Capítulo 10 - Aproximações

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- "Um ômega que nunca quis ser ômega. Um alfa que nunca acreditou ser alfa. Mas o destino tem caminhos que a própria razão humana desconhece e isso ômega e alfa aprenderam, já que nenhum nunca havia imaginado que fosse ter algo tão contraditório a si, mas que mesmo sem saber, era tudo o que precisavam." – o ômega terminou de ler, um suave suspiro escapando de seus lábios, ao mesmo tempo que um doce sorriso surgia em sua face, Naruto apenas o encarava sem conseguir desviar os olhos, como se o pequeno garoto ao seu lado o houvesse hipnotizado.

- Você parece gostar dessa história. – quebrou o silêncio finalmente, ao perceber o que fazia, desviando os olhos por fim ao se sentir incômodo, seu lobo em seu interior abanava o rabo, como se esperasse algo, Sasuke assentiu.

- Uma história em que um ômega pode ser forte e lutar por si mesmo e pelo seu próprio caminho é difícil de encontrar, a maioria dos livros nos tratam como se fôssemos seres inferiores, de porcelana, que podem se quebrar só de tocar... – o menor franziu as sobrancelhas incomodado – não gosto disso, não somos fracos, também podemos ser capazes de nos cuidar e de trilhar nosso próprio caminho, sem que um alfa tenha que estar vigiando cada passo nosso. – o loiro sorriu de lado.

- Ah, sim? Então por que não se defendeu no bosque? – a expressão do moreno mudou, e fuzilando-o com os olhos o ômega se levantou.

- Por um momento havia me esquecido que falava com um idiota. – o alfa segurou seu braço, antes que se afastasse.

- Espera! Onde vai? – mas o menor se desvencilhou, incomodado.

- Não importa. Pode ficar tranquilo, não vou quebrar o contrato. – e saiu, deixando ao alfa sozinho, este que não soube porquê, mas a menção do contrato havia lhe trazido uma opressão no peito, sabia que não devia se acostumar com a presença daquele ômega, menos ainda com a gentileza deste, ao final, tudo não passava de simples e puros negócios.


(...)


Mas apesar de sua pequena discussão, nos dias que se seguiram o ômega continuou comparecendo ao quarto do alfa, trocando seus curativos e em algumas ocasiões lendo aquele mesmo livro, o único que havia trazido consigo, Naruto podia perceber o como os olhos obsidianas brilhavam a cada linha, o como o pequeno se metia na história e em algumas cenas suspirava, como se fosse um partícipe mais da história, e mesmo não querendo não podia evitar sorrir sem que o outro percebesse, por mais que não quisesse admitir, essa nova face do ômega lhe parecia muito terna.


- Você não cansa desse livro? – o menor deu de ombros.

- Foi o único que trouxe, e não é como se pudesse ir à biblioteca pública, não é? – o loiro não soube porquê, mas se sentiu culpado com aquela resposta, mesmo não deveria estar, era parte do contrato, não era? Ainda assim sentiu que precisava fazer algo, queria recompensar de alguma forma a gentileza do ômega, não gostava de dever favores a ninguém, era apenas isso, não era?


(...)


- O que faz de pé? – foram as palavras que saíram dos lábios finos, assim que ao entrar no quarto do alfa, onde agora estava mais uma vez hospedado, aquela manhã, o encontrou de pé – Deveria estar descansando, seus ferimentos ainda podem se abrir.

- Eu só quero ir à um lugar. – Naruto não soube desde quando permitia que um simples ômega lhe falasse daquela forma, tão desrespeitosa, mesmo assim não o sentia errado, é mais, de alguma forma preferia que ele lhe falasse assim, do que com a voz trêmula de medo, como o era no princípio, a tão só dias atrás.

- Onde? Ao banheiro?

- Não! É... outro lugar. – não soube porquê, mas desviou os olhos constrangido – Só quero ir a um lugar... por favor. – o ultimo surpreendeu a ele mesmo, porque após muitos anos tratando aos demais como se fossem seus criados pessoais, pela primeira vez voltava a pedir por favor, e por algum motivo aquilo lhe agradava, principalmente ao notar a expressão assombrada do pequeno à sua frente.


(...)


- Onde pretende ir afinal? – voltou a perguntar o ômega, este ajudando o maior a se locomover, o braço do alfa em seus ombros, apoiando um pouco do peso em seu pequeno corpo, já que andar ainda era uma tarefa um pouco difícil ao mais velho.

- Você vai ver. – foi a única resposta do loiro. Andaram mais alguns passos até chegar a uma enorme porta branca, com uma maçaneta dourada que até parecia feita do mais puro ouro, tamanho era seu brilho, mesmo naquela sombria mansão – É aqui, feche os olhos. – o ômega franziu as sobrancelhas.

- Por que deveria? – o loiro rodou os olhos.

- Você é sempre assim? Teimoso e desobediente? – o menor cruzou os braços, irritado, e o maior suspirou, cansado – Só faça o que digo... por favor. – a menção daquela pequena palavra, daquele pequeno por favor, o qual Sasuke sabia que era difícil ao alfa pronunciar, o fez obedecer, e fechar os olhos, ouvindo em seguida o como uma porta se abria e o maior o puxava para dentro de um cômodo, o cheiro de poeira logo o fez espirrar, ainda assim não abriu os olhos, não até que o mais velho o indicasse – Tudo bem, pode abrir. – e ele assim o fez, seus olhos tão negros abrindo-se com espanto ao fitar o enorme lugar à sua volta. As paredes e colunas eram todas em branco, com alguns desenhos, imagens e estátuas em dourado, como se fossem feitas de ouro, e no teto haviam belas imagens de anjos, como se retratasse o verdadeiro céu, mas o que mais lhe chamou a atenção e que fez seus olhos brilharem, foram os milhares de livros, tantos que jurava que nem em uma vida seria capaz de ler a todos, por mais que tentasse, e Sasuke podia jurar que poderia passar o resto da vida o tentando.

- I-isso é... incrível.

- Acha mesmo? – o ômega assentiu – Pode ficar com ela se quiser. – percebeu como os olhos obsidianas o encararam pasmos – Claro, enquanto estiver aqui. – se corrigiu rapidamente.

- Por quê? – Naruto deu de ombros.

- Cansei de ouvi-lo lendo sempre a mesma história.


(...)


- Não vamos entrar? – o pequeno alfa perguntou, Shikamaru o havia detido antes que entrassem à biblioteca, de onde as vozes de Naruto e Sasuke provinham.

- Não, eles estão ocupados.

- Com o que? – perguntou curioso, mas o maior não o respondeu quando o puxou, afastando-os de tal lugar – Com o que? – voltou a perguntar, seu rosto adquirindo uma coloração avermelhada quando o outro alfa depositou um dedo em seus lábios.

- Depois eu te explico. Venha, vamos, os deixemos sozinhos. – Kiba só pôde assentir quando uma mão maior segurou a sua, entrelaçando seus dedos e o arrastando para longe da biblioteca, mesmo em seu interior continuava se perguntando o que havia acontecido. 

Era Uma Vez: A Bela e a Fera - Adaptação NaruSasuOnde histórias criam vida. Descubra agora