quando puder.

- Sasuke...

- Não se preocupe, vai dar tudo certo. – o ômega se aproximou da cama, deixando um suave beijo na testa de seu pai – Eu te amo.

- Eu também, filhote. Te amo muito. – ambos se envolveram em um sentimental abraço, que demonstrava todos os sentimentos que carregavam e as expectativas para o futuro, um futuro melhor, mesmo que incerto, ao menos era isso o que pai e filho ansiavam. 

Era Uma Vez: A Bela e a Fera - Adaptação NaruSasuOnde histórias criam vida. Descubra agora